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Força ancestral: Djuena Tikuna, referência em música indígena no Brasil, faz espetáculo em Belém


Djuena Tikuna se apresenta ao lado da artista paraense Aila, numa conexão entre as Amazônias do Pará e Amazonas. Espetáculo de imagem e som será neste sábado, 2, no Festival Amazônia Mapping. Djuena Tikuna (foto), cantora indígena amazonense
Diego Jatanã
Um espetáculo inédito reúne Pará e Amazonas em um palco a céu aberto no centro histórico de Belém neste sábado (2). Djuena Tikuna, uma das maiores referências em música indígena no Brasil, e Aila, cantora e compositora destaque na arte contemporânea da Amazônia em busca de dar protagonismo às vozes do Norte do Brasil, se encontram em um show de música e imagem no Festival Amazônia Mapping. A programação começa a partir de 19h, na frente do Museu do Estado do Pará, na Cidade Velha, com entrada franca.
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Pioneira, a cantora indígena do Amazonas é a primeira jornalista indígena formada no estado. Djuena Tikuna também foi a primeira indígena a realizar um espetáculo musical no Teatro Amazonas, em Manaus, nos 121 anos de existência do local, onde lançou o álbum Tchautchiüãne. Tendo a arte como ferramenta de resistência dos povos originários, Tikuna realizou também a primeira Mostra de Música Indígena – WIYAE do seu estado.
Aíla e Djuena Tikuna apresentam espetáculo com com artes visuais criadas por Roberta Carvalho
Divulgação
Todas as suas composições são cantadas no idioma Tikuna, nome da sua língua materna e, também de seu povo, que habita o Alto Rio Solimões, na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia.Na apresentação inédita em Belém, Aíla canta em português uma composição traduzida de Djuena: “A nossa aldeia é o mundo, somos todos da mesma aldeia”. Um poema que convoca a uma percepção de mundo mais generosa, fraterna e em conexão com o meio ambiente. Os visuais do espetáculo são de Roberta Carvalho, artista paraense de renome internacional.
‘Nossa aldeia é o mundo: Aila e Djuena Tikuna encontro Pará-Amazonas no palco do Amazônia
“Cantar com a Djuena é sempre uma emoção sem tamanho, ela do Amazonas, eu do Pará, a gente carrega conexões que só quem é da região Norte entende. Além de ser uma enorme artista, ela faz um show inteiro cantado na língua Tikuna, a origem dela, e isso sempre me emociona muito. Tive o prazer de cantar com ela no Maranhão recentemente, em um teatro emblemático, e cantei uma música dela traduzida para o português, foi um momento bem especial, a gente canta sobre uma aldeia que é o mundo, afinal, como Djuena sempre diz, somos todos da mesma aldeia. Isso é forte… norteia e conduz muita coisa”, declara Aila.
Em entrevista exclusiva ao g1, Djuena Tikuna falou sobre a arte como instrumento de luta em defesa da Amazônia e seus povos, e sobre a importância da conexão entre os Estados do Norte do Brasil. Confira:
1) O Amazônia Mapping busca conectar a potência das Amazônias, esse território colossal e ancestral. Comenta sobre a importância desses territórios estarem conectados pela arte, pela cultura, e fortalecendo essa perspectiva amazônica como identidade e como postura política.
A Amazônia é morada de resistências. Somos tantos povos que dialogam e se conectam através da arte para manter viva a nossa essência. Juntos nós somos a floresta que pulsa viva, multicolorida, plural e infinita.
Vivemos o nosso universo particular, com a nossa identidade, nosso sotaque, nossos gostos, nosso jeito de ser. E isso muito nos orgulha, nos identifica e nos coloca na mesma fileira dessa revolução cotidiana que é fazer arte nesse país. O nortista é antes de tudo a mais pura e bela resistência!
2) Como artista indígena, a cultura e a arte são ferramentas importantes de luta dos povos originários?
Para nós, povos indígenas, a cultura é a nossa vida. Enxergamos o mundo com os olhos da cultura. A luta pelo território, por educação e saúde diferenciada é uma luta pela cultura. Mesmo que ela possa ir se adaptando a novos contextos, a nossa cultura é o que nos fortalece.
A nossa cultura sobrevive há mais de 500 anos. Nossos filhos são criados na cultura do maraca, fazendo cantoria para celebrar as conquistas e se fortalecer! Enquanto artista indígena eu faço do meu canto a minha forma de lutar. E continuarei cantando para mostrar para os que viram depois de mim que a nossa cultura sobrevive.
3) Como será sua participação do Festival?
Estou muito feliz e emocionada com a minha participação no Festival Amazônia Mapping. É um festival incrível que mostra a potência de artistas amazônidas. Vamos fazer um ritual de celebração e resistência ao lado de pessoas especiais. Trouxe para Belém, capital amazônica do mundo, uma turma muito encantada que tem me acompanhado nos palcos do Maranhão, onde estou morando hoje.
Vamos ligar essas Amazônias que vivem em nós! Também vamos dividir o palco com as minhas manas Aíla e Roberta Carvalho e juntas vamos reflorestar os corações pois a nossa aldeia é o mundo e somos todas da mesma aldeia.
Festival promove espetáculos inéditos com artistas da música e artistas visuais
Divulgação
Imagem e som
Em uma proposta única na região, o line-up do Amazônia Mapping promove espetáculos de música e imagem. A programação traz pela primeira vez ao Pará o Ciclope Studio, projeto de artes visuais da Bolívia; as experimentações imagéticas e sonoras de Luiza Lian, em apresentação do melhor show de 2023, premiado nacionalmente; o feat entre Tambores do Pacoval e Mestra Bigica, conectando o carimbó do Soure e Marapanim, com projeções das obras de Ronaldo Guedes, ceramista central do Marajó; o encontro entre a artista e ativista indígena Djuena Tikuna e Aíla, cantora e compositora de Belém, com visuais criados por Roberta Carvalho, em uma conexão Amazonas-Pará.
O Amazônia Mapping tem patrocínio master do Instituto Cultural Vale via Lei de Incentivo à Cultura, apoio do Museu do Estado do Pará, Sistema Integrado de Museus, Secretaria de Cultura do Pará, Fundação Cultural de Belém e Prefeitura de Belém. Idealização e produção da 11:11 ARTE, com realização do Ministério da Cultura e do Governo Federal.
Serviço:
Festival Amazônia Mapping 2024 ocupa o Museu do Estado do Pará, na Cidade Velha, em Belém, dias 1 e 2 de novembro, a partir de 19h. A entrada é franca.
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