Valquíria Inácio Gonçalves, de 55 anos, seguia para um almoço na fazenda de um amigo em João Pinheiro, no Noroeste de Minas Gerais, quando em meio a chuva, pegou um caminho errado e o carro atolou. Ela foi encontrada por trabalhadores de uma empresa da região. Valquíria Inácio Gonçalves registrou o local onde passou 18 horas atolada no barro
Reprodução/Arquivo Pessoal
“Se eu não chegar em casa em 1h, podem pegar a enxada que eu estou atolada”.
De maneira divertida, é assim que Valquíria Inácio Gonçalves, de 55 anos, lembra das 18h que passou atolada em Campo Alegre, na zona rural de João Pinheiro, no Noroeste de Minas Gerais, na terça-feira (5).
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Ela saiu da cidade em direção à fazenda de um amigo, na região do Barreiro dos Veados, onde participaria de um almoço.
Depois do susto, Valquíria diz em meio a risadas, que a mensagem acima foi enviada para o amigo pouco antes de ela pegar um desvio errado devido à chuva e parar em um campo de eucaliptos. Por volta das 10h, o carro atolou no barro.
“Na hora que eu fiquei atolada já não estava chovendo mais, faltavam mais ou menos 6 quilômetros para eu chegar no meu destino. O carro estava deslizando muito e acabou ficando preso no barro”, contou.
No meio do nada, como ela mesmo diz, Valquíria andou pela área para procurar ajuda.
“Eu não deveria nem andar, estou com retocolite, que é uma doença no intestino e o ideal seria ficar mais em repouso. Mas a cada barulho que eu ouvia, saia do carro e dava mais uma volta”.
“Não fiquei nervosa, era eu e Deus. Conversei com ele o tempo todo e disse que se fosse da vontade dele que eu passasse a noite ali, que me iluminasse e me protegesse”.
Carro em que Valquíria passou a noite
Reprodução/Arquivo Pessoal
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Como se não fosse o bastante, por volta das 13h30, o celular de Valquíria descarregou e uma das últimas coisas que ela conseguiu fazer foi registrar o momento em meio aos eucaliptos.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, o filho Gabriel já comovia toda a família para sair em busca da mãe.
“A gente ficou muito preocupado, porque ela não chegava. Fomos na PM, mas disseram que só poderiam iniciar as buscas depois de 24h de desaparecimento”, lembrou.
Quando anoiteceu, Valquíria se abrigou no carro, onde ficou até as 4h do dia seguinte, quando um milagre surgiu em meio ao breu.
“Eu ouvi um barulho de máquina e fui atrás, no escuro mesmo, foi quando encontrei três trabalhadores de uma empresa conhecida aqui na região e eles me ajudaram”.
“O que me salvou foi Deus e as mangabas que eu usei para me alimentar. Tem muita gente falando que eu fui encontrada, ninguém me encontrou. Para tentar ajudar no resgate, que não aconteceu, eu ainda espalhei ramos pelo trajeto, para quem encontrasse soubesse que havia alguém por ali”.
Valquíria lembra que estava fraca e cansada. Segundo ela, os trabalhadores até tentaram ligar para algum conhecido, mas ela não se lembrava de nenhum número de celular.
Eles colocaram a mulher em uma das máquinas, deram água, comida e desatolaram o carro do barro.
“Tenho muito a agradecê-los. Depois eu entrei no meu carro e voltei para casa. Só que quando eu cheguei não havia ninguém, todos procuravam por mim. Chamo eles de a minha patrulha [ri]. Horas depois, alguém ligou para o meu filho e disse que eu estava em casa. O resto é história”.
Por fim, Valquíria deixa um recado.
“Não saiam no meio da chuva, principalmente, se for em campos de eucalipto. Se ficar perdido, para, espera um pouco, porque senão mais perdido você fica”.
Local onde o carro de Valquíria ficou atolado, próximo à plantação de eucalipto
Reprodução/Arquivo Pessoal
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