Yasmin da Silva e Cláudio Alves falaram sobre como a troca de bebês tem afetados as famílias. Pais ainda esperam explicação sobre o que houve no hospital. Pai de bebê trocado na maternidade em Inhumas presta depoimento
Os pais de um dos bebês trocados em um hospital de Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, prestaram depoimento à Polícia Civil nesta terça-feira (10). Em entrevista, Yasmin da Silva e Cláudio Alves expressaram seus sentimentos sobre a situação.
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“Acredito que não tem como ter uma destroca. Foi muito tempo, muito cuidado, amamentando meu filho, que mama até hoje. O que queremos é a convivência como uma grande família com nossos filhos biológicos”, disse Yasmin.
“Muito angustiante, sem chão ainda, sem nenhuma explicação para esse fato”, afirmou Claudio.
Yasmin reforçou que não acredita na possibilidade de uma destroca. Na segunda-feira (9), a mãe dela, Silvânia Hilário, a mãe de Isamara Mendanha, Isabel Flores, e o advogado Márcio Rocha também prestaram depoimento.
De acordo com o advogado Márcio Rocha, as famílias aguardam uma decisão liminar para a realização de exames de DNA que possam confirmar a troca dos bebês. “Apesar de os traços já estarem nitidamente trazendo informações precisas nesse sentido, só o exame de DNA poderá trazer a exatidão necessária. Após isso, as famílias já foram orientadas e iniciaram alguns tratamentos psicológicos com profissionais da área”, explicou.
O advogado destacou que existem duas possibilidades consideradas pela Justiça: a determinação da destroca ou a realização de alterações nos registros, reconhecendo vínculos biológicos, socioafetivos ou adotivos. A decisão deve levar em conta o acordo entre as famílias. “Se houver alguma divergência, a possibilidade de o juiz determinar a destroca é muito grande”, concluiu.
Entenda o caso
Os bebês nasceram no dia 15 de outubro de 2021, um às 7h35 e o outro às 7h49, conforme relataram as famílias. Os partos foram realizados por equipes médicas distintas. Os pais afirmaram que não puderam acompanhar o nascimento dos filhos devido às restrições impostas durante o período da pandemia de Covid-19.
A troca foi descoberta após um dos casais se separar, pois Cláudio Alves solicitou um exame de DNA para comprovar a paternidade do filho. A ex-mulher, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos, também quis fazer o exame. “Se ele não fosse filho do Cláudio, também não era meu”, disse.
O exame foi realizado no dia 31 de outubro de 2024 e o laboratório pediu uma contraprova, que indicou que a criança não era filha de Yasmin nem de Cláudio.
Meninos foram trocados após o nascimento em hospital de Inhumas, Goiás, denunciam pais
Reprodução/Arquivo Pessoal
“Eles disseram que o sangue do meu filho não era compatível com o meu. Eu pensei que era um erro. Mas veio a contraprova”, disse Yasmin.
A jovem se lembrou da família que estava no mesmo dia do nascimento do filho e conseguiu contato com eles por meio de um pastor. Após ela entrar em contato e contar o que houve, Isamara Cristina Mendanha, de 26 anos, e Guilherme Luiz de Souza, 27 anos, também fizeram o exame de DNA com o filho, que apresentou incompatível.
As famílias ainda não têm a prova de que o filho biológico de Yasmin está com a família de Isamara. Ao g1, Cláudio afirmou que não fizeram a comprovação da paternidade dos pais biológicos porque precisa de autorização judicial. O pedido à Justiça já foi feito, mas não foi avaliado até esta segunda-feira (9).
Foto mostra que um dos bebês trocados em maternidade tinha pulseira de identificação
As famílias disseram que as mães não tiveram nenhum acompanhamento durante o parto. Elas só se lembram de ver os filhos no quarto, depois que passou o efeito da anestesia. Nenhuma delas se lembra se havia pulseiras de identificação nas crianças, mas uma foto tirada logo após o parto mostra o filho de Yasmin com um bracelete (veja acima).
A jovem disse que passou mal durante o parto e não se lembra do que aconteceu na sala de recuperação. “Eu acordei e o bebê já estava do meu lado, minha mãe estava dentro do quarto. Eu me lembro de relances”, narrou Yasmin.
Já Isamara disse que chegou ao quarto antes do bebê, que foi levado até ela logo em seguida. “Eu levei a primeira roupinha do meu primeiro filho para colocar no segundo. E para mim, veio tudo certo [a roupinha do bebê]”, contou.
O marido de Isamara afirmou que sente que faltou cuidado e respeito com as famílias por parte do hospital, que recebeu a confiança deles.
“É um pesadelo. Eu acho que ninguém deveria passar por isso. Esse é um erro que os profissionais da saúde jamais deveriam cometer”, afirmou Guilherme.
Cláudio Alves, pai de bebê trocado na maternidade em Inhumas, presta depoimento, em Goiás
Thauany Mello/g1 Goiás
Nota na íntegra do Hospital da Mulher
“No momento o hospital não irá se pronunciar até que as investigações sejam concluídas. Como o caso está sob investigação policial e tramita em sigilo por envolver menores de idade, o hospital está legalmente impedido de fornecer informações acerca do caso à imprensa, em obediência à Lei Geral de Proteção de Dados.”
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