• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

Mulher suspeita de envenenar bolo pesquisou na internet ‘veneno para coração’ e ‘veneno para humanos’ na casa da sogra, diz polícia


Relatório preliminar da extração de dados dos celulares apreendidos apontou ainda buscas feitas na internet por termos como “arsênio veneno”. Informações constam em documento de representação da Polícia Civil pela prisão temporária de Deise Moura dos Anjos. IGP detalha análises que identificaram arsênio no bolo
A mulher suspeita de envenenar o bolo que causou a morte de três pessoas da mesma família em Torres, no Litoral Norte do RS, pesquisou na internet os termos “veneno para coração” e “veneno para humanos” na casa da sogra, segundo a Polícia Civil. Zeli dos Anjos preparou o alimento e está hospitalizada.
Deise Moura dos Anjos está presa temporariamente, e é investigada por suspeita de triplo homicídio e de três tentativas de homicídio. A fonte da contaminação por arsênio foi a farinha usada para fazer o bolo consumido pelas vítimas, conforme as autoridades. (Entenda abaixo)
📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp
O relatório preliminar da extração de dados dos celulares apreendidos, ao qual o g1 teve acesso, apontou ainda buscas feitas na internet por termos como “arsênio veneno”, “arsênico veneno” e “veneno que mata humano”. As informações constam da representação da Polícia Civil pela prisão temporária da suspeita.
“Ora, há fundadas razões, de acordo com as provas coletadas, que Deise foi na residência de Zeli e possivelmente envenenou algum ingrediente que seria utilizado pela Zeli”, diz trecho do documento.
O local em que as pesquisas foram feitas é o mesmo onde o bolo foi preparado por Zeli dias depois, em 23 de dezembro de 2024, para a confraternização de fim de ano. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) apreendeu a maior parte dos alimentos e enviou os produtos para análise.
“Os dois mandados foram em Nova Santa Rita, na casa da nora e do filho, e na casa da Zeli, em Arroio do Sal. Ao mesmo tempo, a família nos franqueou a entrada tanto na casa da Zeli, em Canoas, no bairro Matias Velho, e em Torres, onde ocorreu a confraternização”, explica a perita criminal Clarissa Cassini Betton.
Deise nega qualquer responsabilidade sobre as mortes. Em nota, a defesa alegou que as prisões temporárias “possuem caráter investigativo” e que “ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso”.
Casa de Zeli, em Arroio do Sa, onde suspeita teria feito pesquisas sobre veneno
Reprodução/ RBS TV
➡️ Qual é a origem da contaminação?
O Instituto Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul detalhou o processo das análises que detectaram a presença de arsênio na farinha do bolo que causou as mortes das três mulheres.
Ao longo de uma semana, 89 amostras foram analisadas, e em apenas uma, a da farinha, foi encontrado arsênio. O composto estava em uma concentração 2.700 vezes maior que a encontrada no bolo.
Para encontrar a origem da contaminação, foi utilizado um equipamento de fluorescência de raio-X. O material tem uma série de bancos de dados para a identificação de metais usados, principalmente no solo, mas também em ligas metálicas como joias.
Ao fazer o escaneamento das amostras, o equipamento mostrou uma lista de concentração de quais metais poderiam estar presentes nessas análises. Segundo Lara Regina Soccol Gris, chefe da Divisão de Química Forense do IGP, o arsênio encontrado foi o material mais presente na farinha.
“Nós testamos o próprio bolo com esse equipamento. Já acusou muito positivo, digamos assim, pro bolo. E para farinha, então, foi uma concentração muito superior”, explica.
Amostras coletas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP)
Reprodução/ RBS TV
O IGP também analisou o material coletado nas três pessoas que morreram. Maida e Neusa, irmãs de Zeli, e Tatiana, sobrinha da idosa. Os exames mostraram uma alta concentração de arsênio no estômago, no sangue e na urina das vítimas.
“Encontramos, inclusive, resíduos de passas de frutas cristalizadas, indicando que era dali mesmo. Esse material foi encaminhado para o laboratório parceiro que fez a análise”, esclarece a perita criminal Viviane Fassina.
No estômago de Tatiana, a perícia identificou a concentração de 384 mil microgramas de arsênio por litro, sendo assim a maior de todas. Isso significa que a concentração estava 11 mil vezes acima do que poderia ser considerado uma contaminação acidental.
Marguet Mittmann diretora do IGP, afirma que o órgão tem provas robustas e inquestionáveis de que as vítimas morreram por envenenamento por arsênio.
“É inquestionável que o arsênio estava no bolo e é inquestionável que a fonte na receita do bolo é a farinha”.
Foto mostra suspeita sorrindo ao lado de sogra e bolo igual ao envenenado em 2021
Vítimas do caso do bolo em Torres
Reprodução/RBS TV
Os envenenados
As três pessoas que morreram após consumir o bolo são: as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, e a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos.
Entenda quem é quem no caso do bolo em Torres
De acordo com o último boletim médico, a mulher que preparou o bolo, Zeli dos Anjos está hospitalizada em estado estável. Nesta segunda-feira (6), ela deixou a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A criança de 10 anos que também comeu o bolo recebeu alta do hospital na sexta-feira.
Gosto estranho
As pessoas que consumiram o bolo notaram um gosto estranho ao ingerir o doce, segundo o delegado. O alimento, com sabor apimentado e desagradável, foi percebido logo nos primeiros pedaços. Zeli chegou a interromper o consumo ao perceber as reclamações.
“Tão logo o menino de 10 anos comeu e também reclamou do sabor, ela meio que colocou a mão assim em cima do bolo, [e falou] ‘e agora ninguém mais come’. E as pessoas começaram a passar mal naquele momento”, diz o delegado.
O marido de Neuza, que não consumiu o bolo, não apresentou sintomas. E o marido de Maida comeu o bolo, foi hospitalizado, mas já teve alta. Os nomes deles não foram oficialmente divulgados.
Sintomas após ingestão de arsênio aparecem em até 30 minutos
Relembre o caso
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não teria comido o bolo. Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada.
Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, Zeli foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. A maior concentração do veneno foi encontrada no sangue dela. A fonte da contaminação por arsênio foi a farinha usada para fazer o alimento consumido pelas vítimas, conforme o IGP.
Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada “choque pós-intoxicação alimentar”.
Nota da defesa da suspeita
O escritório Cassyus Pontes Advocacia representa a defesa de Deise Moura dos Anjos no inquérito em andamento sobre o fato do Bolo, na Comarca de Torres, tendo sido decretada no domingo a prisão temporária da investigada.
Todavia, até o momento, mesmo com o pedido da Defesa deferido pelo judiciário, ainda não houve o acesso ao inquérito judicial.
A família, desde o início, colabora da investigação, inclusive o com depoimento de Deise em delegacia, anterior ao decreto prisional.
Cumpre salientar, que as prisões temporárias possuem caráter investigativo, de coleta de provas, logo ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso, os quais não foram definidos ou esclarecidos no inquérito.
VÍDEOS: Tudo sobre o RS
Adicionar aos favoritos o Link permanente.