Um novo capítulo da investigação dos planos golpistas de 2022 e 2023 se inicia. Veio à tona o primeiro depoimento do do tenente-coronel Mauro Cid sobre o esquema envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao todo, são mais de dez depoimentos que estão mantidos como sigilo pelo ministro Alexandre de Moraes. Mauro Cid concordou em fazer colaboração premiada. Segundo o site O Globo, o depoimento teria seis páginas, com menções a mais de 20 pessoas.
Neste primeiro depoimento, Cid afirma que, após a vitória de Lula, três grupos gravitavam em torno de Jair Bolsonaro. Cada um com um foco diferente. Entenda o objetivo de cada grupo e quem são as pessoas ligadas a eles:
Grupo 1:
- O primeiro grupo queria que ele mandasse as pessoas para suas casas, tornando-se o grande líder da oposição. Nesse núcleo estavam o senador Flávio Bolsonaro, o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, e o brigadeiro Baptista Júnior, comandante da Força Aérea.
Grupo 2:
- O segundo grupo, ainda mais moderado, dizia que “nada poderia ser feito diante do resultado das eleições”. Uma virada de mesa “representaria um regime militar por mais 20, 30 anos”. Nele, segundo Cid, estavam os generais Freire Gomes (comandante do Exército), Paulo Sérgio Nogueira (ministro da Defesa) e Júlio César de Arruda.
Outros moderados queriam que Bolsonaro deixasse o país. Entre eles estava o empresário do agronegócio Paulo Junqueira, “que financiou a viagem do presidente para os EUA”.
Grupo 3:
- O terceiro grupo era formado pelos radicais e tinha dois braços. Um queria achar provas de fraude nas eleições. Nele estavam o major da reserva Angelo Denicoli e o senador Carlos Heinze, que chegou a propor que os militares sequestrassem uma urna eletrônica “para a realização de testes de integridade”.
Como funcionaria o golpe
De acordo com a reportagem do site O Globo, depois do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, o ex-presidente Bolsonaro teria recebido um jurista, cujo nome não foi divulgado, que lhe apresentou um documento com várias páginas propondo uma anulação das eleições, Neste teria uma lista com nomes de pessoas que e incluía uma lista de pessoas que seriam presas, incluindo os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco.
Bolsonaro recebeu várias versões do documento e, após revisá-las, removeu Gilmar e Pacheco da lista de prisões. Em seguida, convocou os comandantes militares ao Palácio do Alvorada para discutir o plano.
Mauro Cid, que apresentou o documento em uma reunião com os comandantes militares, relatou que o almirante Garnier era favorável a uma intervenção militar, mas condicionou sua participação à adesão do Exército. Já o general Baptista Júnior, da Força Aérea, se opôs categoricamente a qualquer tentativa de golpe de Estado.
O general Freire Gomes, por sua vez, adotou uma posição mais moderada, afirmando que não concordava com o plano, mas também não acreditava que um golpe de Estado fosse a solução. Ele alertou que tal ação resultaria em um regime autoritário por décadas.
A reunião ocorreu em 2 de novembro de 2022, e, segundo Mauro Cid, Bolsonaro não assinou o documento do golpe devido à falta de apoio dos comandantes militares. No entanto, ele continuou a trabalhar em duas hipóteses: encontrar uma fraude nas eleições ou convencer as Forças Armadas a aderir a um golpe de Estado.
Outras pessoas envolvidas nesse plano incluíam o ex-ministro Onyx Lorenzoni, o senador Jorge Seif, o ex-ministro Gilson Machado, o senador Magno Malta, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o general Mário Fernandes. Além disso, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também fazia parte desse grupo.
O ministro Alexandre de Moraes estava ciente desses planos desde agosto de 2023 e, desde então, Mauro Cid depôs mais de dez vezes, fornecendo detalhes adicionais sobre o caso.
*Com apurações e informações de Elio Gaspari do site O Globo
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