Na Floresta Nacional do Tapajós, mais de mil famílias sobrevivem do manejo, que é uma prática de retirar a madeira da floresta de uma forma legal. Cooperativa fatura R$ 6 milhões por ano e o lucro é reinvestido na melhoria de vida da comunidade. Saiba como funciona trabalho de exploração consciente na Amazônia, com manejo florestal
Na estreia da temporada 2023, o Profissão Repórter mostrou flagrantes de crimes ambientais em áreas de proteção da Amazônia, mas finalizou o programa mostrando como é possível fazer um trabalho de exploração consciente da floresta.
Ao contrário do desmatamento sem controle para abrir áreas de pastagem para o gado ou de garimpo ilegal, a prática do manejo florestal comunitário, que é uma prática de retirar a madeira de uma forma legal, ajuda a floresta e as comunidades locais.
Na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará, nossa equipe visitou uma cooperativa que fabrica móveis com a madeira local. Mais de mil famílias sobrevivem do manejo.
“O roubo de madeira que a gente viu nas operações, o desmatamento, ele é feito de uma forma totalmente desordenada e aqui é totalmente o oposto. Toda essa exploração é controlada, ordenada. Então, os impactos para a floresta são mínimos e, além disso, está gerando riqueza e distribuição de renda para a comunidade”, explica o agente do ICMBio Érico Kauano.
A autorização para a exploração da floresta é dada em lotes. Em cada um só é permitido derrubar quatro árvores de grande porte e, depois, o local é preservado para recuperação. Os lotes só podem ser explorados novamente depois de 35 anos.
“Um ano antes do abate dessa árvore é feito o corte dos cipós das árvores que possivelmente vão ser abatidas. Para que, quando ela caia, durante a queda, ela não puxe as outras”, conta Maurício Santamaria, o outro agente do ICMBio que o programa acompanhou.
Após retirada, cada tora tem sua identificação, para saber de onde ela veio. A fábrica de móveis emprega 11 pessoas, todas moradoras da região, e fatura R$ 6 milhões por ano e o lucro é reinvestido na melhoria de vida da comunidade.
“A cada ano é destinado um lote, para a floresta crescer e a gente poder fazer um segundo ciclo, como a gente chama. A gente faz móveis – porta, cadeira, mesa, armários – atende também muita demanda de designer famoso. A gente entende que esse manejo florestal comunitário é a porta de saída para um mundo melhor; eu diria até assim. Porque aqui não se esgota, aqui sempre tem. Lá vai acabar, está acabando. Aqui vai ficar sempre em pé”, exalta Arimar Feitosa, coordenador da movelaria.
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Assista ao programa completo abaixo:
Edição de 11/04/2023 – Pra Onde, Brasil – Centro-Oeste
Saiba como funciona trabalho de exploração consciente na Amazônia, com manejo florestal comunitário
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