À Polícia Federal (PF), José Roberto Bueno Junior alegou que os itens ficaram em cofre no ministério porque pasta “tratava de assuntos mais relevantes”. Entrega das joias não era prioridade, diz ex-chefe de gabinete em depoimento à PF
Em depoimento à Polícia Federal (PF), José Roberto Bueno Junior, ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia, afirmou que os presentes recebidos da Arábia Saudita por comitiva de Bento Albuquerque só foram entregues ao Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República (GADH) no final de 2022 porque a destinação dos itens não era “tema relevante” para a pasta. Relembre o caso das joias abaixo.
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Segundo Bueno, os itens que foram trazidos por Albuquerque e por seu então assessor, Marcos Soeiro, eram parte de um presente que incluía o pacote que foi retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. Por este motivo, de acordo com ele, os itens ficaram em cofre no ministério, aguardando a liberação do pacote apreendido para que os três conjuntos fossem entregues juntos ao GADH.
Joias dadas de presente por autoridades sauditas a comitiva brasileira e que ficaram com Bolsonaro
Arquivo pessoal
De acordo com o ex-chefe de gabinete, o ministério “tratava de assuntos mais relevantes” e que, por isso, “a entrega das joias foi sendo deixada para outra oportunidade”. As joias foram encaminhadas ao GADH em novembro de 2022 – um ano depois do recebimento do presente –, segundo Bueno, porque o governo se aproximava do fim e não seria possível entregar os três pacotes em conjunto, como planejado.
Questionado se o destino previsto para as joias era o acervo público ou privado da Presidência, Bueno disse que “não era da competência do Ministério de Minas e Energia deliberar sobre tal questão”.
Bueno afirmou ainda que o ex-ministro Albuquerque enviou ofício para o governo saudita, em novembro de 2021, informando que as joias seriam incorporadas ao patrimônio público – mesmo com os itens ainda guardados em cofre no ministério – para “prestar uma satisfação” à Arábia Saudita sobre o destino dos presentes.
Apesar da declaração de Bueno tentando minimizar a discussão sobre as joias, Bolsonaro disse em seu depoimento que tentou evitar um “vexame diplomático” e por isso que servidores ligados a ele tentaram liberar das joias da Receita.
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Joias milionárias
O governo Jair Bolsonaro tentou trazer ao Brasil em 2021, de forma irregular, joias avaliadas em R$ 16,5 milhões. Uma comitiva do Ministério de Minas e Energia, chefiada por Bento Albuquerque, trouxe ilegalmente ao país dois pacotes de joias, após uma viagem para o Oriente Médio. O caso foi revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e confirmado pela TV Globo.
O grupo desembarcou no Aeroporto de Guarulhos (SP), e as joias foram encontradas na mochila de Marcos André dos Santos Soeiro, então assessor do ex-ministro. Os itens foram apreendidos e até o momento estão em posse da Receita Federal.
Além desse pacote, Bolsonaro recebeu outros dois com joias presenteadas pelo governo saudita. O primeiro foi recebido pela comitiva do ex-presidente em uma viagem ao Catar e à Arábia Saudita em outubro de 2019. O segundo, pela mesma comitiva de Bento Albuquerque em 2021.
Os dois pacotes não tiveram a entrada no país barrada pela Receita Federal e foram armazenados como itens do acervo pessoal de Bolsonaro, em vez de integrar o acervo da União. Após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), os pacotes foram entregues pela defesa de Bolsonaro à Caixa Econômica Federal.
Em depoimento, ex-chefe de gabinete de Bento Albuquerque diz que destino de joias dadas por saudita não era ‘tema relevante’ no ministério
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