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Dia do Motociclista Evangélico vira lei em cidade no litoral de SP e causa revolta: ‘chamar no grau e dar glórias’


Projeto de lei de autoria do vereador Ingram de Souza Menezes, de Peruíbe (SP), foi aprovado por unanimidade no Legislativo e sancionado pelo prefeito. Peruíbe cria Dia do Motociclista Evangélico e revolta moradores
Divulgação Freepik/cookie_studio/rawpixel.com
A cidade de Peruíbe, no litoral de São Paulo, agora conta com Dia do Motociclista Evangélico. A lei que instituiu a homenagem foi sancionada neste mês, e prevê o último sábado de julho como data para a celebração. Ao g1, porém, moradores do município se mostraram insatisfeitos com a novidade. O Projeto de Lei (PL) nº 13/2023 é de autoria do vereador Ingram de Souza Menezes (União).
“Fiquei indignada e achei cômico, para não dizer trágico. Primeiro que já existe o Dia do Motociclista, em 27 de julho. E outra, o Estado é laico. Acho que só isso basta para entendermos a gravidade da coisa”, desabafou a professora de história Valéria Godoy Moreira, de 38 anos, que disse estar revoltada com a situação.
O PL foi aprovado com o voto favorável de 12 vereadores e nenhum contrário, durante sessão ordinária na Câmara Municipal em 5 de abril. Do Legislativo, o documento foi encaminhado para a sanção do prefeito Luiz Mauricio (PSDB), que assim o fez. A lei entrou em vigor no dia 10 de abril, assim que foi publicada no Diário Oficial do Município.
A engenheira agrônoma Mari Polachini, de 62 anos, disse ter pensado que a lei fosse piada. Após confirmar a veracidade no Diário Oficial, agora ela acredita que a lei possa dividir a população entre evangélicos e ‘não evangélicos’.
“Qual a diferença entre um motociclista evangélico, ateu, católico, umbandista, judeu ou seja lá a religião que siga? Desaprovo totalmente esse tipo de proposta. Imagina se cada representação religiosa resolver pleitear a mesma deferência [consideração]”, questionou.
Para ela, o vereador propôs um projeto que causou “desconforto e mal-estar entre muitos”. Mari acrescentou que há muitas demandas na cidade que deveriam ter a atenção da administração pública. “Um vereador pago com dinheiro dos nossos impostos gasta tempo e utiliza a sua representatividade para criar leis totalmente inúteis e descabidas, que acabam por tornar nosso município motivo de piada”
Um morador, que não quis ser identificado, também afirmou ter se revoltado e achado a situação ‘jocosa’ [uma forma de zombar do povo]. “No evento você tem que chamar no grau e dar glórias, senão não entra”, disse.
Valéria, a professora de história, disse conhecer a cidade há dez anos e ressalta que existem outras preocupações para os vereadores se empenharem em fiscalizar.
“Temos bairros afastados do centro que sofrem com ruas de terra, baixa infraestrutura e saneamento precário. A obra inacabada do hospital que tanto a cidade precisa. A falta de espaço no Centro de Controle de Zoonoses para animais vítimas de esporotricose [fungo]. São tantas demandas”, pontuou.
O g1 procurou a prefeitura de Peruíbe, que afirmou, em nota, que aprovou e divulgou a lei em atendimento à Câmara Municipal, que votou favorável ao projeto de autoria do vereador Ingram Menezes.
O vereador foi procurado pela reportagem, mas, até a publicação desta matéria não havia se posicionado sobre o tema. Ele não não atendeu as ligações.
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