Documento foi emitido pela Prefeitura de Batatais, SP, dois dias antes do evento. Luís Ricardo Gomes da Silva, de 19 anos, morreu após moto em que estava bater em veículo na direção oposta durante manobra conhecida como grau. O alvará emitido pela Prefeitura de Batatais (SP) para a realização do Batatais Car Show, evento que terminou com a morte de um jovem de 19 anos no domingo (16) em Batatais (SP), proibia a condução de motos e também manobras radicais com uso do veículo nas dependências do Centro de Eventos.
Nesta segunda-feira (17), a EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso ao documento que consta a proibição e foi deferido na quinta-feira (13), dois dias antes do início do evento.
Procurado para comentar o assunto, o organizador, Alan Alves, disse que não sabia da restrição porque não leu o teor do alvará.
“Essa cláusula, eu vou até pesquisar outros alvarás para trás para ver se tinha essa cláusula, porque eu não cheguei a ler realmente. E outra coisa, ele [advogado da prefeitura] me liberou o alvará na sexta-feira, às seis e meia da tarde. Chegou em PDF e na correria de organizar o evento, nem cheguei a abrir, porque já estou acostumado a fazer o evento e todos sabem que o evento tinha moto”, afirma.
Alan Alves, organizador do Batatais Car Show em Batatais, SP
José Augusto Júnior/EPTV
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Em nota, a Prefeitura de Batatais disse que o evento era particular e que foi interrompido pela administração municipal na manhã de domingo para garantir a segurança dos participantes.
A prefeitura informou ainda que vai apurar eventual desrespeito às normas do alvará de funcionamento.
Alvará da Prefeitura de Batatais proíbe manobras com motos no Batatais Car Show
Reprodução
Acidente durante grau
O acidente aconteceu por volta das 10h30 no Centro de Eventos Antônio Carlos Prado Baptista, dentro do sambódromo, durante o “grau”, manobra em que o motociclista empina a moto em movimento.
Segundo os organizadores, uma pessoa não credenciada e um garupa entraram na pista de manobras com uma moto emprestada e sem uso de capacete.
Em determinado momento, o condutor perdeu o controle ao empinar a moto, que invadiu a faixa contrária até atingir outro veículo (veja no vídeo abaixo) participante das manobras, deixando três pessoas feridas, duas delas em estado grave.
Vídeo mostra momento da colisão de duas motos em evento de manobras em Batatais, SP
Luís Ricardo Gomes da Silva, de 19 anos, que estava na garupa da moto emprestada, chegou a ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Batatais, mas não resistiu.
Condutor da mesma moto em que Luís Ricardo estava, Gustavo Cândido Araújo, de 25 anos, foi transferido da UPA para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) com ferimentos graves.
Luís Felipe Ribeiro Garcia, de 19 anos, que pilotava a moto atingida, teve ferimentos leves, foi levado à Santa Casa de Cravinhos e transferido para a Santa Casa de Ribeirão Preto.
Luis Ricardo Gomes da Silva, de 19 anos, morreu após colisão entre motos em evento em Batatais, SP
Reprodução/ Redes sociais
Responsabilidade
Segundo o organizador, Alan Alves, antes de entrarem na pista de manobras, todos os participantes pagaram uma taxa de inscrição, receberam uma pulseira e assinaram um termo se responsabilizando por riscos.
“No próprio termo a gente tira a responsabilidade do evento e da prefeitura”, afirma Alves.
Colisão entre motos termina com morte de jovem em Batatais, SP
Reprodução/ Redes sociais
Ainda segundo o organizador, equipes que trabalhavam no evento tentaram barrar a dupla não inscrita ao perceberem a invasão, mas não houve tempo de evitar o acidente. “Foi tudo muito rápido”, diz Alves.
O organizador admite que falhou ao não ler o alvará constando a proibição para uso de motos e manobras radicais no evento. Mas, na opinião dele, o advogado responsável pela emissão do documento deveria ter alertado sobre a mudança no texto. Segundo Alves, nas seis edições anteriores, não havia essa restrição.
“Ele [advogado] deveria ter avisado para mim ‘coloquei uma cláusula no alvará que você não pode empinar moto lá dentro’. Eu deveria ter lido, foi um erro também, mas, como eu já estou acostumado com o evento, chegou o alvará no meu celular e estava tranquilo.”
O caso é investigado na Polícia Civil como homicídio culposo, quando não há intenção de matar, na direção de veículo automotor.
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