Em entrevista ao podcast O Assunto, repórter especial de meio ambiente do jornal Valor Econômico explica por que desmatamento hoje é diferente e o que precisa ser feito para recuperar cenário de ‘terra arrasada’. Nas palavras de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, ao assumir o cargo no início do ano, o governo herdou um cenário de “terra arrasada”. Quatro meses após começar a gestão, as dificuldades ainda persistem ainda que tenha havido alguns avanços na agenda ambiental, como a retomada do Fundo Amazônia e a ação emergencial na Terra Indígena Yanomami contra o garimpo ilegal.
“O nome do ministério é Meio Ambiente e Mudança Climática, o que indica já um outro momento. Uma das primeiras medidas do presidente Lula, no primeiro dia, já na posse, foi reerguer o Fundo Amazônia. O Fundo Amazônia é muito importante para segurar o desmatamento e fazer outros projetos. Outra medida foi o território Yanomami”, disse Daniela Chiaretti, repórter especial de meio ambiente do jornal Valor Econômico, ao lembrar o registro de casos de desnutrição severa e de malária entre indígenas resgatados.
“E isso foi interrompido. Existe uma ação forte para tentar tirar ali os invasores da terra indígena e também retirar o garimpo ilegal”, complementou ela em entrevista ao podcast O Assunto desta segunda-feira (17).
Mas os desafios, segundo explica Chiaretti, passam por pontos como a retomada da capacidade de fiscalização ao combate ao crime organizado em regiões de floresta.
PF e Ibama destroem máquinas de garimpo junto a área indígena no Pará.
Divulgação
Chiaretti também explicou que diferente de outros tempos, enfrentar e combater o desmatamento agora tem outras frentes a serem combatidas.
“Esse desmatamento hoje é muito diferente do que era no passado. Por que? Porque na Amazônia hoje existe uma ilegalidade que está associada ao crime organizado e isso é difícil de lidar. […] Então, as lideranças locais que atuavam no desmatamento, na grilagem de terras, na retirada de madeira ilegal, eles também se uniram a mecanismos de lavagem de dinheiro, de rotas de tráfico, de madeira, de drogas, de animais, de pessoas.”
Ela ainda descreve como o ministério liderado por Marina Silva vem tentando recuperar sua capacidade de fiscalização. Um exemplo é o Ibama, que “está com metade dos servidores públicos que tinha no passado” e precisa de treinamento para agir em campo.
Ouça a íntegra do episodio aqui.
Da fiscalização ao crime organizado: o que precisa ser feito sobre os desafios ambientais
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