O juiz responsável pelo caso leu a decisão da Justiça da França nesta segunda (17). Ele listou uma série de negligências das empresas, mas também disse que não era possível provar que elas eram culpadas pelo acidente. Justiça francesa absolve Air France e Airbus pelas 228 mortes no voo Rio-Paris, em 2009
Quase 14 anos depois da tragédia, a Justiça francesa absolveu a companhia Air France e a fabricante de aviões Airbus pelo desastre do voo 447.
A audiência terminou com choro e indignação dos parentes das vítimas. Danièlle Lamy é a presidente da associação e disse que todos estavam esperando por um julgamento imparcial, e que ficaram enojados porque isso não aconteceu.
Ophelie Toulliou afirmou que não confia mais na Justiça da França. Dois sobrinhos de Claire Durousseau também estavam no avião. Ela disse que foi como se eles tivessem morrido pela segunda vez.
A Airbus, fabricante do avião A330, e a companhia aérea Air France foram julgadas em Paris pela acusação de homicídio culposo – quando não há intenção de matar. A tragédia matou 228 pessoas.
O julgamento foi realizado no fim de 2022. Nesta segunda-feira (17), o juiz responsável pelo caso leu a decisão da Justiça francesa. Ele listou uma série de negligências das duas empresas, mas disse, também, que não era possível provar que elas eram culpadas pelo acidente. Com isso, Airbus e Air France foram absolvidas.
O voo Air France 447 saiu do aeroporto do Galeão com destino a Paris no dia 31 de maio de 2009
Jornal Nacional/ Reprodução
O voo Air France 447 saiu do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com destino a Paris às 19h29 do dia 31 de maio de 2009. Três horas e 45 minutos depois, caiu no Oceano Atlântico, perto do arquipélago de Fernando de Noronha.
Os primeiros destroços foram encontrados dois dias depois do acidente. As caixas-pretas só foram localizadas depois de dois anos. Elas estavam a quase 4 mil metros de profundidade no oceano, e guardavam as explicações sobre a queda.
O voo 447 tinha três pilotos: Marc Dubois, o comandante; David Robert, primeiro oficial; e Pierre Bonin, também primeiro oficial. Perto da Linha do Equador, na chamada zona de convergência intertropical, o avião encontrou uma tempestade. O comandante, Marc Dubois, estava dormindo neste momento. Era Bonin, o mais novo e menos experiente, que pilotava o avião.
Na tempestade, os tubos de pitot, sensores de velocidade que ficam do lado de fora da aeronave, congelaram e deixaram de enviar informações para a cabine. Com isso, o piloto automático parou de funcionar – o que é normal quando as indicações de velocidade não são confiáveis. O comando do voo ficou com Pierre Bonin. Achando que o avião estava caindo, Bonin empinou o avião para ganhar altitude. Por causa do ar-rarefeito e do ângulo do avião, o A330 entrou em “stol”, que é quando não há sustentação.
Na tempestade, os tubos de pitot congelaram e deixaram de enviar informações para a cabine
Jornal Nacional/ Reprodução
Com a falta de informações confiáveis, e sem saberem o que estava acontecendo, os pilotos não conseguiram retomar o controle. Durante 4 minutos e 23 segundos, o avião caiu com o nariz apontado para cima até se chocar com o mar.
As famílias das vítimas pediam que as duas empresas fossem culpadas criminalmente. A Airbus por não ter trocado os tubos de pitot, que já tinham apresentado problema parecido em outros voos, e a Air France por não ter treinado os pilotos para aquele tipo de situação. Mas a sentença desta segunda (17) afirmou que se erros foram cometidos, não foi possível confirmar uma ligação entre eles e o acidente.
Alain Jakubowicz, um dos advogados dos parentes das vítimas, disse que a Justiça francesa considerou as empresas responsáveis, mas inocentes – enquanto todos aguardavam a palavra culpadas.
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As famílias receberam indenizações alguns anos depois do acidente. Cinquenta e oito mortos eram brasileiros.
“Essa foi uma decisão que nós consideramos, todos os familiares, um escárnio. Nós teríamos, sim, um alento de termos uma vitória moral, de sabermos que os responsáveis por uma coisa tão trágica, tão inédita que aconteceu, fosse de fato a justiça dos homens”, lamenta Maarten van Sluys, irmão de uma vítima da tragédia.
A Adriana estava no voo e era irmã do Maarten.
“Uma pessoa adorável e deixou uma saudade imensa nas pessoas que a conheceram”, diz Maarten .
Depois da tragédia, novas medidas de segurança foram implementadas na aviação comercial do mundo todo. A queda do Air France 447 foi maior acidente da história da aviação francesa.
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