Além do legado incontestável de arte e bem-estar para um público superior a 200 mil, o evento se tornou um hub de negócios da arte para o país e investimento estratégico para empresas Espetáculo Gasligh
Mostra Lúcia Camargo / crédito: Lina Sumizono
O Festival de Curitiba, realizado entre os dias 27 de março e 9 de abril, movimentou a cena cultural e a economia da capital paranaense. Milhares de pessoas puderam conferir, ao longo de duas semanas intensas, arte com inovação, crítica e preocupação social, todas presentes nas diferentes mostras do evento.
A diretora do Festival de Curitiba, Fabíula Passini, conta que esse ano se manteve ainda mais forte o slogan do evento “Festival Para Todos!” e que houve programação variada a preços acessíveis e também gratuita, com ações inéditas e inclusivas que tornaram a 31ª edição do evento histórica para a cidade.
“Vivemos um momento de reconstrução e de fortalecimento da arte, após o período crítico da pandemia. Vimos essas vibrações e emoções nos palcos e nas plateias, nas ruas e nos espaços artísticos da cidade, por meio desse importante encontro olho no olho entre artistas e público. É importante ressaltar também o trabalho da curadoria, de toda a equipe de produção e comunicação para o sucesso da temporada“, afirmou.
Ensaio do espetáculo Square – Mostra Lúcia Camargo
Daniel Sorrentino
Empregabilidade e o legado para a economia
Leandro Knopfholz, diretor do Festival de Curitiba, destacou a contribuição do evento que movimentou bastante toda a cena cultural. “Entramos na nova década do Festival, após as comemorações dos 30 anos, com o pé direito e recordes de público – estimamos mais de 200 mil espectadores”.
Outro ponto destacado por ele foi a movimentação econômica no período. “Bares, restaurantes, hotéis, ambulantes, transportes e várias áreas do comércio tiveram vendas expressivas. Além dos palcos e junto da arte, o festival fomenta bastante a economia criativa de Curitiba e região, dentro e fora dos palcos“, destaca Knopfholz.
Segundo dados da produção do Festival de Curitiba, nas duas semanas de duração, ocorreram 350 atrações em 65 espaços da cidade, criando mais de 2.600 empregos, entre diretos e indiretos, e envolvendo a participação de 1.500 artistas na edição.
Cerimônia de abertura do 31º Festival de Curitiba
Annelize Tozetto
A secretária de Cultura, Luciana Casagrande Pereira, explicou que a Agência do Trabalhador da Cultura, anualmente, ajuda a selecionar profissionais qualificados para trabalharem temporariamente no Festival e, com isso, impulsiona economicamente o mercado cultural, do técnico ao produtor.
O Governo do Paraná apoia o evento e, de acordo com a secretária, é muito importante o Estado estar presente nas iniciativas como o Festival de Curitiba que, neste ano, se espalhou ainda mais pela cidade e tornou-se mais democrático. “É uma parceria que se renova e se fortalece a cada ano. Trata-se de um evento consolidado e que movimenta toda a cadeia da cultura local”, contou.
Investimento público vs privado
“A cultura tem uma importância social na maioria das grandes cidades, ela é parte da nossa vida. São nestes espaços que encontramos descontração e conhecimento. Eles também possibilitam aproximar as pessoas, juntar a família e os amigos, interação fundamental para a coletividade, e a pandemia deixou isso muito claro para nós”, afirma João Oswaldo Leiva, diretor da J. Leiva Consultoria especializada em Cultura, Esporte e Terceiro setor.
Leiva reforça que onde há cultura também existe uma série de atividades correlacionadas, que mexem com a vida da cidade e com a economia. Ele pontua a importância das empresas encontrarem a melhor forma de investirem no setor cultural. “O fato de existir o apoio público não significa que não seja super importante participarem. Segundo, temos como desafio ampliar o reconhecimento do setor privado sobre a importância da cultura. A gente pensa nos grandes eventos, mas existem ainda pequenos, e médios. Então, ela pode ser pequena, mas sempre vai ter algo cultural para receber investimento”, conclui.
