Quase 68 mil pessoas estão na fila à espera de um órgão no país. Com o ‘e-Notariado’, equipe médica tem acesso ao banco de dados com todas as informações dos doadores. Plataforma na internet reduz burocracia para doação de órgãos
Uma plataforma na internet tem ajudado a reduzir a burocracia para doação de órgãos no Brasil.
Três vezes por semana esta é a rotina da vendedora Pamila Cristina Aguiar dos Santos: ir para as sessões de hemodiálise. Os rins não funcionam direito e um deles já parou. Em casa, acompanhada dos cachorros, a espera é por um transplante.
“Eu acho que peço todos os dias a Deus um presente de aniversário. Eu acho que seria o melhor presente da minha vida. Eu tinha plano de casamento, eu tinha plano de ter filhos, eu tinha toda uma vida planejada. Então, a minha vida está paralisada”, diz Pamila.
Em todo Brasil, quase 68 mil pessoas estão na fila à espera de um órgão. Mas a recusa das famílias de possíveis doadores ainda é grande.
“Cerca de 40% recusam a doação de órgãos. Então, tendo o conhecimento de que o familiar que faleceu desejava ser doador, e isso ser apresentado em um documento público, feito em um cartório, assinado, é, certamente, um elemento muito importante na formação dessa decisão”, diz Liz Rezende, juíza auxiliar do CNJ.
Tecnologia ajuda a reduzir a burocracia para doação de órgãos no Brasil
Jornal Nacional/ Reprodução
A Andréia Clemente Silva, serventuária da Justiça, soube da nova plataforma criada pelo CNJ – Conselho Nacional de Justiça e os cartórios de notas do Brasil. Pelo celular, baixou o “e-Notariado” e escolheu a opção “AEDO” – sigla para Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos. Depois de preenchido, o formulário vai para um dos 8,3 mil cartórios que fazem parte da rede. E aí vem a chamada de vídeo de uma funcionária.
“Isso é muito importante, porque eu vou deixar um documento de forma oficial que esse é o meu desejo”, afirma Andréia Clemente Silva.
Com esse sistema eletrônico, a equipe médica tem acesso ao banco de dados com todas as informações dos doadores. A partir daí, os médicos dos hospitais identificam o doador, comunicam a família e apresentam a autorização que foi registrada no cartório. Se a família concordar, os médicos fazem a captação.
Até agora, pouco mais de 8,4 mil pessoas no país preencheram o documento.
“Várias pessoas falecem todos os dias e os órgãos são desperdiçados, não são doados a quem ainda tem uma chance de continuar vivo. Então, quanto maior o número de pessoas que acessar a plataforma, maior a chance de atendermos ao interesse de milhares de pessoas que aguardam por uma doação”, afirma Liz Rezende, juíza auxiliar do CNJ.
“Meu telefone toca, é uma esperança. Pode ser uma chamada da central de transplantes. A ansiedade dia e noite de receber a ligação”, diz Pamila.
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