Karle Cristina e seu bebê Lorenzo morreram no Hospital Dona Regina. Família denunciou falta de médicos especialistas e Ministério Público fez vistoria para apurar possíveis falhas na prestação de serviços. Vídeo mostra João Pedro Bassorici e Karle Cristina durante ensaio fotográfico da gravidez
Após a morte de Karle Cristina Vieira Bassorici e seu bebê, o pai e marido João Pedro Pereira prestou homenagens aos dois em sua rede social. Karle morreu no Hospital Maternidade Dona Regina, em Palmas, após o parto e o caso foi denunciado pela família, que alega negligência da unidade. Na publicação, João falou sobre sua história com a esposa e se despediu.
“Peço a Deus e todos que só lembrem do lindo e perfeito sorriso dela e dos momentos felizes que ela nos deixou. Enquanto ela teve o filho dentro dela, ela foi a melhor mãe e me fez um marido perfeito. A mulher perfeita. Sempre vou ser o pai do nosso anjinho. Minha eterna esposa”, escreveu.
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Publicação de Joao Pedro Pereira Miranda Bassorici sobre a morte de Karle Cristina Vieira Bassorici e seu filho Lorenzo
Reprodução/redes sociais
Karle foi ao Dona Regina na noite de terça-feira (29) por volta das 21h30, com queixa de febre e dores lombares, segundo a família. Ela recebeu medicação e foi liberada. No dia seguinte ela voltou ainda com dores, mas desta vez com sangramento. Foi feito o parto, mas o bebê teria nascido sem vida, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Karle morreu horas depois.
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Nas redes sociais do marido há várias fotos foram publicadas nos últimos meses, mostrando a gestação de Karle, que estava com 38 semanas de gravidez. A primeira publicação, fixada no perfil, mostra o chá de revelação do sexo do bebê.
“Ela era uma mulher de coração enorme, um amor com compaixão que não sei de onde vinha esse amor todo. Era filha única, fazia tudo pelos seus pais”, escreveu em outro trecho da publicação.
Karle Cristina Vieira estava grávida de 39 semanas. Ela e o bebê morreram no Hospital e Maternidade Dona Regina.
Arquivo Pessoal
Os dois se conheceram em 2018 durante o curso de técnico de enfermagem e se apaixonaram com o tempo. Depois de alguns anos juntos João e Karle se casaram, em julho de 2022.
Família denuncia morte
Após a morte de Karle e seu bebê na última quarta-feira (30), a família dela registrou boletim de ocorrência para que a Polícia Civil investigue a causa das mortes.
“A família está desolada e entende que é fundamental esclarecer os fatos de maneira adequada. Para tanto, foi registrado um boletim de ocorrência, no qual o caso está sendo tratado como homicídio culposo”, afirma o advogado Breno Vieira.
Karle morreu na maternidade Dona Regina, em Palmas
Arquivo Pessoal
O caso foi registrado pela irmã de Karle na 1ª Central de Atendimento da Polícia Civil. A família também contesta que a informação da SES de que o bebê era natimorto. De acordo com o advogado, inicialmente eles foram informados que o bebê nasceu com vida, inclusive teria sido submetido a procedimentos de reanimação. Logo depois, a equipe médica relatou o óbito do recém-nascido. Mesmo assim teria sido feita uma certidão de natimorto.
Sobre o caso a Secretaria Estadual de Saúde informou que que os trâmites internos foram feitos e aguarda relatório do IML para tomar as medidas cabíveis. Já sobre a equipe e serviços da unidade, a SES disse que realiza ações para fortalecer a rede hospitalar como chamamentos públicos para médicos especialistas em ginecologia e obstetrícia e pediatria e a indenização para profissionais de saúde para garantir a recomposição de escalas. (Veja as notas completas abaixo)
Vistoria no Dona Regina
Na quinta-feira (31), o Ministério Público foi até ao Hospital e Maternidade Dona Regina e realizou uma vistoria. Foram solicitadas cópias de prontuários médicos e outros documentos. Segundo a promotoria, a inspeção busca identificar possíveis falhas na prestação de serviços do hospital e ausência de especialistas.
A diretoria do hospital tem 15 dias para enviar as informações solicitadas. O MP também pediu informações sobre o número de profissionais de saúde na maternidade, que possuem especialidades de obstetrícia e pediatria, a escala de plantonistas e o número mensal de atendimentos, detalhando os partos realizados.
Ministério Público faz vistoria no Hospital Dona Regina após morte de grávida e bebê
Divulgação/MPTO
Nota da SES sobre a morte de Karle
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) lamenta profundamente o falecimento da paciente Karle Cristina Vieira Bassorici e seu recém-nascido, ocorrido na quarta-feira, 30, no Hospital e Maternidade Dona Regina Siqueira Campos (HMDR).
A SES-TO esclarece que a referida paciente foi acolhida no HMRD, na terça-feira, 29, às 22h02 quando foi avaliada e recebeu alta hospitalar, sob a orientação de retornar ao local em caso e alteração do quadro clínico.
A SES-TO destaca que na quarta-feira, 30, às 6h48, a paciente retornou, quando foi avaliada, fez o parto às 7h45 e após o procedimento agravaram-se os quadros clínicos e mesmo com todos os esforços da equipe multiprofissional, lamentavelmente foram a óbito.
A SES-TO pontua que todos os trâmites internos da unidade hospitalar foi efetuada e aguarda o relatório do Instituto Médico Legal (IML), para onde o corpo da paciente foi encaminhado, para tomar as medidas cabíveis.
Nota da SES sobre serviços e atendimentos no Dona Regina
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que trabalha de forma estratégica para fortalecer a rede hospitalar sob sua gestão, em especial ao Hospital e Maternidade Dona Regina Siqueira Campos (HMDR), unidade de alta complexidade referência para a macrorregião sul do Tocantins.
Dentre as ações da gestão estão os chamamentos públicos, amplamente divulgados para a contratação de médicos especialistas em ginecologia e obstetrícia e pediatria e o estabelecimento de indenização para profissionais de saúde que atuam em plantões extraordinários nas unidades hospitalares, com o objetivo garantir a imediata recomposição de escalas de serviço de profissionais de saúde e substituir os servidores em caso de licença, com atestado médico, ou em gozo de férias.
A SES-TO pontua que foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE-TO), da quinta-feira, 31, a instituição de Indenização por Procedimentos Obstétricos, com valores específicos para o HMRD, contribuindo para suprir as lacunas de médicos especialistas e estimular as equipes.
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