Polícia Civil acredita que ela foi assassinada e decidiu retomar buscas após resultado de laudo da perícia feito no carro de Marcos Vagner de Souza. Apontado como pai do bebê, homem é réu e alega inocência. Força-tarefa retomou, nesta terça-feira (5), as buscas por Isis Victoria Mizerski
Fabio Angelo/RPC
Uma força-tarefa entre as Polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros do Paraná retomou, nesta terça-feira (5), as buscas por Isis Victoria Mizerski, que desapareceu no dia 6 de junho em Tibagi, nos Campos Gerais. Quando sumiu, ela tinha 17 anos de idade e estava grávida. A polícia trabalha com a hipótese de que Isis está morta.
Os novos trabalhos, que acontecem cerca de quatro meses depois das últimas operações de busca por Isis, são motivados pelo resultado de um laudo da perícia feito com amostras de lama encontradas no carro do suspeito do crime, o vigilante Marcos Vagner de Souza, apontado como pai do bebê, explica o delegado Jonas Avelar.
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Marcos Vagner está preso e desde junho é réu por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e aborto provocado sem o consentimento de Isis. Ele diz ser inocente. Veja detalhes mais abaixo.
Segundo a corporação, a nova força-tarefa conta com o efetivo de policiais civis, policiais militares, bombeiros, além de três cães farejadores e seus condutores do Grupo de Operações de Socorro Tático do Corpo de Bombeiros, “referência em operações de buscas no Paraná”.
A previsão é que as buscas sejam realizadas até quinta-feira (7) e perrcorram cerca 15 hectares em 21 pontos entre Tibagi e Telêmaco Borba – área correspondente a 21 campos de futebol.
“Os vestígios de solo encontrados no veículo são compatíveis a uma região bastante extensa, por isso, mesmo já havendo sido feitas buscas na localidade, com a confirmação do laudo julgou-se importante intensificar o procedimento de buscas”, informa a Polícia Civil.
Força-tarefa retomou, nesta terça-feira (5), as buscas por Isis Victoria Mizerski
Fabio Angelo/RPC
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O que diz o laudo da perícia
De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o laudo pericial atestou a presença de um tipo de solo específico no carro de Marcos. Com isso, as áreas prioritárias de busca foram definidas.
O g1 teve acesso ao documento, que aponta que as amostras controles, coletadas do solo para comparação com as amostras encontradas no veículo, foram localizadas em uma estrada de chão que fica próxima à PR-340.
Um mapa anexado ao laudo mostra o lugar exato, indicando como referência um supermercado – de onde câmeras de segurança registraram Marcos trafegando em direção à rodovia na noite do desaparecimento de Isis. Veja abaixo.
Laudo pericial do Caso Isis
Reprodução
O laudo ressalta que a compatibilidade entre a amostra do solo e a coletada do carro de Marcos pode ser definida “como alta a muito alta, com similaridade máxima entre 91,0 a 91,5%, com semelhança muito expressiva em termos de morfologia, composição química, mineralógica e/ou biológica, incluindo a presença de muitas partículas relativamente incomuns”.
Sobre o laudo, a defesa de Marcos Vagner de Souza se manifestou em nota.
“Ressaltamos que o laudo do solo apenas informa, de forma genérica, a região rural de Tibagi, que era constantemente frequentada por Marcos considerando que ele fazia rondas diárias na região”, alega o advogado Renato Tauille.
Caso Isis
Caso Isis: Adolescente grávida desaparecida no Paraná
De acordo com o delegado Matheus Campos Duarte, Isis e Marcos tiveram relações sexuais entre abril e maio de 2024 e a adolescente engravidou do vigilante.
Semanas depois, ela começou a desconfiar da gestação e no dia 3 de junho contou para Marcos das próprias suspeitas, afirma o delegado. As investigações apontam que ele pediu que ela fizesse um teste, que confirmou a gravidez.
O delegado afirma que os dois saíram para se encontrar no dia 6 de junho – e desde então, Isis não foi mais vista.
As investigações reuniram imagens de câmeras de segurança que mostram Marcos em uma farmácia dois dias antes do sumiço. Três testemunhas afirmaram, em depoimento, que ele as procurou para tentar comprar remédios abortivos.
Vídeos e registros da localização do celular de Marcos na noite do desaparecimento e nos dias seguintes também contribuíram para aumentar as suspeitas de crimes.
Veja a cronologia do caso
Delegado Matheus Campos Duarte foi responsável pela investigação na Polícia Civil
AEN
Processo na Justiça
O inquérito foi finalizado no começo de agosto.
Quando a Polícia Civil anunciou o indiciamento do homem, o delegado Matheus Campos Duarte comparou o caso de Isis ao de Eliza Samudio. Ela desapareceu em 2010 e nunca teve o corpo encontrado. Apesar disso, acusados de envolvimento no crime foram condenados – incluindo o ex-goleiro Bruno Fernandes.
Assassinato sem corpo: Especialistas explicam como Justiça trata desaparecimento de adolescente grávida no Paraná como homicídio
Marcos Vagner de Souza virou réu na Justiça por três crimes, todos no âmbito da violência doméstica:
homicídio triplamente qualificado (por feminicídio, dissimulação e motivo torpe);
ocultação de cadáver;
aborto provocado sem o consentimento da vítima.
No final de outubro, a Justiça começou as audiências de instrução e julgamento do caso para definir se Marcos vai a júri popular, ou não. A intenção era ouvir 18 testemunhas, mas devido à ausência de testemunhas de defesa as audiências foram suspensas e não têm data prevista para retorno.
Desde o início das investigações, a defesa de Marcos nega que ele tenha envolvimento em algum crime relacionado ao desaparecimento de Isis.
A Polícia Civil destaca que quem tiver informações sobre vestígios do paradeiro da adolescente pode fazer denúncias anônimas através dos telefones 197, da corporação, ou 181, do Disque-Denúncia.
Marcos Vagner de Souza e Isis Victória Mizerski
Reprodução
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