De acordo com a prefeitura, condições dos quiosques demolidos eram insalubres. Quiosques foram demolidos na Vila Rubim, Vitória – Fernando Madeira/Rede Gazeta
Após a demolição de 12 quiosques na Vila Rubim, em Vitória, a Prefeitura informou que não há previsão de mais demolições na região da Praça Manoel Rosindo. De acordo com o secretário de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (SEDEC) Luciano Forrechi, um paisagismo será feito no local onde ficavam os boxes demolidos entre esta segunda-feira (10) e terça-feira (11).
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As intervenções, de acordo com o secretário, estão dentro do plano de requalificação do local, que inclui a reforma e melhor utilização do espaço, a exemplo do que foi feito na Praia da Curva da Jurema. A previsão é que o número total de quiosques que antes era de 48, seja agora de 36 boxes.
“Não há previsão de demolir. Será feito um ajuste ou outro. Nossa preocupação está com as pessoas de Vitória que frequentam o lugar”
“Além de reformar, o objetivo é melhorar as condições do que está sendo comercializado dando preferência a quem já está lá” , disse o secretário.
Sobre os abalos na estrutura de alguns quiosques relatados por comerciantes nesta terça-feira (11), Luciano Forrechi disse que nada foi relatado pelas equipes que estiveram presentes na Vila Rubim.
Comerciantes podem se adequar e continuar trabalhando no local
Quiosques foram demolidos na Vila Rubim, Vitória.
Fernando Madeira/ Rede Gazeta
O secretário Luciano Forrechi disse que comerciantes que ficaram sem local para trabalhar com a demolição dos quiosques, podem voltar a trabalhar no espaço, nos boxes que não foram demolidos.
Segundo a Prefeitura, neste caso, é preciso se adequar ao regulamento sanitário e não comercializar bebidas alcóolicas, o que é proibido no local. Para isso, é necessário procurar a Companhia de Desenvolvimento Urbano.
“A Prefeitura não está se recusando a atender, eles tem que se adequar e atenderem as condições de saúde dos espaços. Ninguém vai estar disposto a consumir o produto em um local insalubre”, informou o secretário.
Nesta terça-feira (11), a Prefeitura de Vitória informou que os ocupantes dos box de 1 a 12 foram notificados no último dia 5 de abril, de forma extrajudicial, para desocuparem os imóveis na Vila Rubim e tiveram 72 horas para deixar o local.
Em nota enviada ao g1 nesta quarta-feira (12), a prefeitura disse que um chaveiro foi realocado e duas pessoas foram retiradas do local por estarem comercializando bebidas alcoólicas.
Segundo a prefeitura, todos os demais quiosques estavam fechados e sem utilização.
Ainda de acordo com a prefeitura, a venda de alimentos no local é permitida desde que sejam atendidas às normas de boas práticas e higiene da Vigilância Sanitária.
O projeto da nova recomposição do espaço e o cronograma de obras será concluído nas próximas semanas e os trabalhos ficarão a cargo da Central de Serviços.
Não foi informado se durante o período de reforma os comerciantes continuarão trabalhando no local, mas segundo Luciano Forrechi, o processo será feito com o “mínimo de prejuízo para todos”.
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Vendas em quiosques são única fonte de renda de famílias, dizem comerciantes
Maria da Penha Ribeiro, 55 anos, em um dos quiosques da Vila Rubim, Vitória.
Reprodução/Arquivo pessoal
Maria da Penha Ribeiro, de 55 anos, comerciante que ocupava um dos 12 quiosques demolidos, disse ao g1, nesta terça-feira que vendia lanches e salgadinhos no local. Na estrutura, agora demolida, ela preparava os produtos vendidos, única fonte de renda da sua família.
“Fui pega de surpresa. Meu box que ficava do lado de trás era a minha cozinha e o atendimento é do lado da frente. Já estava estabilizada daquela forma. Então, perdi o espaço da minha cozinha. Ainda não sei o que fazer. Tenho quatro netos. É o sustento da minha família”, disse a comerciante.
Maria da Penha disse que ela e outros comerciantes ficaram apreensivos porque não sabem se os outros espaços também serão demolidos pela prefeitura.
Além disso, as demolições danificaram a estrutura de outros boxes de vendas.
Após demolição, estrutura de quiosques na Vila Rubim, Vitória, foram abaladas, segundo comerciantes.
Reprodução/Arquivo pessoal
“Eles demoliram a parte de trás, mas abalou a estrutura da parte da frente também. São várias trincas porque é tudo conjugado”, disse a comerciante.
Maria da Penha disse que é a favor da reforma, mas todos estão preocupados porque não foram informados antes sobre a demolição e nem sobre o que vai acontecer.
“A gente está tentando fazer uma reunião pra eles nos darem um parecer da situação e saber o que vão fazer com os quiosqueiros. Quando esses quiosques foram construídos, a obra durou cinco, seis anos. Vamos fazer o que durante esse tempo?”, reclamou.
“Não foi nada especificado pra gente que é trabalhador, nem um ‘vamos nos reunir, a gente vai dar um outro espaço pra trabalharem enquanto nós vamos construir e, a partir daí, vocês vão ter prioridade porque já estavam aqui’. Não foi feito nada disso.”
Quiosques foram demolidos na Vila Rubim, Vitória – Imagens: Fernando Madeira/Rede Gazeta
Nágila Diniz Belisário, de 56 anos, trabalhava havia cerca de cinco anos em um dos quiosques demolidos e, no início da tarde desta terça-feira, ainda estava no local.
Moradora do Morro do Quadro, a comerciante disse que com o dinheiro da venda de lanches, ela e o marido pagavam o aluguel e as outras contas da casa.
“Ele [o marido] está muito abalado porque isso aqui era a vida dele. Ficava aqui comigo. Trabalhou muito anos de açougueiro e agora está cheio de problemas de saúde. Não sei o que vamos fazer da nossa vida. Estou aqui na praça olhando pro tempo. Quem vai pagar meu aluguel, minha luz e minha água?”, disse Nágila.
Na terça, enquanto acompanhava os trabalhos da prefeitura, Nágila conversou com o repórter fotográfico Fernando Madeira, da Rede Gazeta, e contou que esperou cinco anos para trabalhar no espaço demolido (veja o vídeo acima).
“Vendi churrasquinho uns cinco anos ali na frente. Consegui essa barraca de tanto trabalhar na chuva. Consegui com muita dificuldade, uma pessoa me cedeu a barraca. É o meu trabalho, é a única coisa que eu tenho. Vou ter que voltar pra rua pra trabalhar”, disse a comerciante.
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