Flávio Bonazza é suspeito de receber, mensalmente, propinas de R$ 60 mil da Fetranspor. Por unanimidade, 18 procuradores decidiram que ele pode responder ação e assim suspender benefícios obtidos durante a carreira. Promotor Flávio Bonazza
Reprodução/GloboNews
O Órgão Especial do Ministério Público do Rio de Janeiro decidiu, por unanimidade, nesta tarde de segunda-feira (17), a autorizar o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, a abrir processo para cassar a aposentadoria do promotor Flávio Bonazza.
Bonazza é suspeito de receber, entre junho de 2014 e março de 2016, propinas mensais, da ordem de R$ 60 mil, na sede da Viação Redentor, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. De acordo com as investigações essa prática teria ocorrido por, pelo menos, 22 vezes. A propina seria para evitar investigações contra empresas de ônibus.
Flávio Bonazza chegou a ser preso pela Polícia Federal, em fevereiro de 2020, por, segundo o MP, receber propina para beneficiar as empresas de ônibus, num esquema chamado de “caixinha da Fetranspor”. Logo depois, o então, promotor passou a ser investigado pelo Ministério Público estadual. Então, após ser libertado, Bonazza decidiu pedir a aposentadoria do cargo.
Ele nega as acusações. À Corregedoria do MP, seus advogados argumentaram “não existir prova da prática de infração penal incompatível com o exercício do cargo e de improbidade administrativa, ressaltando a inexistência de sentença condenatória transitada em julgado”.
O processo seguiu e nesta segunda, os18 procuradores presentes no Órgão Especial do MP analisaram o caso e decidiram autorizar a abertura de processo por unanimidade. A relatora do caso, Maria Cristina Tellechea, decana do órgão, defendeu a abertura do processo que “correrá” no Judiciário, já que Bonazza é aposentado.
O voto da procuradora durou pouco mais de 1h20 e foi seguido pelos outros procuradores do órgão presentes na sessão.
De acordo com as investigações, Bonazza ainda teria obtido um reajuste no valor da propina passando a receber R$ 65 mil das empresas de ônibus enquanto era titular da 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital.
Em depoimentos, no processo, Flávio Bonazza ia constantemente à garagem da Viação Redentor, com mochila, e procurava dirigentes da empresa.
Segundo as investigações, o promotor aposentado praticou crimes de corrupção passiva e organização criminosa.
Com a decisão desta segunda, agora o procurador-geral Luciano Mattos analisará os mais de 20 volumes do processo e decidirá quando abrirá a ação contra Flávio Bonazza.
Órgão Especial do MPRJ autoriza procurador-geral a abrir processo para cassar aposentadoria de promotor
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