A Polícia Federal investiga o plano golpista que visava assassinar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF, Alexandre de Moraes. O plano “Punhal Verde e Amarelo” chegou a ser detalhado, com ações coordenadas, monitoramento de alvos e até códigos para comunicação entre os conspiradores, mas foi abortado na última hora.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, afirmou durante encontro do G20, que o ataque “só não ocorreu por detalhes”. Já o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, reforçou: “Eles chegaram muito perto”.
Segundo a investigação, Wladimir Matos Soares, um dos presos na operação, fez a segurança de Lula antes da posse como presidente. Ele seria responsável por passar informações sobre o dia a dia do presidente às pessoas próximas a Bolsonaro. O plano também previa um possível confronto com a segurança de Alexandre de Moraes.
La Casa de Papel? Suspeitos usavam codinomes para se comunicar
Entre os materiais apreendidos durante as investigações, destaca-se um documento do general da reserva Mario Fernandes. Nele, detalhava estratégias para os assassinatos e previa “danos colaterais aceitáveis”, como a morte de toda a equipe de segurança de Alexandre de Moraes.
As informações apontam que o ministro vinha sendo monitorado de perto, com trajetos e armamentos já definidos para a ação. Os conspiradores, que utilizavam o aplicativo Signal e codinomes como “Áustria”, “Brasil”, “Alemanha”, “Argentina”, “Japão” e “Gana”, estavam posicionados no dia 15 de dezembro de 2022, prontos para agir.
Às 20h33, tudo parecia seguir conforme o plano, mas, às 20h59, a ordem de abortar foi emitida. A justificativa veio de uma mensagem no grupo “Copa 2002”: “O jogo foi cancelado”, referindo-se ao adiamento da sessão no STF.
“Às 20h57min, Áustria escreve: ‘Tô perto da posição. Vai cancelar o jogo?’. Dois minutos depois, o usuário ‘teixeiralafaiete230’, responde: ‘Abortar… Áustria… volta para local de desembarque… estamos aqui’”, diz trecho das mensagens.
Por que o plano golpista foi abortado mesmo com o uso de militares de Forças Especiais?
A operação estava toda planejada, no entanto, foi suspensa devido a uma combinação de fatores. Segundo a PF, o adiamento de uma sessão no Supremo Tribunal Federal foi considerado um dos gatilhos para a suspensão da execução do atentado contra Moraes, no dia 15 de dezembro de 2023.
No dia marcado para a execução, os três alvos estavam em diferentes cidades, dificultando ainda mais o plano. Lula participava da Expocatadores em São Paulo, enquanto Alckmin estava em Brasília, em um encontro com governadores. Moraes, por sua vez, comandou uma sessão do STF e participou de um evento no TSE.
Embora a Polícia Federal tenha identificado que a movimentação dos alvos e o adiamento da votação no Supremo foram determinantes para o cancelamento, o relatório não esclarece por que a sessão seria importante para o plano. A PF segue com as investigações.