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Trump eleito: o que esperar da agenda econômica do próximo presidente dos Estados Unidos


Promessas do plano econômico do republicano podem pressionar a inflação americana e causar juros mais altos nos EUA. Situação traz reflexos ao Brasil. Trump durante comício em 24 de outubro de 2024
Carlos Barria/Reuters
Eleito presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira (6), o republicano Donald Trump carrega uma agenda econômica conservadora e protecionista para a maior economia do mundo.
➡️O que é uma agenda protecionista? O protecionismo é a teoria que defende favorecer e dar prioridade à atividade doméstica de um país, limitando a concorrência estrangeira. Isso pode ser feito de diversas formas e em diferentes graus, como limitando ou reduzindo a importação de produtos, incentivando o desenvolvimento interno com subsídios, entre outros.
Entre as propostas de seu plano econômico, está a elevação de tarifas para produtos importados – incluindo uma guerra comercial com a China – e o corte de impostos no país, além da promessa de reduzir a inflação e do endurecimento das regras de imigração.
“Vamos reduzir a dívida, reduzir impostos, podemos fazer coisas que ninguém mais pode fazer, ninguém mais será capaz de fazer isso. A China não tem o que nós temos, ninguém tem o que nós temos. Temos as melhores pessoas também, isso é o mais importante”, disse Trump durante seu discurso de vitória na quarta-feira.
Entenda nesta reportagem o que esperar da agenda econômica de Donald Trump e quais seus efeitos para o Brasil.
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Quais os principais pontos do plano econômico de Trump?
Entre as medidas de maior impacto propostas por Trump estão questões que envolvem o aumento de tarifas para produtos importados – principalmente aqueles vindos da China –, uma redução dos impostos domésticos, o apoio à indústria norte-americana e a contrariedade a incentivos para transição energética.
Entenda nos pontos abaixo:
💲Tarifaço
Uma das medidas de Trump que mais trazem preocupações a especialistas é de um aumento de tarifas para produtos importados.
A proposta é de impor uma alíquota de 10% a 20% sobre todas as importações – ou seja, todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos seriam afetados.
Especificamente para a China – que já vinha experimentando taxas mais altas por parte dos EUA há anos (mesmo no governo de Joe Biden) –, a proposta é de impor tarifas de 60% ou mais sobre os produtos importados do gigante asiático. (Entenda os efeitos para o Brasil mais abaixo)
✂️ Cortes de impostos domésticos
Além disso, outra promessa do plano econômico de Trump era a de reduzir ou limitar os impostos domésticos para tentar incentivar a indústria e a atividade norte-americana. Entre os pontos citados nesse caso, estavam:
A redução da alíquota corporativa de 21% para 15%;
A eliminação dos impostos sobre horas extras e sobre gorjetas de trabalhadores; e
A ampliação de um corte de impostos para todas as classes, incluindo os mais ricos.
O cenário tende a reduzir a arrecadação norte-americana e traz novas preocupações ao mercado sobre a capacidade dos Estados Unidos em cumprir com o pagamento da dívida do país. (Entenda mais abaixo)
🔒 Endurecimento das regras de imigração
Trump também defende um plano agressivo para dificultar a imigração ao país, retomando parte da estratégia de seu último mandato, entre 2017 e 2021.
Além do endurecimento das regras de imigração, com um aumento de penalidades para a entrada ilegal e para a permanência além do prazo dos vistos, o republicano também pretende iniciar o que chama de “maior programa de deportação da história dos Estados Unidos”.
🏭 Apoio à indústria doméstica e mudanças no mercado de energia
Outra medida proposta pelo republicano é o fim das restrições para o mercado de petróleo, gás natural e carvão, além do aumento da produção de energia em todas as fontes – incluindo a nuclear.
O republicano também prometeu o fim dos incentivos fiscais para a compra de veículos elétricos, e quer impedir a importação de veículos chineses. Segundo a proposta, a ideia é “revitalizar” a indústria automobilística dos Estados Unidos.
Além disso, a proposta dos republicanos também diz trazer um plano robusto para proteger trabalhadores, agricultores e indústrias dos EUA contra a “concorrência estrangeira desleal”.
“Nos comprometemos a reequilibrar o comércio, garantir a independência estratégica e revitalizar a manufatura”, diz o texto, que também diz querer acabar com as regulamentações que “sufocam empregos, liberdade e inovação”.
💰 Inflação na mira e corte de gastos públicos
A proposta de Trump também endereça o aumento da inflação visto no país nos últimos anos. Em suas promessas, o republicano diz querer “reverter a pior crise de inflação em quatro décadas”.
Trump também promete cortar gastos governamentais “desperdiçados” e regulamentações custosas e onerosas para o país.
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Quais os efeitos da vitória do Trump para o Brasil?
Segundo especialistas, apesar de o Brasil não estar no foco da política externa de Trump, seus posicionamentos podem ter efeitos no país.
Entre as medidas que devem trazer mais efeito estão a imposição das tarifas comerciais, a redução de impostos para empresas norte-americanas e o endurecimento das regras de imigração, que incluem um possível fechamento das fronteiras.
“Essas medidas são vistas como inflacionárias e potencialmente prejudiciais para a economia de outros países, especialmente para os mercados emergentes, como Brasil e México, que dependem fortemente do comércio global”, explica o vice-presidente executivo do Grupo Travelex Confidence, João Manuel Freitas.
Além disso, a imposição de tarifas maiores para a China também pode acabar intensificando a guerra comercial dos Estados Unidos com o gigante asiático e encarecendo parte dos preços.
De acordo com analistas da XP Investimentos, essa medida poderia ter um impacto limitado sobre os produtores de aço e mineradores, por exemplo.
“Como os EUA são um importador chave de ferro e aço, e a China provavelmente não ajustará sua oferta em resposta, essa situação poderia levar a um desequilíbrio entre oferta e demanda, impactando os preços do aço”, afirmaram os analistas em relatório.
A China é a maior fornecedora de aço do Brasil e isso também impactaria os preços por aqui.
Alta de juros
Os especialistas ainda destacam que o potencial aumento da inflação norte-americana, trazido pelas medidas protecionistas propostas por Trump, que também podem impactar o Brasil.
Além de possivelmente encarecer os produtos importados do país pelo Brasil, uma pressão inflacionária nos Estados Unidos também pode impor uma nova alta de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
Esse quadro é agravado, ainda, pela possível perda de arrecadação do governo norte-americano caso Trump resolva cumprir suas promessas de cortes de impostos domésticos.
Com menos recursos entrando no caixa do governo, há um aumento das preocupações com a capacidade de o país cumprir com o pagamento da dívida norte-americana. Essas dúvidas também tendem a aumentar a exigência de investidores por um prêmio maior, ou seja, juros mais altos.
E juros mais altos nos Estados Unidos tornam os países emergentes, como o Brasil, menos atrativos — o que pode acabar afastando investidores e dólares do país. Com impacto no câmbio, fica maior a pressão na inflação por aqui.
“No Brasil, essa conjuntura pode exigir ajustes nas políticas monetárias e mudanças no controle de inflação, impactando o custo do crédito, o consumo e o crescimento econômico”, diz o analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima.
“Já no cenário global, um dólar forte pode reduzir o ritmo de crescimento das economias emergentes, afetando o comércio internacional e a demanda por commodities, com reflexos diretos no Brasil, dada sua dependência de exportações de produtos básicos”, acrescenta.
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