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Suor excessivo fez mãe buscar atendimento a bebê com doença rara que retirou 98% do pâncreas: ‘Parecia que estava em maratona’


Sudorese chamava atenção de Lucimara Costa, mas diagnóstico demorou para sair. Menina tem hiperinsulinismo congênito, condição descoberta após episódios repetidos de hipoglicemia. Bebê de 7 meses foi diagnosticada com hiperinsulinismo congênito e passou por primeira cirurgia robótica do mundo no HC
Valdinei Malaguti/EPTV
Os meses que passou sem saber o diagnóstico da filha de 7 meses foram os mais tensos para Lucimara Costa.
A menina, que já apresentava episódios de hipoglicemia desde os primeiros dias de vida, chegou a ser internada aos três meses, mas a doença só foi descoberta quando ela estava quase completando seis.
“Ela tinha uns sintomas em casa, que era uma sudorese muito forte, parecia que ela estava em uma maratona. Inclusive, a gente colocou ar-condicionado em um dos cômodos da casa por conta dela”.
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Segundo Lucimara, ao procurar atendimento médico para a filha, faltavam informações sobre o que a menina, de fato, tinha.
“Eu vinha no ambulatório, falava com o pessoal ‘olha, ela transpira demais, é excessivo’. ‘Não, mãe, é porque é muito quente Ribeirão Preto’. Mas eu percebia que era excessivo. Durante a noite, tinha de tirar a roupa dela. Você podia torcer a roupa dela”.
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A bebê foi diagnosticada com hiperinsulinismo congênito, doença que faz com que o pâncreas produza insulina independentemente do nível de glicose no sangue, o que pode levar à hipoglicemia e agravar o quadro em crianças tão pequenas.
Recentemente, ela foi a primeira criança no mundo a passar por uma cirurgia robótica no pâncreas. No Brasil, 164 pacientes convivem com a mesma doença.
Bebê de 7 meses passou por primeira cirurgia robótica do mundo para retirada de pâncreas no HC de Ribeirão Preto, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
Episódios repetidos de hipoglicemia
Endocrinologista pediátrico do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Raphael Del Roio Liberatore Junior, explica que a condição da bebê foi descoberta depois de episódios repetidos de hipoglicemia, onde era necessário tomar glicose na veia para normalização.
“Como ela mantinha episódios de hipoglicemia, isso é absolutamente anormal a partir do quinto dia de vida, a gente iniciou a investigação focada na principal causa para esse fenômeno, que é o hiperinsulinismo congênito”.
A menina chegou a passar por tratamento a base de medicamentos, mas sem evolução do quadro, a cirurgia passou a ser a opção mais viável.
O procedimento foi realizado por um robô comandado por uma equipe multiprofissional do HC via Sistema Único de Saúde (SUS) e durou cerca de quatro horas. Foram retirados 98% do pâncreas da bebê.
HC de Ribeirão Preto, SP, fez a primeira cirurgia robótica de pâncreas do mundo em bebê de 7 meses
Reprodução/EPTV
O caso, inédito no mundo, precisou de adequações para que tivesse êxito, diz Fábio Volpe, cirurgião da divisão de cirurgia pediátrica e transplante de fígado do HC.
“Estamos falando de uma criança de 7 meses e oito quilos. Como não existia referencial teórico e nem técnico na literatura, usamos a experiência que a equipe já tem em videocirurgia para fazer algumas adequações. Muitas vezes, o que limita o uso do robô em crianças pequenas é o campo operatório. Você não tem muita janela para implementar os braços e articulações do robô dentro da cavidade abdominal. Mas algumas adequações foram possíveis, e somado à experiência que a equipe tinha, fez com que a cirurgia pudesse ser exitosa”.
Segundo ele, o robô ganha em precisão em comparação com os outros tipos de cirurgia: aberta e laparoscópica.
Cirurgia robótica no HC em Ribeirão Preto, SP, foi feita pela primeira vez em bebê de 7 meses
Reprodução/EPTV
“Ganha em alguns detalhes técnicos, que fazem com que a complicação seja menor e o resultado mais favorável. Quando se fala de uma criança pequena com um pâncreas com uma dimensão de seis, sete centímetros e a obrigatoriedade de tirar 95% do órgão, faz com que o robô deva ser considerado uma possibilidade”.
A adaptação de instrumentos, de acordo com o cirurgião do aparelho digestivo Alberto Facuri Gaspar, foi essencial para o sucesso do procedimento.
“Em criança, a gente sabe que, do ponto de vista anatômico, é até mais fácil de ver os órgãos. Mas, por outro lado, a criança não tem espaço, o espaço geralmente é escasso. Então a gente conversou, conseguiu adaptar instrumentos de adulto, com um pouco de diâmetro menor”.
Lucimara Costa, mãe da bebê de Ribeirão Preto (SP), que passou por cirurgia robótica
Valdinei Malaguti/EPTV
Assista à reportagem do EPTV1 na íntegra:
Bebê de 7 meses passa por cirurgia robótica inédita no HC de Ribeirão Preto
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