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“Que o que ele fez com minha filha não fique assim”, diz mãe de mulher de ex-vice-prefeito encontrada morta no ES; marido está foragido


Vanuza Spala de Almeida foi encontrada morta em Ibitirama, no Caparaó capixaba. Celio Martins Morales, esposo da vítima e ex-vice-prefeito da cidade é o principal suspeito e teve a prisão decretada pela Justiça. Vanuza Spala de Almeida, de 41 anos, foi encontrada morta com um tiro no peito no banheiro da casa onde morava em Ibitirama, ES
Reprodução/TV Gazeta
A aposentada Nilda Spala Barrada de Almeida, de 71 anos, falou pela primeira vez neste sábado (15) sobre a perda da filha, a caixa de restaurante Vanuza Spala de Almeida, de 41 anos, encontrada morta com um tiro no peito na madrugada do último domingo (9) em Ibitirama, no Caparaó capixaba. O caso é investigado como feminicídio e o principal suspeito do crime, Celio Martins Morales, de 59 anos, marido da vítima e ex-vice-prefeito da cidade teve a prisão decretada pela Justiça do estado, mas seguia foragido até a manhã deste sábado.
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Em entrevista ao g1, Nilda contou que apesar as atitudes do genro, nunca imaginou que ele pudesse tirar a vida de sua filha.
“Às vezes queria falar com ela e ele ficava vigiando, mas nunca imaginava isso, que ele poderia tirar a vida dela. Ele fazia a cabeça dela pra não vir embora, mas não achava que ele era agressivo a esse ponto. Quero justiça, quero ele preso. Que o que ele fez com minha filha não fique assim”, disse a mãe de Vanuza.
Antes de morar com o marido, Vanuza morava com os pais.
A mãe disse que desde que a filha e o genro começaram a morar juntos, ela e o marido, o ex-servidor público, Ilson Gomes de Almeida, de 75 anos, ajudavam e apoiavam o casal no que podiam.
Nilda disse que desde a morte de Vanuza, ela e o marido, estão vivendo em meio ao sofrimento e a saudade da filha mais velha.
Vanuza Spala de Almeida foi encontrada morta com um tiro no peito no banheiro da casa onde morava em Ibitirama, ES.
Arquivo pessoal
“Ela era uma menina muito boa, alegre. Nossa vida agora é chorar a noite inteira e o dia todo. Tem sido muito difícil. A cachorrinha dela tá sofrendo aqui. Ele [o marido e pai de vanuza] chora muito. Estamos tomando calmante depois de tudo que aconteceu”, disse a mãe de Vanuza.
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Sonho de ser mãe
Vanuza Spala de Almeida, de 41 anos e o marido e ex-vice-prefeito de Ibitirama, Celio Martins Morales, de 56 anos.
Reprodução/TV Gazeta
Vanuza era considerada pela família uma pessoa carinhosa, sempre próxima e seu maior sonho era de ser mãe. Em entrevista ao g1, a irmã de Vanuza, a dona de casa Vanessa Spala de Almeida, de 39 anos, falou sobre a perda de sua única irmã e as atitudes do cunhado.
Vanessa contou que ela e a irmã nasceram com pouco mais de um ano de diferença e foram criadas em Guaçuí, no Sul do estado. Segundo a irmã, Vanuza morava com os pais, se mudou para Ibitirama e reduziu o contato com a família quando foi morar com Célio, após conhecê-lo pela internet.
“Conheceu ele pela rede social há dois anos e logo foi morar com ele. Ele ficava muito atrás dela insistindo até que ela foi pra Ibitirama. É a terra dele, não tinha ninguém da nossa família lá”, contou Vanessa.
Vanessa também disse que Vanuza era muito carinhosa com o sobrinho de oito anos e sempre sonhou em ser mãe, mas o marido não compactuava do mesmo desejo.
