Em visita oficial, Sergei Lavrov foi recebido pelo presidente Lula no Palácio da Alvorada, em Brasília. O chanceler Russo, Sergey Lavrov, foi recebido pelo presidente Lula
O chanceler russo, Sergey Lavrov, está no Brasil em visita oficial, e foi recebido pelo presidente Lula no Palácio da Alvorada.
A visita de Lavrov foi combinada em março. Pela manhã, ele esteve no Itamaraty. A reunião foi dividida em duas etapas. Na primeira, mais restrita, Sergey Lavrov e o ministro Mauro Vieira discutiram a guerra na Ucrânia. Na segunda, ampliada, participaram assessores das áreas de política e economia para discutir a relação bilateral. A Rússia é o principal fornecedor de adubos e fertilizantes para o Brasil.
No fim das reuniões, os ministros Mauro Vieira e Sergey Lavrov fizeram uma declaração conjunta. Vieira não comentou as recentes declarações do presidente Lula e nem condenou a invasão russa à Ucrânia.
O ministro brasileiro criticou as sanções econômicas impostas à Rússia e reiterou a decisão do Brasil – já manifestada na ONU – da necessidade de imediato cessar-fogo.
“Reiterei nossa posição em favor de um cessar-fogo imediato, de respeito ao direito humanitário e de uma solução negociada com vistas a uma paz duradoura que contemple as preocupações securitárias de ambos os lados. Também reiterei a posição brasileira à aplicação de sanções unilaterais. Tais medidas, além de não contarem com a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, têm impactos negativos sobre as economias de todo o mundo, em especial em países em desenvolvimento, muitos dos quais ainda não se recuperaram plenamente da pandemia”, declarou Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores.
Sergey Lavrov deu as declarações em russo, com tradução simultânea para o português. Ele classificou as sanções como ilegítimas; agradeceu, a quem chamou de “amigos brasileiros”, a compreensão da origem da situação e o desejo de contribuir na busca de meios para resolvê-la, que segundo ele, tem que ser duradoura e não imediata, e com a participação de todos.
Em outro momento, segundo a tradução simultânea em português, Lavrov disse que Brasil e Rússia têm visões únicas sobre o que acontece no leste europeu. Mas, pouco depois, o mesmo trecho da declaração foi divulgado pela chancelaria russa traduzido para o inglês como visões similares. O Jornal Nacional procurou a embaixada da Rússia, que confirmou que Lavrov falou em “visões similares”.
O chanceler russo também defendeu que o Brasil ocupe uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
A agenda no Itamaraty terminou com um almoço oferecido pelo governo brasileiro à comitiva russa. Do lado de fora, alguns manifestantes estenderam faixas em defesa da Ucrânia com a frase “não aos acordos com a Rússia imperialista”.
No fim do dia, Sergey Lavrov foi recebido pelo presidente Lula no Palácio da Alvorada. O encontro, a portas fechadas, durou cerca de uma hora e meia. O chanceler entregou um convite do presidente Vladimir Putin para Lula ir a Rússia participar do Fórum Econômico, em São Petersburgo.
No Congresso, o líder da oposição, senador Rogério Marinho, do PL, condenou as declarações do presidente Lula na tribuna do Senado.
“Alguém que diz que a guerra que está acontecendo entre Rússia e Ucrânia é culpa dos dois países, afirma. E que ambos têm que parar, como quem estivesse sendo agredido, permitam-me a analogia, devesse baixar os punhos e se deixar golpear pelo agressor. Parece-me uma inversão de conceitos e de lógica que agride o bom senso e, no mínimo, constrange aqueles que o ouvem”, disse Rogério Marinho.
O embaixador Mauro Vieira foi questionado sobre as críticas dos Estados Unidos de que o Brasil estaria repetindo o discurso da Rússia.
“Não concordo de forma alguma. Não sei como, porque ele chegou a essa conclusão. Mas, de forma alguma. A conversa, tanto comigo como com o presidente, não entramos em questões de guerra. Entramos em questões de paz”, afirmou Mauro Vieira.
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