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Cbers-6: Novo satélite de parceria entre Brasil e China deve custar mais de 100 milhões de dólares e entrar em órbita em 2028


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da China, Xi Jinping, assinaram nesta sexta-feira (14) acordo que prevê lançamento de sexto satélite em parceria entre os países. No Brasil, programa Cbers é desenvolvido pelo Inpe em São José dos Campos (SP). Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da China, Xi Jinping, cumprimentam-se em Pequim durante cerimônia de assinatura de acordos comerciais entre os dois países, no dia 14 de abril de 2023
Ken Ishii/AFP
O Cbers-6, novo satélite produzido em parceria entre o Brasil e a China, vai custar mais de 100 milhões de dólares e tem previsão de entrar em órbita em 2028. Nesta sexta (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da China, Xi Jinping, assinaram acordo que prevê o lançamento do sexto satélite da parceria entre os países – veja aqui lista dos acordos assinados.
Produzido em conjunto por pesquisadores do Brasil e da China, o Cbers-6 será desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), que é quem toca o projeto no Brasil. A previsão é que o Cbers-6 seja lançado em 2028, de uma base da China.
Cada país deve investir 51 milhões de dólares, cerca de 265 milhões de reais. Juntos, Brasil e China já investiram cerca de 300 milhões de dólares em satélites, equivalente a cerca de R$ 1,5 bilhão nos valores atuais.
No início, a parceria entre os países contou com uma participação maior dos chineses, que arcaram com 70% dos custos, enquanto o Brasil custeava 30%. No terceiro satélite o cenário mudou e a divisão passou a ser meio a meio, com 50% de investimento de cada país.
Cbers-6: Novo satélite de parceria entre Brasil e China deve custar mais de 100 milhões de dólares e entrar em órbita em 2028.
Divulgação/INPE
O nome Cbers vem do inglês e significa satélite sino-brasileiro de recursos terrestres. A parceria entre os países já tem quase 35 anos, começou em julho de 1988. Desde então, eles já produziram e enviaram ao espaço cinco satélites.
Dois dos satélites ainda estão em operação, o Cbers-4 e o Cbers-4A. Eles estão entre 630 e 780 km distantes da Terra, em órbita em volta do planeta em uma velocidade de 28 mil km/h.
Os satélites geram diariamente imagens do território brasileiro e chinês. As imagens que os satélites fazem do espaço ajudam principalmente no monitoramento da Amazônia.
Com o Cbers-6, um avanço no projeto será o uso de um radar no lugar de câmeras, isso vai permitir o registro de imagens da Amazônia mesmo quando ela estiver encoberta por nuvens.
“No caso da amazônia, que é uma região bastante úmida, onde é muito grande a formação de nuvens, o radar permite que você passe sobre as nuvens e faça o margeamento do terreno. Isso é extremamente importante, essa é uma grande vantagem. O cbers-6, então, ele vem complementar os outros satélites que estão voando”, disse Antônio Carlos de Oliveira Pereira Júnior, responsável pelo segmento espacial do programa cbers.
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Monitoramento ambiental
Assim como os demais satélites anteriores da família Cbers, o Cbers-6 fornecerá dados importantes da superfície da Terra, em especial a do território brasileiro e chinês.
“As imagens geradas irão contribuir para monitorar recursos naturais e o meio ambiente, entre outros, além de permitir monitorar rios e a costa brasileira, com possibilidade de identificação de manchas de óleo”, disse o pesquisador.
Segundo Antônio Carlos, o programa nasceu já com o objetivo de monitoramento ambiental. “A parceria criada tem o objetivo de desenvolver, lançar e operar satélites de sensoriamento remoto para monitorar recursos naturais e o meio ambiente”, contou.
Segundo o pesquisador, apesar da assinatura da cooperação ter sido realizada nesta sexta-feira (14), o projeto do satélite já é discutido entre os países desde 2022.
“Um projeto de alta complexidade como é a de um satélite, como é o caso do Cbers-6, demanda estudos para avaliar sua viabilidade do ponto de vista de implementação. O projeto vem sendo discutido entre as equipes do INPE e da CAST desde o início do ano passado. Os estudos indicaram a viabilidade da missão e, ainda no final do ano passado, foi gerado o documento Work Report, que descreve os objetivos da missão, a divisão de responsabilidade entre os países e o cronograma de desenvolvimento, entre outros”, disse.
Cbers-4A é o sexto satélite feito em parceria entre Brasil e China
Divulgação/ Inpe
Impacto na ciência nacional
Para Antônio, o programa Cbers é de extrema importância para o Brasil e para a ciência brasileira, pois fornece informações valiosas para o monitoramento ambiental e o desenvolvimento sustentável do país.
“As imagens geradas pelo Programa Cbers são amplamente utilizadas por diversos órgãos governamentais, instituições de pesquisa e empresas privadas, contribuindo para o avanço científico e tecnológico do país. Essas imagens são fundamentais para o sucesso de diversos projetos no Brasil”, disse.
“O PRODES, por exemplo, utiliza imagens para monitorar o desmatamento da Amazônia Legal, fornecendo dados precisos e atualizados sobre as áreas de floresta que são desmatadas a cada ano. Já o DETER, utiliza as imagens para detectar e alertar sobre o desmatamento em tempo real, contribuindo para a tomada de decisões rápidas por parte dos órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental”, completou.
Além disso, o pesquisador conta que o programa fornece imagens de satélite para ações de resposta a desastres naturais em todo o mundo.
Imagens do CBERS-4A divulgadas pelo Inpe
Divulgação/Inpe
Importantes aplicações
O Cbers-6 é capaz de atender a diversas aplicações, como monitorar desmatamentos, queimadas, o nível de reservatórios, desastres naturais, a expansão agrícola e o desenvolvimento das cidades, entre outras. Cada câmera possui um nível de resolução capaz de gerar imagens no detalhamento necessário conforme a aplicação.
“O programa CBERS é de grande importância para o Brasil por diversas razões. Ele permite a obtenção de imagens de alta resolução da superfície do território nacional que podem ser usadas em diversas aplicações. Além disso, o programa tem uma importância estratégica para o Brasil, já que permite o desenvolvimento de tecnologias espaciais e aprimora a capacitação técnica e científica de profissionais brasileiros envolvidos no programa”, disse Antônio Carlos.
“Isso contribui para o fortalecimento da indústria espacial do país e para o aumento da sua competitividade no mercado internacional”, completou.
Imagens de áreas afetadas por terremoto na Turquia foram registradas pelo CBERS-4A
Divulgação/Inpe
Barreira americana
A parceria com os chineses já rendeu problemas com os Estados Unidos. Em 2007, quando a China já se tornava uma potência econômica, o governo americano temia o crescimento militar do país asiático.
Na época, a Casa Branca pressionou os fabricantes de componentes eletrônicos norte-americanos. A ideia era dificultar a venda de peças que ajudam na fabricação dos satélites com a China.
De acordo com o diretor do Inpe na época, o Brasil teve que gastar mais dinheiro para montar os satélites com os chineses, mas hoje o país está mais preparado para possíveis barreiras americanas.
“O que o Inpe fará é diversificar seus fornecedores, comprando equipamentos seja na Europa, seja na própria China. O impacto de um possível embargo americano será minimizado porque nós tomaremos cuidado em comprar, nossas fontes de equipamentos serão muito mais abertas do que comprar dos Estados Unidos”, disse Gilberto Câmara, pesquisador e ex-diretor do Inpe.
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