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NTU, que reúne empresas de ônibus, diz que medida que reduz preço de ônibus é insuficiente e que seriam necessários R$ 23,3 bilhões para renovar frota

 

Atualmente idade média dos ônibus urbanos é de oito anos, a maior da história; Habitualmente, são cinco anos; Setor reclama de prejuízos de R$ 36,2 bilhões

ADAMO BAZANI

As companhias de ônibus urbanos e metropolitanos de todo o País, reunidas na Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), classificaram como insuficiente o pacote de estímulos à indústria automotiva, anunciado na segunda-feira, 05 de junho de 2023, pelo Governo Federal. A entidade se manifestou por uma nota nesta quarta-feira (07).

A medida disponibiliza R$ 1,5 bilhão às montadoras como créditos tributários para darem descontos ao consumidor na hora da compra de um veículo zero km.

No caso dos ônibus, o valor do desconto é entre R$ 33,6 mil e R$ 99,4 mil por veículo para o frotista que se desfizer para o desmanche de coletivos com 20 anos ou mais.

Do pacote de R$ 1,5 bilhão, R$ 700 milhões são para caminhões, R$ 500 milhões para carros e R$ 300 milhões para ônibus.

Segundo a NTU, a medida vai surtir pouco efeito na frota urbana, já que a maior parte dos sistemas não tem ônibus com idade superior a 20 anos.

Mesmo assim, como uma das consequências da crise agravada pela pandemia de covid-19, que resultou em queda no número de passageiros, a idade média da frota de ônibus urbanos no Brasil cresceu dos habituais cinco anos para oito anos, sendo a maior da história, de acordo com a entidade. A idade máxima tem chegado a 13 anos.

A NTU calcula que para a idade média baixar para os habituais cinco anos seriam necessários R$ 23,3 bilhões. O valor seria para substituir 31,2 mil ônibus.

As empresas de ônibus dizem que a quantidade de passageiros hoje é 17,2% menor que antes da pandemia que causou um prejuízo de R$ 36,2 bilhões para o setor de transporte público por ônibus urbano, entre março de 2020 e fevereiro de 2023, provocando a redução de 90 mil empregos diretos no setor (do início da pandemia até janeiro deste ano) e a interrupção da prestação de serviço por 55 operadoras/consórcios operacionais até maio de 2022. No mesmo período, ainda foram registradas 397 paralisações em 108 sistemas de transportes coletivos no país, segundo a entidade

Veja nota na íntegra:

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) avalia que o programa de incentivos à indústria automobilística, anunciado na segunda-feira (5) pelo Governo Federal, traz um avanço importante ao incluir benefícios fiscais para a renovação da frota de ônibus e é um primeiro passo no sentido da recuperação do setor, mas ainda insuficiente para superar a crise causada pelos impactos da pandemia.

A destinação de R$ 300 milhões para a renovação da frota de ônibus, conforme anunciado, é uma sinalização positiva em relação à redução da idade média da frota nacional, que está envelhecida e apresenta, atualmente, a mais alta média da série histórica medida pela NTU. Mas os critérios adotados pelo programa precisam ser ajustados à realidade do setor: a adoção da idade acima de 20 anos para a troca dos ônibus com desconto não se aplica, na prática, às empresas operadoras brasileiras, cuja frota tem, em média, oito anos, chegando ao máximo de 13 anos em algumas cidades pesquisadas. A NTU estima que, para a redução da média de idade da frota para cinco anos, seria necessário substituir 31,2 mil ônibus em todo o país, a um custo de R$ 23,3 bilhões.

Além do ajuste nos critérios, a NTU alerta que são necessárias também outras políticas específicas e mais apoio por parte do Governo Federal para a efetiva superação da crise estrutural do serviço, intensificada pela pandemia: a covid-19 causou uma perda financeira de R$ 36,2 bilhões para o setor de transporte público por ônibus urbano, entre março de 2020 e fevereiro de 2023; levou à redução de 90 mil empregos diretos no setor (do início da pandemia até janeiro deste ano) e à interrupção da prestação de serviço por 55 operadoras/consórcios operacionais até maio de 2022. No mesmo período, ainda foram registradas 397 paralisações em 108 sistemas de transportes coletivos no país.

Além disso, ainda não houve a plena recuperação do número de passageiros transportados; no mais recente levantamento realizado pela NTU, a média atual da demanda é de 82,8% dos níveis pré-pandemia, o que dificulta a recuperação pelo lado da oferta.

O setor de transporte público por ônibus urbano defende ainda a continuidade das discussões sobre reformas estruturais, no âmbito do Legislativo e do Executivo, relacionadas ao novo marco legal para o transporte público, que incluem um novo modelo de financiamento e custeio do setor, essenciais para a recuperação da demanda e melhoria da qualidade desse serviço, em benefício de toda a sociedade.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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