Em 4 meses, o Instituto Fogo Cruzado mapeou 68 pessoas atingidas por balas perdidas na Região Metropolitana do Rio. Os corpos do menino Lohan Samuel, de 11 anos, e da jovem Kailany Fernandes, de 19 anos, atingidos por tiros no fim de semana no Complexo do Chapadão, em Costa Barros, na Zona Norte do Rio, foram enterrados nesta terça-feira (2) no Cemitério de Irajá. Eles estão entre as 68 vítimas de balas perdidas na Região Metropolitana do Rio só nos primeiros meses deste ano.
Érika Cristina Monteiro, mãe de Kailany e madrinha de Lohan, também foi ferida no tiroteio na madrugada de domingo (30).
Lohan não morava no Chapadão, mas adorava passar os fins de semana com a madrinha.
A pedido da família, os jornalistas não acompanharam o enterro. A cerimônia atrasou porque houve tiroteio em comunidades do Chapadão e parentes não conseguiam chegar ao cemitério.
A polícia investiga o que motivou as mortes. Se o ataque faz parte da guerra entre quadrilhas rivais.
Testemunhas contaram que homens numa moto passaram atirando na direção de um grupo de pessoas.
Kailany Cristina e Lohan Samuel morreram baleados no Chapadão
Reprodução/Redes Sociais
Fogo Cruzado
Entre 1º de janeiro e 1º de maio, o Instituto Fogo Cruzado mapeou 68 pessoas atingidas por balas perdidas na Região Metropolitana do Rio: 22 morreram e 46 ficaram feridas
Das 68 vítimas, 36 foram atingidas durante ações ou operações policiais: 13 morreram e 23 ficaram feridas.
Entre as 68 vítimas, 11 foram baleadas durante disputas entre grupos armados: 6 morreram e 5 ficaram feridas.
O Instituto Fogo Cruzado também registrou um aumento considerado alarmante: o número de crianças vítimas de violência armada — nos quatro primeiros meses deste ano — já é maior do que o registrado em todo o ano 2022. Foram 5 crianças mortas e nove feridas na Região Metropolitana.
Dessas 14 vítimas, 10 foram atingidas por balas perdidas.
Outras vítimas
Helen Perrone foi morta durante perseguição policial na Avenida Brasil
Reprodução
No sábado (29), a vítima foi a advogada Helen Bittencourt Perrone, de 52 anos. Ela foi morta durante uma perseguição de policiais a bandidos, na Avenida Brasil, na altura de Santa Cruz.
A Polícia Militar afirmou que homens do Batalhão Especial de Policiamento em Vias Expressas foram parados por uma pessoa que teve o carro roubado.
Os policiais tentaram abordar os suspeitos e houve troca de tiros.
Helen voltava de uma festa com o marido e a filha. Ela foi baleada nas costas.
“A gente ouviu um barulho no carro, ela gritou. Infelizmente um tiro de fuzil, confirmado pelo pessoal de lá. Destruiu ela inteira e nao teve o que fazer. Uma pessoa especial e vai deixar muita saudade”, disse o marido, Bruno Perrone.
Desde o fim de semana, foram três mortes de inocentes atingidos por tiros, e pelo menos, cinco feridos.
No domingo (30), um homem foi baleado no braço, enquanto trabalhava nos fundos do prédio da Fiocruz, em Bonsucesso. A PM informou que não fazia operação no local. A vítima foi socorrida e passa bem.
Nas imediações do Morro do Fubá, em Campinho, um homem foi atingido na perna. Ele estava num supermercado.
Segundo a PM, uma equipe foi atacada por criminosos na comunidade e houve tiroteio.
Perto dali, no sábado (29), testemunhas contaram que uma mulher levou um tiro de raspão na estação de trem de Madureira. Naquele momento, havia confrontos em favelas da região.
Na noite de segunda-feira (1º), a vítima foi um menino de 12 anos, morador do Morro do Banco, no Itanhangá. Ele levou um tiro na mão, quando lavava louça na cozinha de casa.
O adolescente passou por uma cirurgia no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde segue internado.
No momento em que o garoto foi atingido, a PM fazia patrulhamento com um blindado, num dos acessos à comunidade.
A PM informou que foi atacada por bandidos, e que os policiais não revidaram. Ainda não se sabe de onde partiu o tiro que feriu o adolescente.
Uma pessoa é vítima de bala perdida a cada 2 dias no Grande Rio, com mais de uma morte por semana
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