Aymee Sophie Aoares de Almeida, de 12 anos, adotou ‘Paçoca’ há um ano e meio. Animal também companhou menina em sessão na Alep onde fez sucesso ao cacarejar. Menina autista consegue na Justiça direito a viajar de ônibus com galo de apoio emocional
A menina Aymee Sophie Soares de Almeida, de 12 anos, diagnosticada com autismo, conseguiu garantir o direito de viajar de ônibus com um galo de apoio emocional, o Paçoca.
Há dois anos, ela recebeu a notícia de que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nos momentos difíceis, a garota, também diagnosticada com condições psíquicas e neurológicas, recorre ao Paçoca.
“Quando eu estou triste, quando estou mal… Eu pego ele melhora”, contou Aymee.
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Animal ajuda Aymee a ficar tranquila em locais com muitos estímulos, como mercados
RPC Cascavel
Como tudo começou
Há um ano e meio, a família estava em um sítio quando Aymee se interessou por um pintinho. Ela disse que o animal estava isolado dos outros, porque ele estaria sofrendo bullying.
Ela se identificou com a situação e, em um primeiro momento, Janete, mãe de Aymee, quis tirar da cabeça da menina a ideia de adotar o bichinho. Mas não teve jeito. Ali começou uma relação inseparável entre os dois.
“Ele é um ótimo amigo, companheiro, ele é muito especial para mim”, conta Aymee.
Em imagens compartilhadas pela família, é possível ver que o animal dorme junto com Aymee na cama. Chamego também não falta. Veja no vídeo acima.
Paixão por animais começou nos primeiros anos de vida
Acervo pessoal
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Para facilitar a união, Paçoca ganhou até uma bolsa especial para passear. Assim, a família toda circula, até de moto, pelas ruas de Cascavel, no norte do Paraná. O galo vira atração por onde passa, o que também ajuda na socialização da Aymee.
O que pode parecer uma tarefa simples e cotidiana, para quem é autista pode ser algo perturbador, diante de tantas luzes, barulho e estímulos. Em momentos como esses, Paçoca é um grande aliado.
“Por conta da hiper estimulação. Só você olhar ao lado, você vê muitas cores, cheiros, esse barulho… É muito estímulo. Para o autista, a hiper sensibilidade é termo de diagnóstico. O cérebro foca em uma coisa e consegue desassociar do resto e é por isso que o Paçoca é tão importante no mercado”, explicou a mãe.
O médico neurologista Icaro Bertechine afirma que há comprovação científica de como os animais ajudam no desenvolvimento de pessoas com autismo.
“Ele ajuda a pessoa a ter responsabilidade com o bichinho, a criança tem que cuidar dele, questão de socialização também, ela conversa, ela consegue ter uma brincadeira imaginativa também.”
Direito garantido
Recentemente, a história do Paçoca com a Aymee rendeu um novo capítulo. Pela primeira vez, o galo embarcou em um ônibus de viagem de Cascavel para Curitiba.
Na capital, a menina fez todas as consultas em um hospital junto do fiel escudeiro. O galo também participou de uma audiência na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) sobre autismo.
O galo de apoio emocional Paçoca em audiência sobre autismo
Acervo pessoal
Para garantir que a menina conseguisse embarcar no ônibus com o galo, a advogada Evelyne Paludo explica que foi preciso apresentar uma série de atestados – de Aymee e de Paçoca.
“Encaminhamos toda a documentação demonstrando que o galo Paçoca tinha atestado sanitários, tinha atestado de saúde do médico veterinário, que a Aymee tinha um laudo médico psiquiátrico informando a necessidade de acompanhamento deste animal por ser um animal de suporte emocional e a empresa, administrativamente, entendeu o caso específico e encaminhou para o guichê aqui de Cascavel a autorização de embarque”, afirma.
A advogada destaca que, hoje, o embarque com animais de apoio não é regulamentado nem por lei estadual nem federal.
“Existe um projeto de lei aprovado na Câmara de Cascavel que precisa ser sancionado. A gente precisa de uma lei federal que garanta o embarque destes animais de suporte emocional justamente para que esse direito não seja questionado”, afirma.
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