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Conheça a bióloga juiz-forana que está na linha de frente pela preservação de botos na Amazônia


Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, os botos da Bacia Amazônica, como o cor-de-rosa e o tucuxi, estão diminuindo pela metade a cada 10 anos. Projetos de proteção, como o de Mariana Paschoalini Frias, buscam mudar este cenário. Mariana Paschoalini Frias
Arquivo Pessoal
Apaixonada pela Amazônia, a bióloga Mariana Paschoalini Frias atua em um projeto de proteção aos botos-cor-de-rosa. A pesquisadora de Juiz de Fora está na linha de frente para resolver o conflito entre os animais e as comunidades pesqueiras da Bacia Amazônica, criando soluções tecnológicas para a preservação deles.
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A paixão pelos botos surgiu na infância, quando Mariana gravava todos os episódios do Globo Repórter em fitas de vídeo cassete para ter a coleção sobre a Amazônia.
“Me encanta conhecer e descobrir coisas novas todos os dias sobre os botos. Fico maravilhada em ver como eles são representantes de uma biodiversidade gigantesca. Como sentinelas dos rios, eles mostram a saúde dos ecossistemas e a necessidade de intervenção para proteção de todo o ambiente em que habitam.”
Quando ela entrou na faculdade, em 2007, já sabia que queria trabalhar com os cetáceos, em especial os botos amazônicos. A profissional pesquisou sobre esses animais durante a formação na Faculdade da Uniacademia e depois no mestrado e doutorado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Em 2010, a pesquisadora conseguiu um estágio no Instituto Mamirauá, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Criada em 1999, a organização desenvolve atividades por meio de programas de pesquisa, manejo de recursos naturais e desenvolvimento social, principalmente na região do Médio Solimões, no estado do Amazonas.
“Neste momento, foi quando mergulhei de cabeça na vida Amazônica. O primeiro boto saltou bem na frente da embarcação em que eu estava indo para a Reserva Amanã, na região do médio curso do Rio Solimões, que abrange terras dos municípios de Maraã, Barcelos e Coari. Foi como se estivesse me dando as boas vindas e dando a benção do rio para eu seguir”, relembra Mariana.
Desde 2019, ela é pesquisadora do grupo South American River Dolphins Initiative (Sardi) e entrou como funcionária do World Wide Fund for Nature (WWF-Brasil) no ano passado para coordenar o grupo Sardi, que luta pela conservação desses animais.
Esse grupo é formado por pesquisadores dos sete países onde são encontrados os golfinhos de rio da América do Sul: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Venezuela.
Desafios enfrentados pelos botos
Os botos enfrentam muitos desafios, como a expansão dos empreendimentos hidrelétricos, os conflitos com a pesca, a contaminação por mercúrio vindo da mineração de ouro, a poluição dos rios, a caça intencional para a pesca da piracatinga.
Mais recentemente, eles têm se tornado vítimas direta das mudanças climáticas e aquecimento das águas dos lagos, como as mortes por causa das secas.
Os botos da Amazônia estão diminuindo pela metade a cada 10 anos, segundo estudo
Marcos Amend/ WWF-Brasil
Mariana, junto de outros grupos, realiza expedições pela Bacia Amazônica para levantar o número populacional dos botos. Eles também registram as ameaças e visitam as comunidades ribeirinhas e indígenas locais para identificar a percepção de convivência com esses animais.
Os botos da Amazônia, como o cor-de-rosa e o tucuxi, estão diminuindo pela metade a cada dez anos, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). O boto-cor-de-rosa é classificado como ‘em perigo’ pela lista de espécies em risco de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
“Se as populações de golfinhos da Amazônia forem extintas, estamos falando de um predador no topo de cadeia que vai desequilibrar todo um ecossistema que se autorregula”, explica a bióloga.
Lutar pela coexistência dos animais com a comunidade
Projeto promove ação de coexistência com os botos e as comunidades de pescadores
Arquivo Pessoal
O WWF-Brasil, em parceria com a Sociedade para a Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente (Sapopema) e a comunidade da Prainha I, promoveu uma ação de coexistência com os botos entre junho de 2023 e junho de 2024 na Floresta Nacional do Tapajós.
Os pescadores dependem da pesca para alimentar as famílias e ter renda, mas muitos têm conflitos com botos por causa da destruição das redes. Pensando nisso, o projeto científico buscou uma alternativa tecnológica para promover a coexistência desses animais com a comunidade.
Inédito no Brasil, os pesquisadores utilizaram um equipamento chamado pinger. O aparelho, instalado nas redes de pesca, emite ondas sonoras de alta frequência, sobrepondo-se à faixa de comunicação das espécies e gerando um alerta de não aproximação das redes.
“Assim, eles não tiram os peixes das redes e também não se emalham. Quando se emalham, ou seja, se embolam na rede, eles podem se afogar. Esse afogamento acidental é chamado de bycatch”, explica.
Os testes apresentaram resultados promissores, como a redução de 40% na interação dos botos do Rio Amazonas com as redes de pesca. Mariana revela que a estratégia gerou um potencial aumento na captura de peixes e na renda das comunidades pesqueiras do Tapajós, além de um crescimento do interesse sobre o tema da coexistência na comunidade para evitar a mortalidade dos botos.
A pesquisadora também destaca a importância do trabalho ter sido construído diretamente com a comunidade.“Trouxemos a voz ativa dos pescadores para colaborar no sucesso da metodologia com validação científica”.
Esse trabalho originou um documentário para o National Geographic, chamado ‘Expedição Amazônica’. As gravações foram feitas na Amazônia Central Brasileira, no Rio Negro, após percorrer a nascente do Rio Amazonas nos glaciais Andinos.
“Meu trabalho traz magia e me leva a sentir a Amazônia de perto. Quero que as pessoas também se encantem pelo movimento hidrodinâmico dos rios e mágico dos botos”.
Mariana pesquisa os botos desde sua formação na faculdade em Juiz de Fora, mas é apaixonada pelos animais desde a infância
Arquivo Pessoal
*estagiária sob supervisão de Juliana Netto.
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