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Pacientes acusam médicos por cirurgias plásticas mal feitas no RJ e na Bahia; um deles teria realizado procedimento sem anestesia

‘Eu gritava, gritava. Ele não deu mais anestesia, cortou na raça. Tirou a prótese’, relata paciente de 69 anos que passou por complicações após 60 dias de cirurgia. Veja mais relatos. Pacientes acusam médicos depois de cirurgias plásticas mal feitas
Quase 60 mulheres denunciam dois médicos por cirurgias plásticas mal feitas no Rio de Janeiro e na Bahia. Os médicos Gilberson Vanderlei e Rossini Tebaldi Ruback têm milhares de seguidores nas redes sociais e fazem sucesso por exibirem fotos de corpos esculturais e modelos que passaram por suas cirurgias.
Mas, na verdade, as pacientes sofreram complicações graves. Há relato até de procedimento realizado sem anestesia.
As denúncias começaram após a paciente Jaqueline expor o caso na internet. Isso chamou a atenção de outras vítimas, que acabaram se juntando e formando um grupo para denunciar o médico.
Só em Porto Seguro, na Bahia, são 18 mulheres que buscam a Justiça contra os procedimentos feitos pelo doutor carioca Gilberson.
Mas não foi fácil convencer as vítimas a seguirem em frente com a denúncia contra o médico, que tinha feito um contrato com uma cláusula de sigilo completo caso houvesse qualquer tipo de sequela -e a multa era de R$50 mil e mais 30% do valor da cirurgia.
Já o cirurgião Rossini Ruback é acusado de erros médicos por pelo menos 40 pacientes. O advogado Gustavo Azevedo representa 20 vítimas: “Todas, sem exceção, tiveram que retirar as próteses mamárias, reconstruir ou refazer as cirurgias.”
Uma paciente de 69 anos ganhou de presente dos filhos uma cirurgia. O valor: R$18 mil. A cirurgia não deu certo, e, depois de 60 dias, ela teve de retirar a prótese sem anestesia.
“Ele começava a apertar o peito. Eu gritava, gritava. Ele dizia: ‘Calma, vai passar’. Não deu mais anestesia, cortou na raça. Sem anestesia, tirou a prótese novamente. E aí eu fui gritando, gritando”, relata a vítima.
Algumas pacientes refizeram as cirurgias com outros médicos, mas nem todas as vítimas têm essa oportunidade.
O Fantástico entrou em contato com os dois médicos.
Rossini Ruback não atendeu as ligações. O advogado dele encaminhou uma nota em que diz serem totalmente falsas as acusações sobre as cirurgias sem anestesia. Informou que o doutor jamais foi condenado judicialmente por qualquer conduta médica e que os documentos confidenciais das cirurgias de cada paciente estão à disposição da Justiça e dos órgãos competentes. Na nota o advogado disse ainda que não considera erro médico o fato de os resultados não terem sido satisfatórios para as pacientes nem mesmo dos procedimentos terem gerado complicações.
O Conselho Federal de Medicina informou que Rossini Ruback tem registro regular, com especialização em cirurgia plástica.
No caso de Gilberson Wanderley, o registro também está regular, mas sem especialidades. O médico atendeu a uma chamada de vídeo, mas não quis dar entrevista sobre os casos mostrados na reportagem. O advogado dele encaminhou uma nota em que diz que o médico é vítima de uma campanha difamatória e negou os erros médicos.
A Polícia Civil da Bahia investiga oito denúncias envolvendo os dois médicos, em Itabuna e em Porto Seguro. Os inquéritos ainda não foram finalizados.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica disse que acompanha os casos denunciados e faz um alerta aos pacientes:
Verificar se o médico possui especialização em Cirurgia Plástica, consultando no nome do profissional no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica;
Entrar no site do Conselho Federal de Medicina e validar se o médico possui o RQE (Registro de Qualificação de Especialidade);
Pesquisar sobre o local onde será feita a cirurgia no site da Anvisa para averiguar se há a infraestrutura adequada para a realização da cirurgia;
Certificar-se de que haverá equipe médica, com anestesista, acompanhando o cirurgião plástico.
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