Ações para prender e deportar imigrantes ilegais nos Estados Unidos chegaram a maior cidade do país. Operações do governo de Donald Trump para prender e deportar imigrantes ilegais nos Estados Unidos chegaram a Nova York
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As operações do governo de Donald Trump para prender e deportar imigrantes ilegais nos Estados Unidos chegaram a Nova York, a maior cidade americana, onde vivem dezenas de milhares de brasileiros.
O sol ainda não tinha nascido quando agentes levaram um imigrante. Era o início das operações atrás de estrangeiros em situação irregular e com antecedentes criminais em Nova York. A maior cidade dos Estados Unidos também é uma das recordistas em números de imigrantes no país.
Em uma rede social, a nova secretária de Segurança Interna americana, Kristi Noem, disse que o homem preso era um “estrangeiro criminoso com acusações de sequestro, agressão e roubo; que ele está agora sob custódia – graças ao ICE” – a Polícia Federal de Imigração dos Estados Unidos. Noem se juntou às equipes e disse:
“Nós estamos tirando esses lixos das nossas ruas”.
Secretária de Segurança Interna americana diz que polícia prendeu “estrangeiro criminoso”
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A operação foi em um prédio no bairro do Bronx. Muitos imigrantes moram em uma rua que fica em uma região pobre da cidade. As autoridades informaram que as ações desta terça-feira (28) focaram em pessoas em situação ilegal, e que já eram alvo de mandado de prisão por terem cometido algum crime.
A equipe do Jornal Nacional entrou no prédio e bateu na porta do apartamento onde morava o homem preso mais cedo.
“Eu estou escutando que tem gente lá dentro. Mas ninguém quer atender”, relata o correspondente Guilherme Pereira.
Um morador diz que a rua está vazia porque todo mundo está com medo. A Trinidad, dominicana que mora há 51 anos em Nova York aprova as batidas. Diz que todos os imigrantes deveriam ter os documentos em dia, como ela. Pelo menos quatro pessoas foram detidas nesta terça-feira (28) de manhã.
Polícia americana prende estrangeiros em situação irregular em NY
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O governo Trump decidiu expandir operações como essa. Na segunda-feira (27), agentes federais prenderam 1,2 mil pessoas em várias partes do país. As equipes afirmam que estão indo atrás de imigrantes irregulares que cometem crimes. Mas uma autoridade do governo disse à rede de TV NBC, sob anonimato, que metade dos detidos na segunda (27) não tinha antecedentes criminais. Em uma semana, mais de 3,5 mil imigrantes foram presos nessas batidas.
Nesta terça-feira (28), a porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, na primeira coletiva de imprensa do novo governo, disse:
“Se você é um indivíduo de uma nação estrangeira que entra ilegalmente nos Estados Unidos da América, você é, por definição, um criminoso e, portanto, você está sujeito à deportação”.
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Nova York é uma cidade-santuário, o que significa que agentes municipais não cooperam com a Polícia Federal de Imigração, nem compartilham informações sobre imigrantes vivendo em situação irregular.
38% dos moradores de Nova York nasceram em outros países – mais de 3 milhões;
13% deles não têm documentos regularizados, seja porque entraram ilegalmente nos Estados Unidos ou porque ficaram além do tempo permitido pelo visto que tinham quando chegaram.
Segundo o consulado do Brasil, em torno de 600 mil brasileiros vivem legalmente nos estados de Nova York, Nova Jersey e Pensilvânia. O total de brasileiros pode ser bem maior, porque os que não têm documentos não estão registrados no consulado.
O bairro de Astoria, no distrito do Queens, concentra a maior parte dos imigrantes do Brasil em Nova York, com muitos estabelecimentos de brasileiros.
“Vim comprar uma linguiça, fazer uma feijoada. Sentindo que tipo de clima? Vazio. Estou até assustado, sempre vejo brasileiro e agora não estou vendo quase ninguém”, conta o economista Francisco Lima.
“A gente ouviu falar que estão sendo liberadas as autoridades a invadir igreja, hospital, escola. Então, realmente, eu estou sentindo uma tensão muito grande no meio da igreja, dos meus amigos, por causa dessa questão de documentação”, diz a secretária Cintia Rizon.
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