Ary Meneses era considerado foragido da Justiça após uma operação realizada na última quinta (12) que também prendeu o sogro, a secretária de finanças, e o vice-prefeito eleito em Nova Olinda do Maranhão. Ary Menezes é eleito prefeito por dois votos de diferença em Nova Olinda do Maranhão
Reprodução/Redes Sociais
O prefeito eleito de Nova Olinda do Maranhão, Ary Meneses (PP), foi preso, na tarde deste domingo (15), após se entregar à Polícia Federal. Ele é alvo da Operação ‘Cangaço Eleitoral’, por suspeita de compra de votos e ameaças contra moradores na cidade durante as eleições deste ano.
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Ary Meneses era considerado foragido da Justiça desde a última quinta-feira (12), quando a Polícia Federal esteve em Nova Olinda para cumprir mandados de prisão expedidos pela Justiça. Na ocasião, foram presos o vice-prefeito eleito de Nova Olinda do Maranhão, Ronildo da Farmácia (MDB), além do sogro de Ary e a secretária de finanças do município.
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A operação também cumpriu mandados de prisão e oito de busca e apreensão nas cidades de São Luís e Cantanhede, para desarticular o suposto esquema criminoso de corrupção e crimes eleitorais. Os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA).
Ary se entregou na sede da Polícia Federal, em São Luís. Em uma postagem nas redes sociais, ele diz que ‘não é bandido’ e que ‘confia nas investigações da Justiça e da Polícia Federal’. No entanto, até o momento, a PF diz que Ary é suspeito de compra de votos e que há indício que parte dos recursos usados eram dinheiro público.
Ary Menezes (PP) foi eleito em Nova Olinda do Maranhão por uma diferença de apenas dois votos da segunda candidata colocada, Thaymara Amorim (PL). O município de 14 mil habitantes teve a disputa pela prefeitura mais acirrada em todo o país.
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Investigações após reportagem do Fantástico
A operação ‘Cangaço Eleitoral’ é um desdobramento do caso que foi destaque no Fantástico, em outubro, quando um eleitor afirmou que vendeu o voto em troca de telhas, sacos de cimento e madeira após sofrer ameaças.
As investigações identificaram fortes indícios da prática de outros crimes, como intimidação de eleitores, além de extorsão qualificada, desvio de recursos públicos, constituição de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
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De acordo com a PF, a suspeita é de que o grupo criminoso atuava através de aliciamento de eleitores e posterior compra de votos, seguido de atos de ameaça e intimidação com cobrança de valores e apoio político em favor de candidato a prefeito indicado pelo esquema.
Investigações apontam diversos relatos de pessoas que teriam sido abordadas por integrantes do grupo para que aceitassem dinheiro ou materiais de construção em troca de apoio.
Pessoas que firmaram o acordo, mas mudaram de opinião política ou declaram que não iriam mais votar no candidato a prefeito indicado pelo grupo, relataram terem sofrido ameaças e represálias, inclusive intimidações com armas de fogo.
Ronildo da Farmácia, vice-prefeito eleito de Nova Olinda do Maranhão
TSE/Divulgacand
Outras pessoas ouvidas pela PF também disseram terem sido vítimas de intimidação e ameaças realizadas por indivíduos armados associados ao grupo investigado.
Segundo elas, as vítimas foram coagidas a remover materiais de propaganda política de candidatos adversários e a interromper atividades relacionadas à campanha eleitoral.
A polícia ainda investiga a possível utilização de recursos públicos federais para o esquema de compra de votos.
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1.500 telhas, 20 sacos de cimento e madeira por voto
O caso revelado pelo Fantástico foi do lavrador Danilo Santos. Ele admitiu que foi procurado antes da votação deste ano e aceitou vender o seu voto.
“Falei que era 1.500 telhas, 20 sacos de cimento e a madeira da minha casa. Eles falaram para mim que se fosse só isso, já estava tudo comprado. Que no outro dia era para eu ir buscar lá no galpão”, contou.
Danilo disse que não recebeu tudo o que foi prometido. E, por isso, mudou de ideia. E dois dias depois da eleição, um caminhão da prefeitura retirou as telhas da casa dele. “Como não me deram o material todo, ficaram me ameaçando.”
O lavrador Danilo Santos admitiu que vendeu o voto em troca de telhas, cimento e madeira
TV Globo/Reprodução
Segundo Danilo, dois dias depois das eleições, o caminhão da prefeitura foi retirar o material do endereço dele.
Outra eleitora, a pescadora Luciane Souza Costa, também foi ameaçada. Ela decidiu não votar em Ary e nem na vereadora indicada por ele depois que o marido dela recebeu dinheiro pela compra do voto. Imagens gravadas por Luciane mostram um homem, que tem o número do candidato a prefeito na camisa, a ameaçando.
“Como eu não peguei o dinheiro, foi o meu marido que pegou, e eu postei nos meus ‘Status’ dando apoio para a minha vereadora, me ameaçaram de morte, eu, meu marido e minhas filhas. Que se a gente não votasse neles, eles iam matara a gente.”
Na época o prefeito eleito Ary Menezes disse por nota que “a compra e venda de votos compromete a democracia do pleito e deve ser apurada pela Justiça Eleitoral”, e se colocou à disposição para esclarecimentos.
Ronildo da Farmácia, o vice-prefeito eleito, negou as acusações. “Eu dou a garantia que da minha parte e da parte do Ary, 100% de certeza que não oferecemos dinheiro em troca de votos para ninguém. Fizemos uma campanha limpa, está entendendo?”.
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