Em entrevista exclusiva ao ND Mais, o doutor em Geociências, YouTuber e Podcaster, Sérgio Sacani, trouxe à tona os desafios enfrentados pela ciência espacial no Brasil. O bate-papo ocorreu após a abertura do Sepex da UFSC, realizada na noite da última quarta-feira (6), no auditório da instituição.
Sacani destacou que o setor sofre com o desinteresse político e a falta de investimento, uma vez que a população não percebe a aplicação direta dessa ciência em seu cotidiano. Para ele, a ciência espacial no Brasil é deixada de lado, pois a população não vê sua aplicação direta.
“E se ela [população] não vê uma aplicação direta, o político que depende das pessoas que votarão nele, não vai dar atenção para a ciência espacial, porque isso não vai gerar no final do dia, votos para ele”, afirmou Sacani.
No entanto, Sacani considera a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) um “ponto fora da curva” no cenário nacional. A instituição, segundo ele, vem se destacando no setor ao desenvolver o “Projeto Catarina” — que já lançou um satélite ao espaço — e agora com o novo projeto “Constelação Catarina”, que prevê o lançamento de uma série de satélites.
“Tomara que isso seja replicado por muitas universidades, por muitas pessoas pelo Brasil, porque o Brasil tem esse problema”, declarou o divulgador científico Sérgio Sacani.
Soberania espacial é uma necessidade urgente para o Brasil, diz Sérgio Sacani
Sérgio Sacani enfatizou a urgência de o Brasil alcançar uma autonomia espacial, uma vez que o país depende de outras nações para obter dados e imagens de satélite. Ele ressalta que, atualmente, o Brasil utiliza sistemas de GPS e satélites meteorológicos de origem norte-americana.
Além disso, ele destaca que o Brasil ainda compra imagens de satélite para monitoramento do território nacional. “Isso hoje é discutido como soberania espacial. O Brasil não tem uma soberania espacial, a gente depende de comprar imagem, comprar dados e tudo mais”, explicou.
Segundo Sacani, cada país possui demandas e características específicas que poderiam ser melhor atendidas com satélites desenvolvidos de forma personalizada. Ele acredita que projetos como o “Constelação Catarina”, da UFSC, são fundamentais para dar esse passo.
“É muito importante que tenha essa soberania porque cada país tem as suas peculiaridades e a gente pode fazer um satélite que seja específico para os nossos problemas. E Santa Catarina e a UFSC, particularmente, estão de parabéns com o projeto Constelação Catarina”, concluiu.