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Cemitério centenário em Ribeirão Preto vira ponto turístico e atrai curiosos e fãs de lendas urbanas


Tour no Cemitério da Saudade tem fila de espera e é organizado por pesquisador que estuda local há sete anos. Cemitério da Saudade, em Ribeirão Preto, vira ponto turístico e recebe visitação guiada
Reprodução/EPTV
Os cemitérios costumam reunir milhares de pessoas no Dia de Finados, mas a visita não mais se limita a esta data.
Já bem difundido em outros países, o turismo cemiterial vem ganhando espaço no Brasil por conquistar tanto quem se interessa pela história de personalidades que ali estão enterradas, quanto fãs de lendas urbanas e atividades paranormais.
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Em Ribeirão Preto (SP), o centenário Cemitério da Saudade, fundado em 1893, é um bom exemplo disso.
Acompanhar a história de mortos famosos e a evolução de túmulos e lápides ao longo dos anos virou trabalho para o historiador Felipe de Souza, idealizador do tour ‘Um Ribeirão de Saudade’.
Tour revela arte e história em cemitério em Ribeirão Preto, SP
O passeio, que acontece sempre no último domingo do mês e dura em média duas horas, passa por aproximadamente 20 pontos importantes dentro do cemitério. Ao g1, o historiador disse que o interesse é tanto, que chega a ter fila de espera.
“Eu levo as pessoas nos túmulos mais famosos, das personalidades que contribuíram muito aqui para Ribeirão, como os ex-prefeitos Camilo de Mato e Costábile Romano, e Carlo Barberi, famoso escultor italiano no início do século XX, o túmulo da família da Rainha do Café, entre outras personalidades”.
Cemitério centenário em Ribeirão Preto vira ponto turístico e atrai curiosos e fãs de lendas urbanas
Arquivo Pessoal
Veja abaixo os dez túmulos mais visitados do cemitério:
Menino Zezinho, conhecido como milagreiro em Ribeirão Preto
Túmulo das Almas
Túmulo dos Padres
Menina da Piedade
Alfredo Condeixa Filho
Antônio Duarte Nogueira
Associação Olivetanos do Mosteiro São Bento
Camilo de Mattos
Costábile Romano
Dom Aparício
Lendas urbanas
Além da parte histórica, Souza — que também é professor — traz ao público lendas urbanas que são famosas na cidade. Desta forma, ele consegue agradar todos que participam do tour.
Uma das mais conhecidas é a da Loira do Cemitério da Saudade, diz Souza. A história conta o dia em que um rapaz conheceu uma bela moça loira durante um baile de bairro, mas o final da noite não foi o que ele esperava.
“Ela quis levá-la para casa, só que ela não deixou e saiu antes mesmo da meia-noite, correndo. A moça pegou um táxi e foi em direção ao cemitério e ele começou a segui-la, quando viu que o carro parou na porta do Cemitério da Saudade e ela entrou, o rapaz ficou com muito medo e foi embora”.
O historiador conta que, apesar de não acreditar e, ao mesmo tempo, não duvidar da veracidade das lendas urbanas, faz questão de contá-las durante as visitas, já que elas fazem parte da cultura popular.
O historiador de Ribeirão Preto, Felipe de Souza, organiza a visita no Cemitério da Saudade
Arquivo Pessoal
Turismo Cemiterial
A visita a cemitérios é uma atividade comum em vários países e atrai muitos turistas. Em Paris, na França, o Cemitério Père-Lachaise é um dos grandes pontos turísticos, assim como o La Recoleta, em Buenos Aires, na Argentina.
Ali, além dos jardins que rodeiam a necrópole, lápides e luxo que retratam a história econômica do país latino também chamam a atenção. No local estão enterradas personalidades como Evita Perón, ex-primeira dama, e Carlos Pellegrini, ex-presidente.
“Aqui no Brasil [este tipo de turismo] está chegando com tudo de uns tempos pra cá. Existe o turismo cemiterial na capital, São Paulo, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul. Em Minas Gerais tem um pessoal pioneiro desde 2011 no Cemitério do Bonfim, que realiza estas visitas turísticas”, diz o historiador.
Na região de Ribeirão Preto, além do Cemitério da Saudade, a necrópole do distrito de Bonfim Paulista, criada no século XIX, também guarda obras de artes, estátuas e muita história.
Cemitério da Saudade, em Ribeirão Preto, vira ponto turístico e recebe visitação guiada
Reprodução/EPTV
Quem participa do tour?
Para organizar as visitas, Souza disponibiliza um formulário na página dele no Instagram e, com isso, consegue entender quem são as pessoas que procuraram este tipo de atividade em Ribeirão Preto.
“A maioria das pessoas que vão são adultos, apesar de irem pessoas de idades variadas. No último tour até um bebezinho estava na turma, assim como idosos vão também. Mulheres vão bastante, a gente percebe que elas estão gostando bastante de aprender”.
Outro ponto importante, segundo ele, é que o público busca por diferentes experiências ao participar da visita e pode ser dividido em:
quem gosta de conhecer a história por trás de cada túmulo e a arquitetura cemiterial
quem quer ouvir lendas urbanas envolvendo as pessoas enterradas no local
Público em Ribeirão Preto se interessa por visita guiada ao Cemitério da Saudade
Arquivo Pessoal
Independentemente do que cada um busca e acredita, Souza sempre faz questão de lembrar que o cemitério é um local que merece respeito. Por isso, algumas regras são passadas de forma individual para os participantes.
“Além de orientações como usar sapatos fechados, protetor solar, repelente e chapéu por conta do sol, a gente orienta também em relação as fotos e as imagens. Porque o cemitério, apesar de ser um local cultural, ele é, antes de tudo, um local de luto, de tristeza, de rituais mortuários, a gente tem que ter respeito”.
Interesse por cemitérios
Felipe de Souza estuda cemitérios no Brasil e no mundo há mais de 20 anos. Em Ribeirão Preto, onde vive, se dedica em conhecer os 131 anos de história do Cemitério da Saudade, e as personalidades importantes da região enterradas ali.
Desde 2017, o historiador leva os alunos para visitas à necrópole, localizada nos Campos Elíseos, mas só em 2023 que ele decidiu abrir o tour para a população e conta que, desde então, todas as turmas lotam. A entrada é gratuita.
“Eu faço uma vez por mês e eles gostam bastante, é o que eu vejo até por conta do número de inscrições. Quando eu abro [as inscrições] geralmente dá umas 50 pessoas e as vagas esgotam rápido, geralmente entre 24h, 48h. Os feedbacks também são positivos”.
Para o historiador, o fato de as visitas serem de dia e em grupo, facilita a participação de todos e muita gente que vai, diz que sempre teve vontade de conhecer a história do local, mas, por medo, nunca tinha ido.
Felipe de Souza, historiador de Ribeirão Preto (SP), estuda cemitérios há 20 anos
Reprodução/EPTV
*Sob a supervisão de Flávia Santucci.
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