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Associação de mulheres agricultoras do Pará firma contrato de R$ 350 mil com programa de alimentação escolar

Geração de renda local, autonomia, segurança alimentar e conservação ambiental são aspectos promovidos pelo programa A Associação de Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas (AMPPF), de São Félix do Xingu (PA), acaba de assinar um novo contrato com a Secretaria Municipal de Educação como parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A Associação fornecerá, ao longo do ano, 19.475 kg de polpas de frutas para as escolas da cidade, e receberá cerca de 350 mil reais. É um grande avanço (+44%) em relação ao ano passado, quando o contrato previu a entrega de 13.461 kg, e a associação recebeu pouco mais de 230 mil reais (+52%). “É um bom contrato. É um complemento muito bom. Na pandemia a gente chegou a perder produto. É uma ótima ajuda, é um complemento de renda”, afirma Maria Josefa Machado Neves, presidente da entidade.
São Félix do Xingu conta com 107 escolas, das quais 42 recebem produtos da agricultura familiar via PNAE, num total de 18 mil alunos que têm acesso a produtos como abóbora, mandioca, milho verde, cheiro verde, mamão, laranja, polpas de frutas, ovos, pimenta de cheiro, banana, melancia e queijo. O foco da AMPPF são as polpas de frutas, como de acerola, goiaba, cajá, caju, abacaxi, mas a Associação tem planos de diversificação, para fornecer produtos como geleia, frutas e legumes in natura e bolos, por exemplo.
Além de garantir uma renda para as 55 associadas e suas famílias, o programa contribui para o fortalecimento de diversos aspectos sociais e ambientais. “No caso das mulheres, primeiro você está fortalecendo uma cadeia produtiva. Porque se a prefeitura não comprasse a polpa de fruta, elas não iriam produzir muito, ou então se fossem produzir muito, iriam perder. E essa cadeia produtiva da polpa de fruta tem como objetivo não só gerar renda, melhorar a qualidade de vida, mas também incluir mulheres”, afirma Celma de Oliveira, Coordenadora de Projetos do Imaflora, que atua no programa Florestas de Valor em São Félix do Xingu.
O Florestas de Valor, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, promove a estruturação de cadeias produtivas da sociobiodiversidade, de forma a gerar renda para as comunidades a partir de atividades que contribuam com a conservação ambiental. “Tem outras cadeias produtivas no município, mas o trabalho das mulheres muitas vezes é invisibilizado porque elas não fazem a gestão do recurso. Elas trabalham no cacau, na pecuária, mas o dinheiro vai para onde? Para a conta dos maridos. Eles fazem a gestão. Então as mulheres tem que ficar pedindo as coisas. Na polpa de fruta, elas fazem a gestão da produção e do recurso”, ressalta Celma.
“Quando a Associação recebe da prefeitura, cai na conta delas. E uma das exigências da AMPPF é que cada pessoa que entrega, tem que ter uma conta no seu próprio nome. Isso tudo é uma forma de fortalecer a questão da equidade de gênero, empoderamento, autonomia econômica. Sem falar na questão da autoestima, melhoria da qualidade de vida… Hoje a dona Josefa, por exemplo, paga a parcela da moto dela, antes lavava roupa na mão, hoje tem um tanquinho, é o comércio girando, é a renda girando ali e melhorando”, comenta Celma. A presidente da AMPPF reforça essa visão. “É um trabalho nosso, feito por nossas mãos, nós fazemos as entregas, o dinheiro cai na nossa conta. A associação das mulheres veio dar a independência para mulheres que não tinham”, afirma Josefa.
Soberania alimentar, economia local e floresta em pé
Além do empoderamento e autonomia das mulheres, o PNAE também fortalece a segurança e soberania alimentar dos alunos. “O PNAE é muito bom porque é muito bom para as crianças”, acredita Josefa. “Por exemplo, os indígenas: quando eu falo da soberania alimentar, eu estou falando da segurança, que ele vai comer, e da soberania, que ele vai comer um produto que é tradição dele, que é uma farinha, um pescado, e não eu ir lá e dar uma lata de sardinha para ele”, Celma exemplifica. Outro componente é o fortalecimento da economia local, o que não ocorre quando se restringe as compras a produtos industrializados vindos de outras regiões. “Um dos nossos desafios, tanto para o Imaflora, quanto para a AMPPF, é conscientizar a prefeitura de que 30% é o mínimo. Quando puder comprar mais, é melhor para o município, é melhor para os alunos”, afirma Celma. “E tem o lado ambiental também, porque o PNAE fortalece a cadeia da polpa de fruta, e essa cadeia contribui para manter a floresta em pé. Porque se essas mulheres não tivessem essa cadeia, elas poderiam estar em uma outra atividade que seria mais degradante para o meio ambiente. A partir do momento que elas precisam de matéria-prima, elas vão reflorestar, vão enriquecer os quintais com essas espécies, elas vão querer ter um viveiro com mudas, principalmente mudas de frutíferas, e isso ajuda na conservação ambiental. De um modo geral, todo mundo ganha.”
A Associação passou por um plano recente de expansão, passando de 22 associadas para 60. É 10 vezes mais do que em 2006, quando a AMPPF foi criada com seis pessoas. “A gente vê pessoas que antes não recebiam nada, principalmente mulheres, não tinham autonomia econômica, não tinham seu dinheiro, agora foram para a AMPPF e já tem onde entregar a polpa de fruta”, afirma Celma. Ela aponta como um dos motivos para o sucesso da expansão uma série de capacitações promovidas pelo programa Florestas de Valor junto às produtoras. “Tem gente que não entregava [polpa de frutas para o PNAE] porque não participava das capacitações. Existe um controle da Secretaria, e sem qualidade não entra, então muita gente não queria participar porque não estava capacitado. Entre setembro e dezembro, em parceria com a Emater, foram realizadas diversas capacitações. Então muitas pessoas que não se sentiam aptas para produzir a polpa hoje se sentem aptas”, explica.

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