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Com prejuízo de mais de R$ 200 mil, investidor retira móveis do prédio da XLand no Acre: ‘emprestado’


Imagens mostram o momento em que o empresário José Cavalcante Rangel entra no prédio e sai levando cadeiras. Ele diz que foi autorizado a pegar os móveis. Contudo, a recepcionista tenta impedir a saída dele com os objetos. Com prejuízo de mais de R$ 200 mil, cliente retira móveis de dentro do prédio da Xland
Imagens de câmeras de segurança mostram o empresário José Cavalcante Rangel e outros dois homens retirando cadeiras de dentro do prédio da XLand Holding, empresa acreana de criptomoedas no centro de várias acusações de estelionato, incluindo o caso do jogador Gustavo Scarpa, que investiu R$ 6 milhões na empresa. Os móveis foram retirados no último dia 17 de abril.
Segundo Rangel, os móveis foram emprestados pelo dono da XLand, Gabriel Nascimento, para gravação de um podcast e estão à disposição para devolução quando forem solicitados.
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Contudo, o advogado Júlio Leão, que representa o dono da empresa, Gabriel Nascimento, disse que o cliente não estava na cidade no dia em que os móveis foram levados. Segundo ele, Nascimento não tinha autorizado a fazer a retirada de nenhum ou bem móvel da empresa na ausência dele.
Após a situação, o advogado diz que os sócios da empresa estão discutindo o que poderá ser feito.
Cadeiras levadas
Rangel é ex-cliente e ex-assessor de marketing da XLand. Ele prestou serviços de marketing, de tecnologia, venda de equipamentos, entre outros, para a empresa entre 2019 e setembro de 2022, quando o contrato foi reincidido. Contudo, ele diz que a empresa deve R$ 41 mil de serviços prestados.
Ele também investiu na empresa de criptomoedas durante o período. O empresário confirma ter R$ 167 mil para receber de investimentos feitos na empresa.
Ao g1, Rangel explicou que havia solicitado o empréstimo das cadeiras ao dono da XLand meses antes. No dia 17 de abril, ele foi ao local com duas pessoas pegar três cadeiras e falou com a recepcionista sobre a autorização. A mulher teria permitido a entrada.
Cadeiras foram retiradas de dentro do prédio da Xland no último dia 17
Reprodução
Segundo ele, a recepcionista mudou de comportamento e tentou impedir a saída dele e trancá-lo no local após receber uma ligação de Gabriel Nascimento. Para ele, o dono da empresa teria mudado de posicionamento e proibido a saída dos móveis do local.
“Agressão não teve, Deus me livre, nunca passei por delegacia e nem agredi ninguém na minha vida. A situação é porque ela queria me deixar preso dentro da empresa, nesse dia, segurei a porta e ela veio para cima de mim. Ela que me agrediu, pedi pra ela ligar para o Gabriel, não sei o que o Gabriel falou pra ela, mas depois disso eu sai. Depois o Gabriel me liga dizendo que não era pra eu ter pegado”, destacou.
O empresário diz também que foi procurado depois pelo dono da empresa e se colocou à disposição para devolver os móveis. “Falei: ‘cara, está achando ruim? Se quiser eu devolvo ou então vai lá buscar’ Ele não me respondeu e consentiu. Peguei emprestado, me emprestou. Foi essa a situação”, reafirmou.
Investimentos
O empresário José Cavalcante Rangel explicou ainda que ao longo de três anos fez, pelo menos, três investimentos em criptomoedas na empresa. O primeiro foi em 2019 de R$ 20 mil, recebidos em 2020.
O segundo investimento foi no valor de R$ 55 mil, em dezembro de 2021. Em julho do ano seguinte, Rangel fez um novo investimento no valor de R$ 81 mil. Esses valores nunca foram devolvidos para o empresário.
“Deixei de receber nesse período, em setembro do ano passado, nem rendimento, nem solicitação de saque do capital, nem o valor do que tinha que receber de serviço. Disse que a FTX bloqueou todo o dinheiro da XLand, que assim que eles liberassem iam continuar os pagamentos”, lamentou.
Caminhão de mudança foi visto em frente ao prédio da Xland nesta segunda-feira (24)
Arquivo/Rede Amazônica Acre
Mudança de prédio
Uma equipe da Rede Amazônica Acre flagrou um caminhão de mudança em frente ao prédio da Xland, que fica na Avenida Nações Unidas, em Rio Branco. O advogado Júlio Leão disse que a ‘empresa já tinha projetos de construir uma sede própria há algum tempo. E nesse primeiro semestre alguns testes estavam programados para ser implementados’.
O dono da empresa, Gabriel Nascimento, também confirmou que sempre teve planos de mudar de sede no atual processo de reestruturação.
Situação da Xland
A empresa de criptomoedas funcionava em um prédio localizado na Avenida Nações Unidas, na capital, e estava aberta para receber clientes. Ela foi alvo de investigação do Ministério Público do Acre (MP-AC) por suspeita de ser uma pirâmide financeira.
O MP disse que a empresa usa o esquema de Ponzi, que trata-se de uma operação de investimento que envolve a promessa de pagamento de rendimentos exorbitantes e lucros atrativos aos investidores à custa do dinheiro pago pelos investidores que chegarem posteriormente, em vez da receita gerada por qualquer negócio real.
Em dezembro, a Justiça do Acre negou pedido do MP-AC para suspender as operações e congelar os bens da Xland.
Na decisão, a juíza Olívia Maria Alves Ribeiro, da 5ª Vara Cível de Rio Branco, apontou a falta de provas para negar o congelamento de bens da Xland e dos sócios da empresa, assim como a suspensão das operações. Sustentou ainda o risco de ruína da empresa, com prejuízo aos clientes, caso parasse de funcionar. E disse que poderia reavaliar a decisão caso fossem apresentadas novas provas.
O Ministério Público recorreu, e ainda não houve nova decisão.
No último dia 21, uma decisão liminar da 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco determinou a apreensão cautelar de R$ 500.178,01 da Xland Holding. A decisão da juíza Thaís Khalil ordenou ainda a retenção do malote com pedras alexandritas de patrimônio da empresa, mantidos em caixas de segurança pela Sekuro Participações.
Caso Scarpa
Mensagens de texto e de áudio revelam detalhes do golpe sofrido por Gustavo Scarpa
A Xland é alvo de uma denúncia de estelionato feita pelo jogador Gustavo Scarpa. Ele alega ter investido R$ 6 milhões na empresa por indicação do também ex-jogador do Palmeiras, Willian Bigode.
Bigode mantinha a empresa WJLC, que também atua com investimentos em criptomoedas, e tinha parceria com a Xland. Ele ganhava comissão por novos investimentos e apresentou a empresa ao jogador vítima de estelionato.
Após o investimento, Scarpa tentou em outubro de 2022 reaver o valor, sem retorno. Áudios mostram a conversa entre o jogador e Willian Bigode em que ele responde “agora é orar”. (Veja o vídeo acima)
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