Festa de lançamento do 31º Festival de Curitiba
Leal Fotografia
O vice-presidente da New Holland Agriculture para a América Latina, Eduardo Kerbauy, apoiador do Festival, concorda com Leiva. Ele acredita que o evento reforça os laços da marca com o Estado e aproxima o campo e a cidade. “Estamos presentes no Paraná há quase 50 anos. Queremos reforçar nosso compromisso com a responsabilidade social e levar a mensagem do agro a todos os públicos. Sem dúvida, a cultura é uma das formas mais democráticas de unir as pessoas”, afirmou.
Do mesmo grupo, o Banco CNH Industrial defende o investimento em iniciativas culturais por parte das empresas. “Acreditamos que a cultura está ligada diretamente à educação e é capaz de mudar a realidade de pessoas de todas as idades. Apoiar o Festival de Teatro de Curitiba significa levar a arte à vida das pessoas, além de fomentar a produção e a democratização cultural no Brasil”, destacou o presidente da instituição, Heberson José de Góes.
Encontro da arte com o empreendedorismo
Pela primeira vez realizada em Curitiba, a Rodada de Conexões é uma parceria do Festival de Curitiba com o Sebrae que promoveu cerca de 840 conversas durante os dois dias de ação. Trata-se de uma espécie de ‘rodada de negócios’ com conversas individuais de cerca de dez minutos e foco exclusivo na troca de experiências na área cultural para a busca de novos mercados.
1ª Rodada de Conexões do Festival de Curitiba
Daniel Sorrentino
O encontro entre programadores culturais, artistas, 42 companhias teatrais e 29 curadores de 16 estados brasileiros, do Chile e da Bolívia, possibilitou que os participantes apresentassem seus portfólios aos representantes de teatros nacionais e internacionais que vieram à cidade em busca de novas opções culturais. Dados preliminares indicam que podem ser fechados cerca de R$ 10,5 milhões em novos negócios, a partir da Rodada.
A curadora do Festival de Curitiba, Giovana Soar, ressaltou a importância da Rodada de Conexões para o setor. “É a primeira vez que trouxemos essa quantidade de programadores, promovendo um movimento positivo para que nossos artistas possam levar seus espetáculos para outras praças, e uma maneira de incentivar a economia criativa”, enfatizou.
Já a coordenadora estadual de turismo do Sebrae/PR, Patrícia Albanez, informou que para o Sebrae, além de inédito, o encontro representou o início de um trabalho junto ao meio cultural “É um setor onde a troca de experiências e de contatos é fundamental para alavancar as ações que estão sendo desenvolvidas pelo mundo e aquelas que podem surgir durante esse período de pós-pandemia”, celebrou.
Companhia de Teatro “As Lucianas”
Mostra Fringe/ crédito: Dayana Jacqueline
O 31º Festival de Curitiba em números
Público de mais de 200 mil pessoas;
600 empregos diretos e 2.000 empregos indiretos;
Mais de 1.500 artistas;
20 toneladas de cenários e mais de 35 toneladas de equipamentos, sendo 20 de luz e 15 de som;
Houve 07 estreias nacionais – O Tempo e a Sala, Adoráveis Transgressões, Ovos Não Têm Janela, Sonho de Uma Noite de Verão, Square, Sobrevivente, Arqueologias do Futuro, e 01 estreia internacional Square / Praça;
Mostra Lucia Camargo: 32 espetáculos, 70 apresentações e 03 sessões extras (41 sessões com ingressos esgotados);
12 instituições sociais atendidas pelo Guritiba, e 3.500 mil espectadores nas apresentações da mostra;
Risorama obteve sucesso de público: cerca de 17 mil pessoas em nove sessões, sendo três extras;
Gastronomix recebeu público de mais 7 mil pessoas nos dois dias de evento;
Fringe obteve mais de 50 mil espectadores;
Mais que cultura, Festival de Curitiba aproxima pessoas e promove negócios
Adicionar aos favoritos o Link permanente.