O julgamento havia sido marcado para o dia 3 de abril, mas foi adiado porque o advogado deixou o plenário minutos após começar a sessão. Audiência deve durar três dias. Pastor Georgeval Alves, sispeito de matar o filho e o enteado no Espírito Santo.
Arquivo/ TV Gazeta
Após 15 dias de adiamento, o júri de Georgeval Alves Gonçalves, acusado de torturar, violentar e matar o enteado Kauã e o filho Joaquim em 2018, deve começar nesta terça-feira (18) na 1ª Vara Criminal de Linhares, Norte do Espírito Santo. No dia 3 de abril, o julgamento foi remarcado porque o advogado de defesa do réu abandonou o plenário minutos após começar a sessão.
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Naquele dia, o advogado de Georgeval, Pedro Ramos, deixou o plenário alegando “ameaças sofridas pela defesa, não somente no âmbito pessoal como no familiar”, e com a intensificação dessas não só no campo virtual nos últimos dias. Segundo a defesa, não haveria segurança suficiente para o acusado e seus advogados caso o julgamento acontecesse em Linhares.
Devido à atitude dos advogados em deixar o plenário, o juiz Tiago Fávaro Camata, da 1ª Vara Criminal de Linhares, entendeu que a posição da defesa de Georgeval foi a de abandono de causa e determinou que o advogado Deo Moraes (que já fez parte da defesa do acusado anteriormente) retornasse para defender o réu pago pelo Estado como advogado dativo.
Porém, Pedro Ramos confirmou ao g1 que não deixou o caso e segue como advogado de defesa de Georgeval.
“Nós nunca abandonamos o caso. Nós abandonamos o plenário.”, disse o advogado.
Kauã e Joaquim: advogado Pedro Ramos (segundo na foto) deixa defesa de Georgeval no início do julgamento.
Carlos Alberto Silva/Rede Gazeta
De acordo com um especialista em Processo Penal ouvido pelo g1, a decisão do juiz em nomear um advogado dativo foi justamente para evitar que um um novo adiamento aconteça.
“O juiz determinou um advogado justamente para que a sociedade entenda que, caso o réu não nomeie um novo advogado, ele vai estar amparado por uma defesa garantida pelo Estado e o júri não vai ser adiado por este motivo”, disse.
Na última sexta-feira (14), o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), confirmou também que o julgamento de Georgeval está mantido para começar nesta terça (18), no Fórum Desembargador Mendes Wanderley, e deve durar três dias.
Sem sinais de psicopatia, diz novo laudo
No dia 12 de abril, a defesa de Georgeval Alves apresentou um novo laudo psiquiátrico elaborado por uma empresa sediada em São Paulo, que aponta que o réu não nenhum tipo de transtorno mental ou psicopatia.
“O laudo, além das demais provas do processo, servirão como ferramentas de trabalho para que a defesa possa, de fato, explicar o ocorrido naquela ocasião.”, disse o advogado Pedro Ramos.
O documento tem 136 páginas e é assinado pisóloga Elise Karam e pelo psiquiatra forense Hewdy Lobo Ribeiro, responsável por análises de outros acusados “famosos”, como a ex-deputada federal Flordelis, condenada por matar o marido; e Adélio Bispo, responsável pela facada que feriu gravemente o ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha em 2018.
Adiamentos
A data do julgamento tinha sido marcada inicialmente para março, mas foi remarcada para abril após um pedido feito em caráter de urgência pelo advogado do acusado.
A decisão para mudar a data do julgamento foi feita pelo juiz da Primeira Vara Criminal de Linhares Tiago Fávaro Camata, que também cancelou a nomeação do advogado Deo Moraes Dias, que estava com o caso desde o dia 4 de novembro. Pedro Ramos assumiu a defesa do réu em fevereiro.
No dia 3 de abril, Ramos justificou que “por ameaças sofridas pela defesa, não somente no âmbito pessoal como no familiar”, e com a intensificação dessas não só no campo virtual nos últimos dias, deixaria o plenário.
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Entenda o caso
Georgeval e Juliana
Reprodução/ TV Gazeta
A data do julgamento tinha sido marcada inicialmente para março, mas foi remarcada para o dia 3 de abril, no Fórum de Linhares, no Norte do Espírito Santo, após um pedido feito em caráter de urgência pelo então advogado do acusado Deo Moraes.
A solicitação da defesa para o adiamento do júri foi motivada por um procedimento cirúrgico no dia 14 de março, um dia após a data anterior do julgamento.
No dia 3 de abril, poucos minutos após começar a sessão, o advogado Pedro Ramos deixou o plenário e afirmou que “por ameaças sofridas pela defesa, não somente no âmbito pessoal como no familiar”, e com a intensificação dessas não só no campo virtual nos últimos dias, deixaria o plenário.
“A advocacia criminal não se faz de joelhos”, declarou.
O advogado estava usando colete balístico no plenário, por recomendação da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES).
Com a decisão, o juiz Tiago Fávaro Camata, da 1ª Vara Criminal de Linhares, entendeu que a posição da defesa de Georgeval foi a de abandono de causa e determinou que o advogado Deo Moraes retorne para defender o réu por meio do estado como advogado dativo.
Além de marcar o Júri Popular para o dia 18 de abril, o juiz também determinou que cada um dos quatro advogados que compõem a defesa do réu paguem multa de 50 salários mínimos, o equivalente ao total de cerca de R$ 260 mil, pelo abandono do júri.
A previsão é de que o julgamento dure três dias.
O caso em julgamento
Irmãos morreram carbonizados em incêndio em Linhares, ES.
Reprodução/ TV Gazeta
O assassinato aconteceu durante a madrugada, na casa onde as crianças moravam com a mãe Juliana Salles, e o pastor Georgeval Alves Gonçalves, pai de Joaquim e padrasto de Kauã, no Centro de Linhares.
Os dois são acusados da morte dos irmãos, sendo que Juliana responde ao processo em liberdade sob acusação de omissão.
No dia do crime, Georgeval estava sozinho com os meninos, pois Juliana havia viajado para um evento religioso em Minas Gerais com o filho bebê do casal.
Os dois eram considerados informalmente como pastores na igreja que atuavam em Linhares.
Entre perícias e depoimentos, a polícia reuniu materialidade para solicitar a prisão do pastor Georgeval, sete dias depois da morte de Kauã e Joaquim.
O caso foi encerado na esfera policial em 23 de maio de 2018 com o indiciamento por duplo homicídio, duplo estupro, fraude processual e tortura.
Nas mãos do Ministério Público, os levantamentos da investigação levaram ao pedido de prisão da mãe das vítimas, Juliana Salles, acusada de duplo homicídio, duplo estupro e fraude processual na forma omissa, pois a investigação apontou que ela sabia que o marido representava risco para os filhos e, mesmo assim, permitiu que ele ficasse com próximo a eles.
Juliana foi presa em 20 de junho, em Minas Gerais, e solta em 7 de novembro do mesmo ano, por meio de um alvará de soltura expedido pela Justiça. Georgeval continua preso no sistema penitenciário do Espírito Santo.
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