Chegada do Presidente da Argentina, Javier Milei
Jorge William/G20
O Brasil lança nesta segunda-feira (18) oficialmente no G20 a principal bandeira de sua presidência à frente do grupo: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, mas com resistências à ideia de taxar mundialmente grandes fortunas para financiar a iniciativa nesta reta final.
Diplomatas brasileiros temem que o presidente da Argentina, Javier Milei, aja como enviado especial do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e dificulte o fechamento do texto final da cúpula.
O Brasil propõe taxar grandes fortunas em 2% em escala global para financiar um grande programa de combate à fome e à pobreza.
O tributo internacional poderia gerar por ano US$ 250 bilhões, segundo estudo do economista francês Gabriel Zucman encomendado pelo Brasil.
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Relatório da ONU divulgado em julho deste ano mostra que, em todo o planeta, 733,4 milhões passaram fome em 2023 por pelo menos um dia. O número corresponde a um em cada 11 habitantes no mundo.
Milei esteve com Donald Trump na última sexta-feira (15). No mesmo dia, uma orientação passada à diplomacia da Argentina no G20 indicava que Milei não deve aceitar uma proposta concreta de criação de um tributo internacional sobre as fortunas, o que também é rejeito pelo presidente eleito dos Estados Unidos, que pretende ir na direção oposta, cortar impostos de ricos.
A proposta de criar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza está ganhando adeptos, como países da União Europeia e Reino Unido.
O presidente de saída dos Estados Unidos, Joe Biden, também manifestou apoio à proposta. Só que, diante das resistências de última hora, o texto final deve trazer uma proposta genérica de análise da criação de uma taxa sobre ricos no mundo.
O documento final da reunião do G20 no Brasil, encerrando a presidência brasileira à frente do grupo, também esbarra em divergências em outros dois temas defendidos pelo governo Lula.
No tópico crise climática e transição energética, países desenvolvidos cobram dos países emergentes participação no financiamento de programas de proteção ambiental em países pobres, enquanto o Brasil cobra dos países ricos o fundo de US$ 100 bilhões proposto no âmbito do Acordo de Paris.
No caso da reestruturação dos organismos multilaterais, como a ONU, a ideia não prospera desde sempre, apesar de ser defendida também por outros países.
E vai enfrentar a resistência também de Donald Trump a partir do ano que vem. O presidente eleito faz uma campanha contra os organismos multilaterais.
– Esta reportagem está em atualização