A morte de uma criança de 1 ano e 7 meses em Caucaia, no Ceará, está sendo investigada, após ela ser possivelmente infectada pela rara ameba Naegleria fowleri, popularmente conhecida como ameba “comedora de cérebro”. A infecção, conhecida como meningoencefalite amebiana primária, é extremamente letal e pode representar o primeiro caso confirmado no Brasil, caso seja validade.
Os primeiros sintomas surgiram de 2024. A criança apresentou dor de garganta, febre alta, vômitos persistentes e sinais neurológicos graves, como convulsões e rigidez na nuca. Apesar das tentativas de tratamento, o diagnóstico da infecção foi realizado apenas após o falecimento. Análises no reservatório de água da casa da vítima confirmaram a presença da ameba “comedora de cérebro”.
Segundo Antonio Silva Lima Neto, secretário executivo de Vigilância em Sesa (Saúde da Secretaria da Saúde do Ceará), a doença é frequentemente confundida com meningite, devido à similaridade dos sintomas.
“A contaminação ocorre apenas pelas narinas, o que torna essa condição extremamente rara. No Brasil, não temos casos confirmados oficialmente, o que também dificulta a suspeita em diagnósticos”, afirmou Lima Neto em entrevista à Rádio FM Verdinha.
O que é a ameba ‘comedora de cérebro’, que causou morte de criança?
A Naegleria fowleri é um protozoário encontrado em águas quentes e paradas, como lagos, piscinas não tratadas e reservatórios sem manutenção. Sensível à cloração, ela é pouco comum, mas pode infectar pessoas saudáveis, especialmente crianças e jovens.
A parasitologista Ticiana Mont Alverne explica que a doença apresenta uma taxa de letalidade alarmante, chegando a 97%. “A evolução é muito rápida, com óbitos geralmente ocorrendo entre sete e 14 dias após a infecção”, destacou ao Diário do Nordeste.
Ações de prevenção da ameba ‘comedora de cérebro’
Após a confirmação da presença da ameba na água da residência da criança, a Sesa e a Prefeitura de Caucaia adotaram medidas emergenciais para evitar novos casos. Entre as ações estão:
- Melhoria no sistema de abastecimento de água: foram realizadas adequações na cloração e filtragem da água fornecida à população;
- Distribuição de hipoclorito de sódio: a comunidade recebeu o produto para auxiliar na desinfecção da água utilizada no dia a dia;
- Campanhas educativas: a Secretaria Municipal de Saúde orientou os moradores sobre os cuidados necessários para evitar o contato com águas potencialmente contaminadas, como higienizar caixas d’água regularmente e evitar locais com água parada e sem tratamento adequado.
Testes adicionais em outros pontos de abastecimento, incluindo lagos e o açude responsável pela região, não identificaram a presença da ameba.
Especialistas reforçam que a melhor forma de prevenir infecções por essa ameba é evitar o contato com águas paradas ou mal tratadas, principalmente em regiões com temperaturas elevadas. Medidas simples, como a manutenção de caixas d’água e o uso correto de cloro, são fundamentais para impedir a proliferação do protozoário.