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O que são as notas de contexto que a Meta quer implementar?

Nesta terça-feira (7), a Big Tech anunciou que vai substituir o sistema de checagem pelo de notas de contexto. Mark Zuckerberg anuncia que Meta vai encerrar sistema de checagem de fatos
A Meta anunciou que encerrará seu programa de verificação digital nos Estados Unidos para substituí-lo por um sistema de notas de contexto, semelhante ao utilizado pela rede social X, nesta terça-feira (7).
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou a mudança por meio de um comunicado em vídeo (veja acima).
Como funcionam as notas de contexto?
As notas de contexto são uma ferramenta de moderação coletiva de conteúdos. Elas aparecem abaixo de algumas publicações potencialmente enganosas.
O X (antigo Twitter) as utiliza desde 2021, e em 2022 foram amplamente implementadas na rede social, comprada pelo bilionário Elon Musk em 2022 e renomeada como X.
As notas são propostas e redigidas por usuários voluntários, que precisam se inscrever previamente, e não são editadas pelas equipes do X.
Depois, “outros usuários avaliam se a nota é útil ou não, com base em critérios como a pertinência das fontes e a clareza das informações”, explicou à AFP Lionel Kaplan, presidente da agência de criação de conteúdos em redes sociais Dicenda.
“Se houver avaliações positivas suficientes, a nota aparecerá abaixo do post, fornecendo informações adicionais”, detalhou.
As avaliações “levam em conta não apenas o número de colaboradores que classificaram uma publicação como útil ou inútil, mas também se as pessoas que a avaliaram parecem pertencer a diferentes esferas”, explica o X em seu site oficial.
O princípio é semelhante ao da Wikipédia. “Nós nos baseamos nos usuários mais ativos de uma rede social ou plataforma para aumentar a qualidade dos conteúdos”, acrescentou Kaplan.
A Meta, que anunciou que seu programa de notas será similar ao da X, considera o sistema “menos parcial” do que o fact-checking.
Quais são os riscos?
O Facebook possui um programa de fact-checking em mais de 26 idiomas que remunera mais de 80 organizações de mídia em todo o mundo, incluindo a AFP, para usar suas verificações de fatos em suas plataformas, como WhatsApp e Instagram.
Com as avaliações, “o problema é que a verificação depende da multidão”, aponta Christine Balagué, professora do Instituto Mines-Télécom e fundadora da rede de pesquisa “Good in Tech”, que trabalha com desinformação.
“A multidão pode dizer o certo, mas também pode haver pessoas mal-intencionadas que estão ali para disseminar informações erradas”, alerta.
“Essa decisão afetará os usuários que buscam informações precisas e confiáveis”, comentou no X Angie Drobnic Holan, diretora americana da Rede Internacional de Fact-Checking (IFCN, na sigla em inglês).
“Os checadores nunca demonstraram parcialidade em seu trabalho, e essas críticas vêm de pessoas que acreditam que podem exagerar os fatos e mentir sem serem refutadas ou contraditadas”, acrescentou, destacando o clima de pressão política nos Estados Unidos às vésperas da posse do presidente eleito Donald Trump.
Bill Adair, cofundador da IFCN, afirmou que é “preocupante ver Mark Zuckerberg ecoar os ataques políticos aos checadores, já que ele sabe que os participantes de seu programa assinaram uma carta de princípios que exige transparência e imparcialidade”.
Trump, que foi especialmente crítico em relação à Meta e ao seu CEO nos últimos anos, acusando a empresa de viés progressista, declarou que “provavelmente” influenciou a decisão.
As avaliações são eficazes contra a desinformação?
Pesquisadores mostraram que as notas de contexto “reduzem a disseminação de desinformação em cerca de 20%” no X, admitiu Balagué.
E, embora esse sistema “não seja 100% confiável”, Kaplan acredita que as notas de contexto são eficazes.
Ele considera que permitem processar um maior volume de informações do que o fact-checking, que é “complicado de aplicar”. Também destaca o funcionamento “democrático”, que permite “ter e confrontar diferentes pontos de vista”.
O X, no entanto, é frequentemente acusado de permitir a difusão de informações falsas desde que Musk reduziu drasticamente as equipes de moderação.
Mas, segundo o especialista, isso se deve principalmente ao fato de que “o X incentiva o radicalismo”, tornando os conteúdos falsos mais visíveis do que em outras plataformas.
A Meta informou que os usuários poderão começar a se inscrever a partir de segunda-feira para escrever notas assim que o programa for lançado, mas não forneceu detalhes sobre os critérios de participação.
A empresa também anunciou que dará aos usuários mais controle sobre a quantidade de conteúdo político que desejam ver no Facebook, Instagram ou Threads.
Resta saber se esse sistema aumentará a disseminação de informações falsas. De acordo com Kaplan, a Meta não tem necessariamente interesse em destacar conteúdos controversos, pois isso poderia desagradar os anunciantes.
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