“Desde nova ela sonhava em ser mãe. Estava fazendo tratamento, mas ele falou que não queria ter filhos com ela e que os únicos filhos que ele gostava e ia gostar pra toda vida são os filhos com a ex. Ela sofria com isso. O único sonho que ela tinha era de ser mãe”, contou a irmã de Vanuza.
A irmã também contou que Vanuza não concluiu os estudos e trabalhava como caixa no restaurante de uma irmã do marido e também o auxiliava nas transações de compra e venda de veículos.
Tentativas de separação
Vanuza Spala de Almeida foi encontrada morta com um tiro no peito no banheiro da casa onde morava em Ibitirama, ES.
Reprodução/TV Gazeta
Segundo a irmã, Vanuza tentou se separar algumas vezes de Célio.
“Ela tentou várias vezes vir embora, ele vinha e buscava ela. Ligava pra cá chorando e gritando que não estava aguentando mais. Já ligou pro meu pai e pediu pra mandar o caminhão-baú. Meu pai corria e ela falava que não precisava mais. Contaram que quando ela queria vir embora, ele a arrastava e a levava pra dentro de casa”, contou a irmã.
Vanessa disse que a família suspeitava que Vanuza era agredida, mas ela nunca contou nada e nem chamou a polícia para o marido.
“Ela não falava nada, mas a gente suspeitava porque ela chegava com umas manchas meio roxas. Chegava aqui e não falava nada, e ele sempre olhando pra ela”, contou a dona de casa.
Em entrevista à TV Gazeta nesta terça-feira (11), Vanessa disse que a irmã também era amedrontada com uma arma pelo cunhado.
“Ficava sempre com arma em cima da mesa pra poder amedrontar ela. Ela limpava a casa com aquela arma no meio da mesa pra ela ter medo. Nunca contava nada. Nunca entrei na casa dela. Quero que ele passe o resto da vida na cadeira. Quero ver ele pagar. Quero justiça”, disse Vanessa.
Para a dona de casa não resta dúvida de que o cunhado matou a irmã. Celio Martins Morales, de 59 anos, teve a prisão decretada pela Justiça.
“Ele brigava muito com ela. Tenho certeza. Ela nunca mexeu com arma, nunca convivemos no meio de arma. Tem várias pessoas falando mal dele. Ninguém nunca chegou perto de mim falando bem dele. Falaram com meu pai: ‘não deixa sua filha com ele'”, disse Vanessa.
Com a partida da única irmã, Vanessa agora tem se dividido entre a casa dos pais e a sua.
Investigação
Antes da decisão da Justiça, Celio Martins compareceu à delegacia acompanhado de um advogado, na segunda-feira (10), mas se reservou ao direito de ficar em silêncio e acabou liberado porque não havia mandado em aberto contra ele e estava fora do período de flagrante delito, de acordo com a Polícia Civil.
Tiago Dorneles, delegado responsável pelo caso e que solicitou a prisão do suspeito, disse que chamou atenção da polícia o fato de o suspeito ter fugido após o crime.
“Ele acionou o Samu e empreendeu fuga. Se apresentou na segunda buscando sair do estado flagrancial. Não disse anda. Alegou nervosismo e, desde então, não mais compareceu”, disse o delegado.
Celio teria dito que Vanusa atentou contra a própria vida, porém, de acordo com o delegado, a lesão provocada pelo tiro chamou a atenção da polícia e indicava sinais de homicídio e não suicídio.
“[A lesão] não é compatível com um tiro à curta distância. O tiro à curta distância deixa uma zona de queimadura pela própria arma de fogo e isso não foi encontrado no orifício de entrada e isso leva a suspeita de que o tiro não foi causado pelo suicídio e sim a uma distância maior sendo compatível com homicídio”, contou o delegado.
Segundo o delegado, o crime de homicídio qualificado por feminicídio é considerado hediondo e prevê pena de 12 a 30 anos de reclusão com regime inicialmente fechado.
O g1 tentou contato com o ex-vice-prefeito, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
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