Coronel Francisco Lisboa foi demitido menos de um mês após a nomeação. Ele foi preso na mesma operação que prendeu o vereador Genilson Costa (Republicanos) por esquema de compra de votos com dinheiro do tráfico. Coronel Francisco Lisboa, subcomandante-geral da Polícia Militar de Roraima
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O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), demitiu o subcomandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Francisco Lisboa, preso pela Polícia Federal (PF) numa operação que investiga o apoio financeiro do tráfico de drogas para compra de votos nas eleições municipais de 2024. A decisão foi disponibilizada no Diário Oficial do estado (DOE) nesta sexta-feira (20).
O decreto, assinado pelo próprio governador, entrou em vigor na última quarta-feira (18), no dia em que a PF deflagrou a Operação Martellus, que prendeu o coronel.
O g1 questionou o governo de Roraima o motivo da demissão, se há um substituto e aguarda resposta. A reportagem também tenta contato com a defesa do coronel.
Coronel Lisboa, como é conhecido, foi nomeado no dia 21 de novembro – há menos de um mês -, substituindo a coronel Valdeane Alves, a primeira mulher que ocupou o cargo.
A prisão do coronel aconteceu na mesma operação que também prendeu o presidente da Câmara de Boa Vista, Genilson Costa (Republicanos). De acordo com as investigações, Genilson comprava votos dos eleitores em Boa Vista para se reeleger utilizando dinheiro do tráfico de drogas.
O coronel Francisco Lisboa informava o vereador sobre as denúncias de compra de votos recebidas, quebrando o sigilo do canal de comunicação da PM.
A Operação Martellus foi deflagrada com o objetivo de desarticular a associação criminosa criada durante o período eleitoral de 2024 para comprar de votos além de praticar outros crimes eleitorais. Ao menos R$ 1 milhão teriam sido utilizados na compra de votos.
A função de subcomandante-geral é a segunda mais importante da corporação, conhecia como “02”. O cargo de subcomandante-geral é equivalente ao de secretário-adjunto no alto escalão do governo. Ele atua, principalmente, nas questões administrativas internas de toda a corporação.
Além disso, em caso de ausência, o subcomandante-geral substitui o comandante-geral Miramilton Goiano de Souza, investigado pela Polícia Federal e o Ministério Público de Roraima (MPRR) em um esquema de venda ilegal de armas no estado.
Operação Martellus
A ação que prendeu o coronel e o presidente da Câmara foi deflagrada nesta quarta-feira (18), um dia após o vereador ser diplomado em Boa Vista.
A defesa de Genilson Costa (Republicanos) classificou a prisão do vereador como “arbitrária, injusta e ilegal”. Já a PM disse, em nota, que está acompanhando o caso.
Genilson, se reelegeu como vereador neste ano com 3.744 votos, vai para o terceiro mandado seguido na Câmara de Boa Vista (em 2016, foi eleito pela primeira. Depois, em 2020) e foi o terceiro mais bem votado em 2024.
A investigação teve início após a prisão em flagrante de dez pessoas no dia 5 de outubro deste ano pelo crime de corrupção eleitoral. Na ocasião, um suspeito, apontado na investigação como líder da campanha de Genilson Costa, teria cooptado eleitores para votar no presidente, que disputava a reeleição ao cargo de vereador no município de Boa Vista.
A equipe de Genilson mantinha uma lista de itens oferecidos a eleitores em troca de votos, conforme investigação da Polícia Federal (PF). As despesas, interceptadas pela investigação, foram compartilhadas no grupo de WhatsApp “Os Top 100”, criado para organizar esquemas de compra de votos com dinheiro do tráfico de drogas nas eleições de 2024, em Boa Vista.
Entre as despesas registradas, a PF identificou R$ 200 para remédios de um amigo, R$ 500 em combustível para um pastor evangélico e R$ 510 para cervejas consumidas em uma reunião política.
No dia 6 de outubro, uma busca e apreensão conduzida pela PF identificou a prática de diversos crimes eleitorais, culminando na prisão em flagrante do candidato pela prática dos crimes de corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro e por ter ouro em sua forma bruta em sua residência, o que é crime.
Os investigados poderão ser indiciados pelos crimes de associação criminosa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica eleitoral, transporte ilegal de eleitores, violação do sigilo do voto, violação de sigilo funcional, prevaricação e lavagem de dinheiro.
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