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Depois do avanço da milícia, tráfico tenta retomar domínio em comunidades do Rio


Em 2021, quase metade dos cariocas vivia sob o jugo de paramilitares, mas o Comando Vermelho está expulsando os rivais. Disputa entre tráfico e milícia faz aumentar o número de tiroteios no Rio
Em 2021, quase a metade dos cariocas vivia sob o jugo de milicianos, mas o Comando Vermelho, a maior facção do tráfico de drogas do RJ, está em guerra com os rivais e retomando territórios — sobretudo na Zona Oeste.
De 2006 a 2021, o percentual de moradores da cidade do Rio em áreas dominadas por paramilitares subiu de 22% para 47%, mas em 2023 essa conta provavelmente vai mudar — há um plano do Comando Vermelho de tomar todas as comunidades entre a Barra da Tijuca e a Praça-Seca num “Complexo de Jacarepaguá”, expulsando a milícia daquela região — hoje presente apenas em Rio das Pedras, em Curicica e na Colônia Juliano Moreira.
“Nos últimos meses, a gente tem presenciado uma tentativa de retomada ou de tomada de territórios por parte da maior facção do tráfico, sobretudo na Zona Oeste, onde as milicias têm o maior controle territorial e com relação à superfície total daquela região”, disse o professor de sociologia Daniel Hirata.
No início do mês, o g1 mostrou por que a guerra entre criminosos no Rio piorou desde janeiro e quem é quem nos conflitos.
Em foto de 2021, homens armados sobem estrada que liga comunidades da Praça Seca e de Campinho
Reprodução/TV Globo
As matas da Taquara ocupam uma vasta área e permitem que traficantes cheguem, a leste, à Praça Seca (Jordão, Chácara Flora e Chacrinha) e, a sul, às rivais Curicica e à Colônia Juliano Moreira.
No maciço vizinho, o da Tijuca, toda a face oeste já está nas mãos do Comando Vermelho: o cinturão, ainda maior que o da Taquara, inclui Praça Seca (Covanca, São José Operário e Barão), Gardênia Azul, Anil, Itanhangá (Muzema e Tijuquinha), Campinho (Fubá e Bica), Quintino (Saçu) e Água Santa (Dezoito).
Com isso, traficantes praticamente cercaram os bairros que compõem a Baixada de Jacarepaguá. Além disso, bem no meio da região está a Cidade de Deus, de onde partiram as investidas para as favelas vizinhas.
Rio das Pedras, Curicica e Colônia Juliano Moreira ainda não foram diretamente atacadas.
Exploração do tráfico
O g1 apurou que a Covanca virou destino de carros roubados, pelos quais traficantes pedem “resgate” para devolvê-los. Do contrário, os veículos seguem para oficinas para que sejam depenados, e as peças, vendidas clandestinamente.
O Comando Vermelho também está extorquindo de comerciantes e impondo o monopólio do gás e da água. No dia 22, o vendedor de galões de água Ironaldo Salvador de Alcântara foi executado em uma provável represália — o comerciante se negou a passar a comprar do fornecedor indicado pelo CV.
A reportagem também descobriu que o valor cobrado de lojistas e motoristas de van chegou a dobrar em algumas localidades.
O avanço do CV

Desde meados de janeiro, diferentes grupos criminosos que agem na Região Metropolitana do Rio acirraram uma já violenta disputa por territórios.
A guerra tem efeitos dramáticos sobre a população, que quase diariamente se vê na linha de tiro. Também se reflete na crescente apreensão de armamentos — em 2023, três fuzis são retirados por dia das mãos de bandidos, como o g1 mostrou – e na piora dos índices de segurança.
Dois fatos sem aparente conexão entre si deflagraram os conflitos: a morte do miliciano Pokémon e o aniversário do traficante Doca.
Rodrigo Dias, o Pokémon, foi morto após trocar tiros com policiais militares em 21 de janeiro. Pokémon era chefe da milícia de Rio das Pedras e da Muzema, no lugar de Queiroz e Maurição, que foram presos. Segundo a PM, Pokémon estava na garupa de uma moto que não obedeceu a uma ordem de parada. Houve perseguição, e o miliciano atirou contra os militares, que revidaram e o atingiram.
Em 25 de janeiro, Edgar Alves de Andrade, o Doca, um dos chefões do Comando Vermelho, completou 53 anos e pediu como “presente de aniversário” a conquista de comunidades, de preferência da milícia. Doca é responsável pelo Complexo da Penha, um dos maiores núcleos do CV.
Com a morte de Pokémon e a ordem de Doca, o Comando Vermelho decidiu atacar a região de Jacarepaguá, apostando num enfraquecimento dos paramilitares.
Há cinco regiões em conflito atualmente (clique nos links para saber mais).
Grande Barra da Tijuca: Comando Vermelho x Milícias + Terceiro Comando Puro
Grande Jacarepaguá: Comando Vermelho x Milícias
Grande Penha: Comando Vermelho x Terceiro Comando Puro
Baixada Fluminense — são duas áreas: Km 32 (Nova Iguaçu), entre Comando Vermelho e Milícias, e o Morro da Torre (Queimados), com Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro.
À exceção dos confrontos de Água Santa, Campinho, Quintino e Praça Seca, que se arrastam há pelo menos cinco anos, todos começaram na virada do ano — e, quatro meses depois, não dão sinal de término.

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