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‘As pessoas debocham’, diz mulher que perdeu quase R$ 40 mil em golpe do falso funcionário de banco


Produtora de vendas foi enganada ao ser convencida por golpista de que conta tinha sido invadida. Segundo ela, caso alertou possíveis vítimas, mas muitos acabaram caindo na farsa. Quadrilha presa fez mais de 50 vítimas no estado de São Paulo
Dez meses após cair no golpe do falso funcionário de banco e transferir quase R$ 40 mil para os criminosos, a promotora de vendas Nelci Rodrigues de Souza espera reaver o dinheiro. Segundo a vítima, que mora em Ribeirão Preto (SP), apesar do prejuízo e de ter que lidar com a ironia, o caso dela ajudou a alertar outras pessoas.
“As pessoas debocham, tiram sarro. Não tirem, não, gente, porque vocês não têm noção de como que é. Muita gente que falou pra mim ‘como você conseguiu cair’, muitos caíram. Muita gente caiu ainda depois e falou ‘você acredita que eu acabei caindo?’. E fora que muita gente não caiu por conta do que aconteceu comigo. Que na hora falou, ‘Neuci, você acredita que me ligaram e na hora eu pensei em você e foi minha sorte que não caí’”, afirma.
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Neuci registrou boletim de ocorrência e o caso é investigado como estelionato. Ela acionou a Justiça para tentar recuperar a quantia. Segundo a promotora de vendas, registrar o crime na Polícia Civil é ponto importante no processo.
“A gente faz o boletim e muitos falam pra deixar para lá, porque se caiu no golpe, não tem mais jeito. Não é assim. Está na Justiça, procurei uma advogada e ela me acolheu com muito carinho. A ação está fluindo, que a Justiça seja feita tomara a Deus. Procurei meus direitos porque a esperança é a última que morre”, diz.
A promotora de vendas Nelci Rodrigues de Souza foi vítima de golpistas em Ribeirão Preto, SP
Cacá Trovó/EPTV
Operação contra crimes digitais
Nesta segunda-feira (18), a Polícia Civil deflagrou uma operação que mira uma quadrilha responsável por aplicar golpes digitais. Os criminosos fizeram ao menos 50 vítimas no estado de São Paulo e causaram um prejuízo de cerca de R$ 1 milhão.
Os policiais cumpriram 15 mandados de prisão temporária e nove, de busca e apreensão, na região de Ribeirão Preto (SP). Entre os itens apreendidos estão celulares, chips de celulares, computador e R$ 40,9 mil em espécie.
Segundo a polícia, a quadrilha aplicava dois tipos de golpes digitais:
Falso e-commerce: criminosos divulgavam anúncios de produtos na internet que remetiam vítimas a compras em falso site de grande empresa de e-commerce, cujos pagamentos eram direcionados para pessoas físicas ou na maioria das vezes jurídicas inexistentes. As vítimas efetuavam o pagamento, mas não recebiam a mercadoria.
Golpe do WhatsApp: criminosos se passavam por familiares da vítima, que acabava realizando transferências bancárias acreditando que estavam ajudando o suposto familiar.
As investigações apontam que o dinheiro das vítimas era depositado não somente em contas bancárias de pessoas jurídicas inexistentes, como também para pessoas físicas, entre elas os chamados “conteiros”, que se beneficiam de pequenas remunerações por emprestar as contas. Em seguida, os criminosos faziam saques e transferências.
Golpes digitais por meio de celulares são cada vez mais comuns celular telefone smartphone
Cacá Trovó/EPTV
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Golpe por ligação no celular
No caso de Nelci, os criminosos entraram em contato por meio de uma ligação no celular e uma pessoa se identificou como funcionária do Nubank, onde ela possui conta.
A golpista alegou que outras pessoas estavam fazendo compras no CPF dela e que, por isso, ela precisaria transferir o dinheiro para uma suposta nova conta.
A vítima recebeu códigos no celular e autorizou transferências nos valores de R$ 19 mil e R$ 9,9 mil, mas o dinheiro, na verdade, foi transferido para outro destino.
A promotora de vendas Nelci Rodrigues de Souza foi vítima de golpistas em Ribeirão Preto, SP
Cacá Trovó/EPTV
Ainda acreditando que estava conversando com um funcionário do banco, a promotora de vendas concordou em passar R$ 9,7 mil, referentes ao limite do cartão de crédito, para uma conta dela do Bradesco, mas o valor também acabou indo para o golpista.
Ela só percebeu que tinha caído em um golpe quando a conversa com o criminoso desapareceu da tela. Ela foi orientada, sem perceber, a deletar o diálogo.
“Vontade de morrer, vontade de me matar. Isso eu tive várias vezes, porque é dolorido. Eu estou com a minha mãe acamada, eu trabalhando o dia inteiro, até sábado, e a pessoa vir e tirar quase R$ 40 mil em menos de uma hora. A sensação é de desespero, é de querer morrer.”
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