CRISTINA QUICLER
Depois de uma primeira audiência em julho, Begoña Gómez, esposa do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez se apresentou novamente nesta quarta-feira ao juiz que investiga suas atividades profissionais.
Gómez foi convocada em julho para contestar acusações de corrupção e tráfico de influência, mas exerceu seu direito de permanecer calada.
A esposa de Sánchez chegou ao tribunal de Madri pouco antes das 10h00 locais (6h00 em Brasília) para depor ao juiz Juan Carlos Peinado por suspeita de apropriação indébita de programas de informática criados para a universidade onde trabalhava e de “exercício ilegal” da profissão.
A associação ‘Hazte Oír’, próxima da extrema direita, acusa Gómez de ter registrado em seu nome um “software” financiado por empresas privadas e destinado a um mestrado que coordenava na Universidade Complutense de Madrid até o início do ano letivo de 2024.
– “Objetivo político óbvio” –
No caso, iniciado em abril após denúncias da ‘Hazte Oír’ e de outra associação de extrema direita, Mãos Limpas, a esposa de Pedro Sánchez, 49 anos, é acusada de ter se aproveitado da posição do marido em suas relações profissionais.
Em meados de novembro, Begoña Gómez, especializada em consultoria e angariação de fundos, falou ao Parlamento de Madri que as acusações tinham “um objetivo político óbvio”.
Pedro Sánchez insiste que não há “nada” que desabone sua esposa e que seu governo é “limpo”, acusando a direita e a extrema direita de estarem por trás de uma “campanha” para ferir sua credibilidade.
Na semana passada, em conversa informal com jornalistas, Sánchez sugeriu que os juízes estavam em conluio com o Partido Popular (PP) ao concederem informações sobre os processos contra seus familiares, comentários que levaram a presidente do Supremo Tribunal a defender a independência do Judiciário.
Nesta quarta-feira, no Congresso dos Deputados, Sánchez disse estar “convencido de que uma grande maioria dos juízes do nosso país realiza seu trabalho com absoluto rigor”.
Na sexta-feira, um funcionário da Presidência do Governo, suspeito de ter trabalhado para Begoña Gómez, vai prestar depoimento.
No início de janeiro, será a vez do irmão de Sánchez se apresentar à Justiça por outro processo. Ele é investigado por peculato, tráfico de influência, apropriação indébita e fraude fiscal em outra denúncia do Mãos Limpas.