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Padre Julio Lancelotti faz ‘adesivaço’ em grades que foram colocadas na Praça da Sé para denunciar aporofobia


Segundo o subprefeito da região, grades foram instaladas temporariamente. Padre Julio colocando adesivos nas grades.
Reprodução/ TV Globo
O Padre Julio Lancelotti realizou na tarde desta quarta-feira (19) um “adesivaço” nas grades que foram colocadas pela Prefeitura de São Paulo na Praça na Sé, no Centro da capital, denunciando a aporofobia, ou ódio aos pobres.
“Nós trouxemos aqui e adesivamos com a lei que é contra a arquitetura hostil e contra todos os aparatos de hostilidade. Essa cerca que está na Praça da Sé é uma privatização do espaço público e um gesto de aporofobia, isto é, um rechaço aos pobres”, afirmou.
A Pastoral do Povo da Rua também distribuiu cerca de 400 marmitas e água para a população de rua na região.
Os adesivos tinham informações sobre a Lei Padre Júlio Lancelotti, que proíbe a “arquitetura hostil” em áreas públicas como forma de afastar a população. Entre os exemplos desse tipo de medida estão espetos pontiagudos instalados em fachadas comerciais, pavimentação irregular, pedras ásperas, jatos de água, cercas eletrificadas ou de arame farpado.
As grades foram instaladas na Praça da Sé durante o plantio de grama feita nos canteiros da região no dia 10 e seguiam intactas até esta quarta (19).
O subprefeito da Sé, coronel Álvaro Camilo, disse nesta quarta que a Prefeitura de São Paulo vai atender o pedido da Defensoria Pública e retirar as grades da praça, mas não disse quando isso será feito. De acordo com ele, as grades ficarão temporariamente na região.
“Nós não vamos tirar já. Vamos movimentar ali dentro da praça onde precisar para fazer a zeladoria. Assim que os trabalhos de zeladoria forem terminando e esses lugares forem se consolidando, a gente retira as grades. As grades são temporárias”, afirmou.
Muitas pessoas que estavam na Praça da Sé foram para o Pateo do Collegio após a ação da prefeitura. As grades foram retiradas das proximidades do Marco Zero, no entanto, elas permaneciam, até a última atualização desta reportagem, em diversos trechos da praça, alguns até cercando bancos, não o gramado.
De acordo com o subprefeito, a medida foi tomada para “proteger a grama” que estava sendo trocada duas vezes por dia. Ao mesmo tempo, as grades contribuem com a zeladoria, defende.
Segundo a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), mais grades serão instaladas em outras praças do Centro.
Onda de frio atinge São Paulo
Atendimento no frio
Carlos Bezerra Júnior, secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, afirmou que a gestão irá antecipar ações de acolhimento com a chegada do frio. A partir de amanhã, por volta de 15h, serão instaladas três tendas para a distribuição de cobertores e comida quente.
As tendas serão instaladas na Praça da República, na região da Mooca e na Praça Marechal Deodoro.
“Nós também estamos ocupando o espaço de outros quatro clubes municipais, em que disponibilizaremos mais 300 vagas para a população em situação de rua. Estamos em um esforço concentrado nossas equipes de abordagem para qualificação e remanejamento das vagas, o máximo de vagas possíveis para que a gente possa ter um esforço ainda maior de acolhimento nesses dias”, afirmou em entrevista ao SP2.
Remoção de barracas
Sob a gestão de Camilo na Subprefeitura da Sé, a Prefeitura de São Paulo passou a retirar barracas de moradores de rua que estivessem instaladas em calçadas ou praças públicas durante o dia. A medida é vista como higienista por especialistas e a Defensoria Pública de SP acionou o Supremo Tribunal Federal por considerar a ação inconstitucional.
Em fevereiro, Camilo declarou ao SP2 que pretendia regularizar o uso de barracas por pessoas em situação de rua no Centro, onde fica a Praça da Sé. “Elas foram toleradas até por causa da pandemia, mas as barracas não devem ser montadas durante o dia”, disse, à época.
Ex-comandante da PM, Coronel Camilo é o atual sub-prefeito da Sé
Divulgação/GESP
O prefeito Ricardo Nunes chegou a dizer que “rua não é endereço, barraca não é lar”, antes de afirmar que a retirada dos pertences seria uma proposta de “ação humanizada de acolhimento”, com oferta de vagas em abrigos públicos. “Hoje, por exemplo, a gente tem vaga ociosa [nos abrigos municipais]”, disse.
Decisões da Justiça
A retirada das barracas pelos fiscais municipais estava suspensa desde 17 de fevereiro, por uma decisão da juíza Juliana Brescansin Demarchi Molina, da 7ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo. Ela tinha acatado uma ação popular movida por Guilherme Boulos (PSOL), padre Julio Lancellotti e de outras seis pessoas.
Em 31 de março, o desembargador Ribeiro de Paula decidiu suspender a liminar até que o Tribunal de Justiça (TJ) julgue o mérito do caso.
De acordo com Ricardo Nunes, as equipes da prefeitura foram orientadas a trabalhar com o convencimento das pessoas em situação de rua para que as barracas sejam desmontadas durante o dia. Caso o dono se negue a fazer isso, o objeto será apreendido e levado para o pátio da prefeitura, onde poderá ser retirado posteriormente. “Se quiserem montar de noite, não tem problema”, afirmou.

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