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Veja o que dizem especialistas sobre causas e consequências da falta de chuvas em Santarém


De acordo com a meteorologista, embora o retorno das chuvas seja esperado para dezembro, a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) aponta que em novembro as precipitações estarão abaixo da média. Seca registrada em 2023 decretou situação de emergência em 18 de outubro, e fez com que as ações preventivas deste ano começassem mais cedo.
Eduardo Brito/ TV Tapajós
Em Santarém, oeste do Pará, a população tem sentido os efeitos de uma estiagem prolongada, enquanto outras cidades vizinhas registram chuvas esporádicas. A meteorologista e doutora em Ciências Climáticas, professora Ana Carla dos Santos Gomes, aponta que essa sensação de seca e calor intenso e contínuo tem origem no fenômeno El Niño, ocorrido no ano passado, que reduziu significativamente as chuvas na região.
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“Esse fenômeno climático alterou o regime de chuvas e intensificou a estiagem na Amazônia, contribuindo para o calor mais intenso e a diminuição de precipitações em Santarém”, explicou Ana Carla.
A climatologia local indica que os meses de agosto, setembro e outubro tradicionalmente têm baixos índices de chuva em Santarém, sendo novembro um período de transição para o início do período chuvoso, que geralmente ocorre a partir de dezembro, quando a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) migra para o hemisfério sul. Esse fenômeno é responsável por trazer a umidade necessária para intensificar as chuvas na região.
Segundo Ana Carla o desmatamento na Amazônia também interfere no equilíbrio atmosférico.
“A perda da cobertura florestal resulta em elevação das temperaturas e na redução das chuvas, afetando o clima regional de forma significativa”, afirma.
A modificação dos padrões climáticos naturais, aliada ao aquecimento global, tem contribuído para prolongar períodos secos e aumentar a frequência de eventos extremos, como chuvas intensas e estiagens prolongadas.
A região de Santarém, classificada como de clima tropical úmido ou subúmido, é naturalmente quente e úmida, com uma estação seca de curta duração. No entanto, o impacto das mudanças climáticas eleva ainda mais as temperaturas, alterando o equilíbrio do sistema climático da região e resultando em maior percepção do calor pela população.
Ainda de acordo com a meteorologista, embora o retorno das chuvas seja esperado para dezembro, a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) aponta que em novembro as precipitações estarão abaixo da média.
A professora Ana Carla menciona que o fenômeno La Niña, que poderia antecipar as chuvas, ainda apresenta uma probabilidade de 75% de continuidade até janeiro, mas com sinais de enfraquecimento nos meses seguintes, diminuindo a chance de antecipação do período chuvoso.
A seca prolongada traz uma série de consequências, não apenas ambientais, mas também econômicas. A paisagem da região mudou, com a presença constante de fumaça, resultante de queimadas, que prejudica a qualidade do ar. Além disso, as altas temperaturas e a falta de umidade afetam a produção agrícola, elevando os preços dos produtos e comprometendo a qualidade de frutas e hortaliças.
“Esse cenário impacta diretamente a população, principalmente os agricultores, que sofrem com a queda na produção e o aumento dos custos”, ressalta Ana Carla.
Embora a seca atual esteja dentro do padrão dos últimos anos, a intensificação do calor e da ausência de chuva é um indicativo das mudanças climáticas em curso. Ana Carla alerta que, com o aquecimento global, há uma tendência de intensificação dos eventos extremos, levando a secas mais prolongadas e chuvas concentradas em períodos curtos.
“A situação exige um olhar atento e políticas que promovam a conservação ambiental, além de ações de mitigação que reduzam os impactos na vida da população e na economia local”, concluiu.
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