Toda a vida escolar de Paulo Henrique Jacinto se passou em escolas públicas de João Pessoa até que ele conseguiu uma vaga pelo Prouni para estudar Direito em instituição particular. Paulo Henrique Jacinto na Universidade de Lisboa
Paulo Henrique Jacinto / Arquivo pessoal
Ex-aluno de escola pública e bolsista no ensino superior, Paulo Henrique Jacinto, de 31 anos, apostou nos estudos focados em concursos públicos para mudar a realidade financeira dele e da família. Em pouco mais de 10 anos de investimentos, o paraibano acumula quase 20 resultados positivos entre aprovações e classificações no Brasil e em Portugal. Ao g1, ele revelou as estratégias que funcionaram e fizeram com que chegasse a tantas aprovações.
O concurseiro nasceu em João Pessoa e morou a maior parte da vida no bairro de Mandacaru, em uma casa construída com barro, onde morava com o pai e os irmãos. Por causa da dificuldade financeira, ele precisou trabalhar cedo para contribuir com as despesas da família.
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“Eu já vendi munguzá, tapioca, pé de moleque, com minha avó para ganhar 50 centavos, que na época era uma boa grana. Também já vendi papelão e sorvete quando era adolescente para ter algum dinheiro”, recordou.
O ensino fundamental e o médio foram cursados em escolas públicas. Já em 2010, Paulo passou um ano inteiro estudando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Há mais de uma década, ele não alcançou a nota necessária para entrar em uma universidade pública. Mas conseguiu uma vaga para estudar direito em uma instituição privada pelo Programa Universidade para Todos (Prouni).
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Enquanto cursava o ensino superior, Paulo ainda passava por dificuldades financeiras. Nesse momento, enxergou nos concursos públicos a possibilidade de criar a vida que sempre sonhou. Na época, ele entendeu que a área do Direito lhe abriria portas para o serviço público.
“Tinha apenas um familiar concursado na família, que era tido como estável financeiramente. Cresci ouvindo que concurso público era o caminho para estabilidade financeira e isso influenciou. Eu só não sabia que iria ingressar no mundo dos concursos tão cedo”, destacou.
Aos 19 anos, após seis meses de estudo, foi aprovado no primeiro certame para trabalhar como técnico administrativo na Secretaria da Administração do Governo da Paraíba.
Parte da infância de Paulo Henrique Jacinto em João Pessoa
Paulo Henrique Jacinto / Arquivo pessoal
Paulo ficou lotado em uma escola pública localizada perto da casa em que ele morava. Sete minutos de caminhada eram suficientes para chegar ao trabalho “tranquilo, calmo e em um horário flexível”. Assim, conseguiu conciliar com facilidade o serviço público com as aulas na universidade.
Ao todo, são 17 resultados positivos entre classificações e aprovações, sendo 15 no Brasil e outros dois em Portugal. Atualmente, Paulo Jacinto, é servidor da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP).
“Foi só o começo, eu não parei. As minhas preocupações passaram a ser qual concurso escolher”, revelou.
Com base na própria trajetória, o paraibano selecionou estratégias que fizeram a diferença para ele. Veja as dicas abaixo.
Se manter positivo
“Acho que a nossa maior concorrência somos nós mesmos, antes dos outros”. É assim que Paulo começa a conversar sobre o processo da aprovação. Para ele, antes de começar a estudar, de fato, é preciso treinar a mente com pensamentos positivos.
“Se manter positivo é essencial para essa jornada. Para ser aprovado em 17 concursos eu precisei ser reprovado em centenas deles. Não é que eu precisei, mas eu fui. Foi assim que aprendi que o caminho do sucesso não é uma linha reta, os fracassos são necessários, devem ser sentidos e analisados para que a falha seja superada e não mais cometida”, orientou.
Manter o foco em algo bom também ajuda a enfrentar outras pedras que são comuns nesse caminho, a exemplo das horas exaustivas de estudos e a renúncia da vida social.
Paulo Jacinto foi aprovado em um mestrado e em setembro passa a morar em Lisboa
Dani Fechine/G1
Dar o primeiro passo
Segundo Paulo, outro ponto chave nessa jornada é dar o primeiro passo.
“Às vezes esperamos o momento perfeito [para estudar], mas eu aconselho simplesmente a começar do jeito que você tá agora. E aposto que as circunstâncias e pessoas certas vão aparecer na sua vida e você vai se ajustando e melhorando seu desempenho”, reforçou.
Constância
No início, Paulo estudava seis horas por dia. Depois da primeira aprovação, diminuiu a carga horária de estudos para quatro horas diárias. O que nunca falhou foi a constância.
“É mais eficiente estudar nem que seja uma hora por dia, todos os dias, do que seis ou oito horas e depois ter muitos intervalos de estudos. É importante estar em contato com a matéria sempre”, recomendou.
Paulo Jacinto, atualmente, é servidor da Câmara Municipal de João Pessoa
Dani Fechine/G1
Tempo para revisar e treinar
Nesse sentido, o concurseiro recomenda fazer um cronograma de estudos para que também seja reservado tempo para revisões e testes.
Para absorver bem os conteúdos, a principal aposta de Paulo era revisá-los. Dessa forma, ele conservava as informações na memória até o dia da prova.
“Eu criava um cronograma no Excel e estudava um assunto hoje. Amanhã revisava esse assunto. Daqui a uma semana revisava novamente e depois com um mês. Ao mesmo tempo fazia simulados”, finalizou.
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