No Dia do Carteiro, celebrado neste sábado (25), g1 acompanha um dia de entregas o impacto da tecnologia na rotina e na segurança dos profissionais. Veja como avanço tecnológico e compras on-line mudaram a vida dos carteiros
Como uma profissão com ao menos três séculos de existência no Brasil sobrevive e se adapta aos avanços tecnológicos? Para ajudar a responder essa questão, o g1 aproveitou o Dia do Carteiro, celebrado neste sábado (25), e acompanhou a rotina de entregas de um profissional de Campinas (SP) a fim de entender as transformações vividas ao longo dos anos.
Por muito tempo, a imagem do carteiro era de alguém que caminhava pelas ruas com uma sacola cheia de cartas. Só que na era digital, parte das correspondência deu lugar às encomendas compradas em lojas virtuais. Com isso, esses profissionais, que passaram a trabalhar mais sob duas ou quatro rodas, agora vivem um cenário marcado por avanços tecnológicos.
✉E olha só: segundo os Correios, as cartas ainda são responsáveis pelo maior volume de entregas, mas o número inclui boletos (que, convenhamos, sempre chegam). No entanto, quando se leva em consideração o faturamento do serviço de transporte e distribuição, a arrecadação já é superior com a entrega de mercadorias.
📦 Além do crescimento do comércio eletrônico desde a pandemia, a tecnologia também trouxe novas estratégias para garantir eficiência e segurança, como o rastreamento online, afirma o superintendente dos Correios de São Paulo, Guilherme Alves Barbosa.
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Das cartas para as encomendas 📩➡📦
Com a popularização das compras online, especialmente durante a pandemia de Covid, a rotina de trabalho dos carteiros mudou
Bianca Garutti/ g1
Neste sábado (25), em que também são celebrados os 362 anos dos Correio, a equipe de reportagem acompanhou as entregas do carteiro Paulo Roberto da Silva. Apesar dos avanços tecnológicos, o contato humano ainda é um diferencial na profissão, segundo o profissional. (Assista ao vídeo acima).
Com a popularização das compras online, especialmente durante a pandemia da Covid-19, a rotina de trabalho dos carteiros mudou consideravelmente. Dados divulgados em 2023 pelo Governo Federal mostram que o e-commerce movimentou R$ 450 bilhões em três anos no país. Um cenário observado pelos trabalhadores que fazem o contato final entre empresas e consumidores.
O carteiro Paulo Roberto da Silva, por exemplo, notou mudanças no porta-malas da viatura amarela que o leva pelas ruas da metrópole todos os dias. As encomendas encaixotadas hoje disputam espaço com as correspondências tradicionais e as populares “sacolas de cartas”, pouco a pouco, são trocadas por veículos preparados para acomodar os mais diversos tipos de produtos.
Como funciona o trabalho de entrega 🔍
Paulo é carteiro motorizado e realiza entregas em Campinas (SP)
Bianca Garutti/ g1
Paulo explica que cada carteiro é responsável por um distrito, isto é, uma área específica da cidade onde apenas ele realiza as entregas. Para organizar o trabalho e zelar por uma distribuição mais eficiente, cada profissional traça uma rota baseada nos endereços finais dos pacotes, sincronizando a ordem das paradas com a disposição das encomendas no porta-malas do veículo.
🚛 Isso significa que as encomendas não são jogadas no porta-malas de qualquer jeito. Elas são organizadas de modo a facilitar a entrega em cada endereço.
Além de ajudar na logística, a tecnologia também proporciona mais segurança neste processo. De acordo com o superintendente dos Correios, hoje a entrega recebe cuidados importantes que contribuem para a proteção das pacotes e dos profissionais.
Ele explica que os avanços foram essenciais para diminuir em cerca de 56% os casos de delito a carteiros em atividade entre 2023 e 2024.
“A essência da atividade acaba sendo a entrega porta a porta. Só que hoje, por meio da transformação digital, o carteiro sai com o aparelho smartphone, por exemplo, onde é possível fazer o rastreamento de forma online, dar baixa nas encomendas, coletar informações adicionais de entrega, registrar a foto da encomenda no momento da entrega”, comenta Guilherme.
Mais que clientes, amigos 🤝
Mesmo antes de estarem motorizados, o contato direto dos carteiros com os cliente já existia. Para Paulo, com as novas mudanças a proximidade só se intensificou, motivada, principalmente, pelo maior volume de encomendas após a popularização do e-commerce.
“No meu distrito, praticamente, eu sei o nome de todo mundo, é até interessante. Você acaba tendo esse contato, é inevitável. Você tá ali no dia a dia, quando você chega a pessoa vem receber, você até já chama ela pelo nome. O contato da gente com o cliente é muito próximo”, diz Paulo.
Maiane Bonfim Nascimento é porteira há dois anos em um dos pontos de entrega que Paulo passa todos os dias. Ela conta que já tem a visita do carteiro como parte da rotina e que costuma estranhar quando não o vê. “Ele já sabe meu nome, ai no dia que eu não venho ele já sente diferença. Então assim a nossa relação é ótima. Já virou um amigo, um amigão mesmo!”, brinca.
Maiane Bonfim Nascimento é porteira há dois anos em um dos pontos de entrega que Paulo passa todos os dias
Estevão Mamedio/g1
Encomendas com valor sentimental 💗
Mesmo com os desafios, para Paulo, ser carteiro continua sendo uma experiência recompensadora. Ele explica que as cartas ou encomendas não são apenas envelopes ou caixas de papelão, mas, sim, itens que, muitas vezes, podem fazer a diferença na vida de quem recebe.
“Tem um valor sentimental pra ela, entendeu? Às vezes, em muitos casos, o que a gente tá entregando é algo que a pessoa vai presentear a outra pessoa. […] Às vezes, em uma oficina mecânica é uma peça de um carro que está parado aí, que tem gente precisando, entendeu?”, diz o carteiro.
*Estagiário sob supervisão de Yasmin Castro.
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