A Polícia Federal incinerou oito toneladas do pó da “mimosa hostilis”, também chamada de “jurema-preta”, nesta quarta-feira (6). A droga foi apreendida em outubro, durante a Operação Roots nas cidades de Navegantes (SC), Conceição de Coité (BA) e Buri (SP).
O objetivo da operação era combater o tráfico internacional de drogas. Segundo a Polícia Federal, os investigados fazem parte da mesma família e enviaram entorpecentes para o Chile, Bulgária, Canadá e Argentina.
A empresa exportadora declarou que a substância era extrato da raiz de mimosa acácia, o que chamou a atenção dos investigadores. No entanto, a polícia constatou que era de fato mimosa hostilis.
‘Molécula do espírito’: conheça o pó da mimosa hostilis, substância psicodélica incinerada pela PF
A dimetiltriptamina (DMT) é uma substância psicodélica e alucinógena do grupo das triptaminas, extraída a partir da mimosa hostilis, árvore comum no semiárido brasileiro.
Típico do bioma da caatinga, o arbusto é encontrado em quase todo o Nordeste do país, além do México, El Salvador, Honduras, Panamá, Colômbia e Venezuela.
A casca da mimosa hostilis é triturada para a produção do pó. A dimetiltriptamina, presente na planta, é conhecida como “molécula do espírito”.
A DMT ainda é o princípio ativo da mistura da ayahuasca, bebida psicodélica tradicional entre os povos indígenas da Amazônia usada em rituais religiosos e terapias medicinais.
Um exemplo é a “Culto da Jurema”, tradição religiosa nos estados da Paraíba e de Pernambuco. O ritual começou com os povos indígenas e a mimosa hostilis é considerada sagrada até hoje.
No Brasil, o uso é liberado para fins religiosos, mas a venda para uso recreativo é proibida. A substância presente na mimosa hostilis e na ayahuasca é procurada sobretudo pela capacidade de provocar um “despertar espiritual” no usuário.
A DMT é um alucinógeno potente, de ação rápida e de curta duração. A droga age nos receptores de serotonina no cérebro, causando alucinações, euforia, distorção de cores e sons, visão dupla, mudança na percepção do tempo e uma experiência “fora do corpo”.
Contudo, a substância também oferece riscos e pode desencadear problemas psicológicos e mentais, como a esquizofrenia. Alguns efeitos colaterais são a agitação, pressão alta, diarreia, vômito, tontura, batimentos cardíacos acelerados e pupilas dilatadas.