Aedes aegypti é espécie invasora e chegou a ser erradicado do Brasil; O mosquito africano Aedes aegypti é o transmissor da dengue.
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Os casos de dengue têm aumentado de forma assustadora em várias regiões do país e trazem sempre à tona o debate sobre as formas de combate ao mosquito transmissor da doença. E se a prevenção é uma forma de controle, conhecer detalhes do Aedes aegypti também pode ser uma ferramenta importante. Pensando nisso o Terra da Gente preparou uma série de reportagens para revelar informações sobre esse pequeno invasor que representa riscos à saúde humana.
A palavra antropofilia vem do grego e define a relação do mosquito com os seres humanos: “anthropos” significa homem, já a expressão “philía” é a denominação de termos como por exemplo: afeto e amizade. “A expressão quer dizer que mosquitos como o Aedes aegypti, tem preferência pelo sangue humano, mesmo que próximos de outros mamíferos, endossando o porquê do termo antropofílico”, afirma o biólogo especialista em entomologia, Bruno Magalhães Nakazato.
Assim como dengue e zika, o chikungunya também é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti
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Os seres humanos podem até serem bem quistos por esses mosquitos, mas essa relação não é recíproca. O nome científico do mosquito é prova disso, dá pistas da origem e da forma como o inseto se tornou mal visto pelo mundo. “Aedes” é uma palavra que vem do grego e significa “odioso”, “aegypti” vem do latim e quer dizer “do Egito”.
“Há um consenso com base em estudos científicos de que linhagens ancestrais do mosquito são originárias da África. O mosquito que na época era conhecido como ‘Culex aegypti’, foi descrito pelo naturalista britânico Carl Linnaeus em 1762 no Egito, por isso o nome “aegypti” faz menção ao local de descoberta. Já o termo Aedes é um gênero que agrupa diversas espécies de mosquitos e foi proposto em 1818 pelo cientista alemão Johann Meigen”, explica Bruno.
Apesar dos mosquitos existirem há milhões de anos antes dos seres humanos, a espécie evoluiu simultaneamente com os ancestrais do Homo sapiens. “Essa relação aconteceu principalmente pelos humanos serem numerosos, viverem em grupos, por desenvolverem hábitos sedentários, se estabelecendo em um local; o que juntamente com a alta capacidade evolutiva e adaptativa do mosquito a novos ambientes possibilitou essa proximidade com a gente”, explica Bruno.
Combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti é fundamental.
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Os mosquitos chegaram de navio
Desde o século 16 o “odioso do Egito” foi introduzido nas regiões tropicais e subtropicais. A principal hipótese é que a espécie tenha chegado ao continente americano com os navios que faziam o tráfico de escravos.
A primeira epidemia de dengue teria acontecido no Peru, no início do século 19, com surtos no Caribe, Estados Unidos, Colômbia e Venezuela, de acordo com informações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). No Brasil, o primeiro registro foi no final do século 19 em Curitiba.
Aedes aegypti também é transmissor da febre amarela.
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Aedes aegypti chegou a ser erradicado do brasil
Para combater a febre amarela transmitida pelo Aedes aegypti, foram criadas uma série de medidas que levaram o mosquito a ser eliminado do Brasil em 1955. O problema é que o mosquito continuou circulando por outros países como Venezuela, Guianas, Suriname, Caribe, Cuba e a região Sul dos Estados Unidos.
Depois da erradicação por aqui, houve um relaxamento nas medidas de controle e o mosquito foi reintroduzido novamente no país, no final da década de 1960. Atualmente o Aedes aegypti é encontrado em todos os Estados brasileiros. “Um mosquito totalmente adaptado ao meio urbano, as larvas se desenvolvem em criadouros primordialmente artificiais como pneus, calhas, caixas d’água, entre outros. Pode até haver vegetação na área, mas tem que ter um modo de vida humana próximo, com habitação e que ofereça toda a sorte de criadouros artificiais”, concluiu o entomólogo.
Mosquito da dengue veio para as Américas em navios de tráfico de escravos
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