Nesta quarta-feira (6), o cientista e divulgador científico Sérgio Sacani esteve em uma palestra na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em Florianópolis, para falar sobre temas relacionados ao cosmos. Em uma mesa que também contou com Eslen Delanogare, Sacani comentou sobre a corrida espacial para ir à Lua até 2030, uma disputa que envolve os governos da China e dos EUA na busca pelo elementos hélio-3.
Youtuber e podcaster, Sérgio Sacani conta com quase 3 milhões de inscritos em seus projetos, o canal Space Today e o podcast Ciência Sem Fim. Ele é doutor em geociências pela Unicamp (Universidade de Campinas), sendo também reconhecido por ser professor de diversos cursos livres e de pós-graduação nas áreas de Astronomia, Data Science e Projetos Científicos.
Hélio-3 pode garantir a geração de energia limpa no futuro, defende Sérgio Sacani
Segundo o cientista, foi descoberta na Lua a abundância de um elemento chamado hélio-3, fundamental para o processo de fusão nuclear. “Os principais países do mundo têm projetos grandes de fusão nuclear. O problema hoje é que, para fazê-la, se gasta mais energia do que a energia que é gerada”, apontou.
A fusão nuclear é um processo de geração de energia que promete ser a energia limpa tão desejada por vários países. Ela é gerada a partir da união de átomos e é o mesmo processo que acontece no Sol, mas é difícil de controlar. “O hélio-3 é fundamental para que a gente possa fazer um processo de fusão nuclear ocorrer de maneira estabilizada”, explicou o cientista.
Além de estabilizar o processo de fusão nuclear, o hélio-3 também é bastante eficiente. “Com uma pequena quantidade, ele gera uma grande quantidade de energia. Isso vai resolver grandes problemas, porque ela representaria uma troca muito importante da matriz energética”, argumentou Sérgio Sacani.
Corrida espacial entre China e EUA
A busca de hélio-3 está no centro da corrida espacial atual, indicou o cientista. China e EUA são os grandes protagonistas dessa disputa. “Os EUA têm o Programa Artemis, que quer retornar à Lua até 2026, mas provavelmente vai atrasar. Já a China diz que tem um projeto para pousar o ser humano na Lua antes de 2030″, expôs.
Sérgio Sacani apontou para o fato de que os chineses têm uma leve vantagem nessa corrida, mas ainda não sabem como pegar o material na Lua e trazê-lo para a Terra. “A China já tem o mapa de onde o hélio-3 está distribuído na Lua para ser minerado. Muitas empresas e startups recebem dezenas de milhões de dólares em aporte para poder desenvolver métodos de como ir à Lua e pegar esse material”, declarou.
Comunicação entre cientistas e público em geral
Após a palestra, Sérgio Sacani conversou com o ND Mais. Entre os pontos abordados, o cientista chamou atenção para a importância das pessoas que fazem ciência terem uma comunicação efetiva com o público.
“É importante o cientista sair da sua torre de marfim e falar com o público. Existe um grande problema de se criar um abismo entre o público geral e as pessoas que fazem ciência, o que cria espaço para propagação de desinformação, fake news, teorias de conspiração e por aí vai”, defendeu Sacani.
A palestra fez parte do evento de abertura da Sepex (Semana de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação), promovida pela UFSC para expor e divulgar para a comunidade os projetos desenvolvidos na universidade.
Para Sérgio Sacani, os jovens que estiveram presentes são o futuro da ciência. “Acho que nós contribuímos um pouco para mudar esse cenário [de abismo entre cientista e público]. O futuro esteve hoje assistindo a gente e espero que as pessoas tenham recebido a nossa mensagem”, concluiu.