Eles não negam que se amam, mas na hora que a bola rola no clássico Avaí e Figueirense é tipo o pagode ‘Coração Partido’ do Menos é Mais: “nem pintado(a) de ouro eu te quero”. A professora Maria Júlia Melo, 23 anos como avaiana, e o analista de redes Filipe Medeiros, 24 anos como alvinegro, sabem que o jogo deixa o clima mais tenso em casa.
Maria Júlia e Filipe casaram em 2024 e torcem por times diferentes – Foto: Germano Rorato/ND
Eles começaram a namorar em 2016 e hoje moram em São José, e nesse período a Maria Júlia comemorou mais vitórias no clássico do que o Filipe, foram nove do Leão, oito do Figueira e seis empates. No entanto, em jogos na Ressacada, neste mesmo período, o Figueirense venceu duas e o Avaí seis, e aí ele tomou uma decisão:
“Toda vez que eu piso na Ressacada o Figueirense perde. Não vou mais lá. A última vez foi o 4 a 0 em 2023”, contou ele, que também faz parte do canal Bancada Alvinegra no Youtube.
A rivalidade entre Avaí e Figueirense dentro da casa deles se estende também para o guarda-roupa, com direito a peças históricas na coleção de cada um deles – o Filipe tem mais, confessou Júlia. Aliás, uma foto dos dois juntos, cada um vestindo o manto do seu time, emoldura a estante da confortável sala no bairro Lisboa.
Disputa sadia e com boas histórias do casal – Foto: Germano Rorato/ND
“Eu já sabia que ela era avaiana, a gente se conheceu no ensino médio, na época isso não era um problema, mas agora… De uns três anos pra cá a gente passou a ir aos estádios com frequência e assistimos alguns clássicos juntos, mas não teve nenhuma influência pra gente deixar de ficar junto”, comentou Filipe.
Os dois são torcedores diferentes, digamos assim, dos seus clubes. Maria Júlia é mais tranquila, mas acompanha tudo, já ele…
“Eu gosto de ir aos jogos, vou em quase todos, mas o mais maluco pelo time é ele, que não falta e fica agoniado pra sair e se chegar 10 minutos atrasados já fica incomodado”.
No entanto, cada um sabe onde o calo aperta:
“Ela não gosta que eu zoe ela e eu não gosto que ela fique me incomodando na internet. Quando o Figueirense perde eu fico fazendo vários ‘textões’ e ela comenta em todos tirando sarro, mas ela não gosta que eu fique zuando o Avaí e fica bem brava comigo”, relatou Filipe.
Detalhe da tatuagem de Maria Júlia em homenagem ao Avaí – Foto: Germano Rorato/ND
Território inimigo no clássico
Como casal, ambos já estiveram no estádio rival para acompanhar o parceiro em um jogo, como Júlia no Scarpelli em jogo da Série C e o Filipe na Ressacada para ver uma partida junto da esposa.
“No jogo do ABC, em 2022, eu não deixei ela ir porque já fui sabendo que a gente não iria subir, imaginando que o clima ia pesar. Assim que o juiz apitou não deu outra”, contou Filipe.
O clássico deste fim de semana não terá a presença do casal na Ressacada. Maria Júlia tem o aniversário da avó, que é alvinegra, para festejar em São Pedro de Alcântara, já Filipe não se rendeu aos R$ 200 e a fama de pé frio de não ter visto pessoalmente o Figueirense vencer na casa do rival.
Casal em casa com as camisas da coleção – Foto: Germano Rorato/ND
Na Ressacada para tirar as fotos que emolduram a matéria, Filipe mostrou bom humor, apesar do certo pessimismo com a partida em relação ao que o Figueirense tem demonstrado dentro de campo, mas ele contou um sonho que a Maria Júlia teve.
“Ela acordou falando que estava triste porque sonhou que o Figueirense havia vencido por 3 a 1, mas acredito que não vai acontecer isso e o nosso time vai ser dominado”, confessou Filipe, com Maria Julia complementando: “clássico é uma coisa diferente”.
Ao sair da Ressacada após as fotos, Filipe ficou do lado de fora da loja do Avaí e ficou de olho no celular para ver se aparecia algum pagamento. Motivo: Maria Júlia comprou duas camisas novas do Leão, uma para ela e outra para a mãe. Ela pagou, ele suspirou.
Avaí e Figueirense é neste sábado na Ressacada – Foto: Germano Rorato/ND
